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Mãe conta como programa Abrindo Caminhos tem promovido a inclusão do filho com deficiência

Dona de casa, casada, mãe de três filhos, com o marido desempregado. Essa é a realidade da Vanessa Alves da Silva, de 31 anos, uma das 30 mil habitantes da cidade de Rorainópolis, no Sul do Estado. A história dela pode se confundir com a de muitas outras mães de famílias, mas a diferença surgiu junto com o nascimento do filho dela, Domine Alexandre Alves. O filho veio ao mundo em 2014, junto com a irmã Maria Laura Alves, ambos com cinco anos de idade.

Muito alegre, esforçado e carinhoso, Domine nasceu com hidrocefalia, pés tortos devido a uma má formação congênita, bexiga neurogênica, que o obriga usar sonda 24 horas, e uma má formação na coluna que o impede de andar, mas não de viver.

Para Vanessa que descobriu as deficiências logo após o nascimento dos gêmeos, e que já havia perdido a primeira filha, vítima de câncer, o Domine trouxe um novo sentido à vida: de aprender com o inesperado.

Ele é o único aluno com deficiência física inscrito no programa Abrindo Caminhos do núcleo da Assembleia Legislativa em Rorainópolis e o mais novo aluno de jiu-jítsu. Atualmente o programa atende 380 crianças de 5 a 17 anos inscritos em várias modalidades.

Vanessa conheceu as atividades do programa no ano passado por meio de um amigo, mas como os filhos ainda tinham quatro anos, esperou até completarem a idade mínima, e na primeira semana de junho, aproveitou e matriculou os três. O Domine preferiu a arte marcial, a irmã gêmea Maria e a mais velha, Sabrina Alves, de oito anos, o balé.

“Seria impossível para a gente oferecer essas atividades se tivéssemos que pagar por isso. Graças ao programa Abrindo Caminhos hoje meus filhos ocupam o tempo de forma sadia com profissionais dedicados e amorosos”, resume Vanessa.

Conforme ela, antes o Domine apenas estudava, as amizades eram mais restritas e hoje ele mudou completamente. Fica contando os dias para voltar ao tatame e interagir com os colegas, mesmo quando está doentinho. “Ele não aceita faltar aula”.

Esporte como forma de inclusão

Os treinos, com duração de uma hora, todas às terças e quintas-feiras, revelam outra criança, como explica a assistente social do programa, Carla Serra. “Na primeira aula ele foi mais tímido, mas respondia a todos os coleguinhas que perguntavam o porquê de ele não andar. O ajudo na maior parte do tempo, mas ele é muito independente”.

“Independência resume o Domine. Ele faz tudo que os outros fazem, claro que dentro das limitações. E quando a aula acaba, faz questão de ficar no tatame até a próxima começar”, conta o monitor Leandro Rodrigues, que também precisou se reinventar. Essa foi a primeira experiência dele com um aluno com deficiência física. “Ele tem sido nossa inspiração de superação e força de vontade”.

Hoje o programa no sul do estado, além do Domine com deficiência física, tem outros seis alunos com necessidades especiais inscritos, quatro com déficit de atenção e dois com deficiência mental.

Segundo a coordenadora do núcleo, Mileide Barreto, para receber o Domine, o núcleo que tem como um dos objetivos a inclusão, adaptou objetos como cone e corda, para as atividades. “O Domine é fantástico. Ele é a um exemplo não só para todos os coleguinhas, mas também para nós colaboradores. Ele sempre está sorrindo, de bem com a vida e quer sempre aprender mais. Mesmo conhecendo a história dele, me emociono sempre quando escuto algo a mais”.

Esse algo a mais também faz parte da rotina do garoto dentro de casa, conclui a mãe. “Dia desses ele falou que queria lavar o prato e a louça que sujava. Pensei em como faríamos isso e decidi apoiá-lo na minha perna em frente a pia. Hoje ele quer lavar todo o resto, assim como encher as garrafas e outras tarefas que estejam dentro do alcance”.

Texto: Daniela Meller

Foto: Divulgação

SupCom ALE-RR

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