O projeto Quebrando o silêncio tem como finalidade discutir as diversas formas de violência.
O Chame (Centro Humanitário de Apoio à Mulher), da Assembleia Legislativa do Estado (ALERR), participou no sábado, 26, na Praça Germano Augusto Sampaio, do encerramento do projeto ‘Quebrando o Silêncio’, coordenado pela igreja Adventista do Sétimo Dia. A mostra fotográfica, que leva o mesmo nome dessa ação, estará sendo exposta nesta semana no Hall da Assembleia Legislativa.
O projeto Quebrando o silêncio tem como finalidade discutir as diversas formas de violência, principalmente a praticada contra a mulher, e orientar a sociedade a identificar os sinais da violência e os procedimentos a serem adotados para combater esse mal, que já destruiu inúmeras famílias e continua destruindo vidas.
A adjunta da Procuradoria Especial da Mulher, Sara Patrícia Farias, ressaltou que esse projeto, que pela primeira vez faz parceria com a Procuradoria, corrobora com todas as ações desenvolvidas pelo Chame. “Principalmente com o projeto Olhos de Maria que realiza roda de conversa com as mulheres evangélicas, uma vez que 40% das mulheres atendidas pelo Chame são evangélicas. Então as autoridades que estão neste encerramento vão debater e levantar soluções para erradicação da violência, especificamente do estupro contra mulheres e meninas do nosso Estado”, disse.
Ele enfatizou que a parceria da igreja é importante porque será através dos líderes religiosos que essa informação preciosa sobre a violência doméstica poderá chegar até as mulheres, para que possam se prevenir e enfrentar com sabedoria esse mal do século. “Por excelência sabemos que a educação é transformadora, então a informação levada às escolas por meio do projeto Papo Reto e do Núcleo de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Mulheres tem surtido resultados positivos”, comentou Sara Patrícia, ao anunciar que a mostra fotográfica ‘Quebrando o Silêncio’ será exposta nesta semana no Hall da Assembleia Legislativa.
A coordenadora do Quebrando o Silêncio, Euciane Saraiva, disse que o objetivo do projeto, que está na 14ª edição, é trabalhar tanto a prevenção quanto a conscientização, e que a cartilha feita para as crianças, por ter uma linguagem lúdica, ajuda a atingir esse intento. Durante esses 14 anos, mais de 25 mil crianças e adolescentes foram orientados sobre o abuso sexual.
“Três delas, após conhecerem o projeto, denunciaram os agressores, o que nos deixa muito feliz. É preciso falar mais, quebrar alguns tabus que envolvem toda essa questão da violência contra a mulher, criança e adolescentes. Abordamos o tema de forma lúdica e dinâmica para que as crianças possam entender o papel delas na sociedade, que não precisam ser vítimas, mas pessoas de sucesso. A parceria com o Chame está sendo muito boa porque se uniu ao Quebrando o Silêncio um órgão com tanto poder de propagar, orientar e conscientizar. Queremos perpetuar essa parceria para que outras pessoas, talvez vivendo cativas, possam se libertar”, disse Euciane.
Francilda Pereira da Silva, membro da igreja Adventista do 7º Dia, conhece o projeto desde o início e afirmou que considera interessante, principalmente dentro das igrejas, onde a mulher costuma ter vergonha de falar que sofre algum tipo de violência por parte do companheiro. “A violência não é só um tapa, um empurrão, mas palavras que machucam e magoam. A mulher, em geral, ao ver uma amiga em um bom relacionamento, fica com vergonha de falar que seu relacionamento não está bem e prefere esconder as agressões. Mas não pode ser assim, tem que falar, botar para fora, pedir socorro e quebrar o silêncio”, disse.
Para Francilda, a cartilha em linguagem lúdica, feita para crianças, também contribui para a família educar os filhos. “Muitas crianças sofrem abuso dentro de casa e ficam acuadas só em lembrar que o agressor é amigo ou parente da família, tendo medo de contar aos pais. As mães evangélicas têm que conversar e ensinar aos filhos a não esconderem esses casos. E se notarem algum comportamento diferente na criança, tem que conversar com carinho para saber o que está acontecendo”, complementou .
A filha de Fracilda, Vivian Nair Pereira da Silva, de 7 anos, leu e assimilou bem o recado dado pela cartilha. “Achei interessante, porque a menina saiu do silêncio e falou para a professora que o pai só vivia gritando com ela. A professora conversou com a mãe e família voltou a ser feliz. O filho não pode esconder da mãe as coisas, tem que falar tudo para voltar a ser feliz”, contou.
A juíza Maria Aparecida Cury avalia o projeto, como todos os outros que tratam da temática violência, extremamente importante. “Tudo que é para quebrar o silêncio da violência, sejam projetos coordenados por igrejas, entidades e Poder público, são importantes porque a violência está muito grande, haja vista que as pessoas não conversam mais. Então precisa ser combatida em todos os sentidos e de todas as maneiras”, afirmou.
Ela defende a parceria público-privada, como forma de alcançar um maior número de pessoas. “As parcerias são sempre muito boas porque ninguém é ilha e o Judiciário não pode trabalhar sozinho. A lei não se efetiva simplesmente pelo fato dela existir. A gente precisa de parceria com toda a sociedade, porque qualquer tipo de violência não é um problema da mulher, da criança ou do idoso, mas da sociedade, de direitos humanos”, enfatizou.
Por Marilena Freitas
SupCom/ALE-RR