Os inúmeros problemas enfrentados pelos imigrantes venezuelanos que escolheram o Estado de Roraima para fugir da crise que assola a Venezuela têm desestruturado famílias que vieram em busca de uma nova vida. Um recente caso de violência doméstica praticado por um venezuelano dentro de um dos abrigos da Capital está contando com a mão amiga do Núcleo Reflexivo Reconstruir, da Procuradoria Especial da Mulher, da Assembleia Legislativa de Roraima. O agressor já passou por dois atendimentos individuais e vai continuar o tratamento dentro do Grupo Reflexivo Reconstruir, que reinicia as atividades nesta quarta-feira, 09, a partir das 9h.
O reinício da terapia em grupo, conforme a coordenadora do Núcleo Reflexivo Reconstruir, Jéssica Veras, vai contar inicialmente com a presença de oito homens. Deste total, seis deles participaram do primeiro ciclo deste ano e resolveram dar continuidade ao tratamento.
O projeto piloto do Núcleo Reflexivo Reconstruir, que começou no ano passado e encerrou no mês de abril deste ano, atendeu em média 50 homens. “O último ciclo encerrou com seis homens que conseguiram passar dois meses no Reconstruir. Até agora temos oito participantes, mas esse número pode aumentar, pois temos 24 encaminhamentos e já estamos entrando em contato. No caso do venezuelano, como ele praticou violência dentro do abrigo, ele é obrigado a participar dos encontros para não sair do abrigo”, contou Jéssica.
Ela explicou que esses encaminhamentos advêm de instituições que lidam diariamente com a problemática da violência doméstica. São enviados por órgãos como o Chame (Centro Humanitário de Apoio à Mulher), TJRR (Tribunal de Justiça de Roraima) por meio da Vepema (Vara de Execução Penal), DPE (Defensoria Pública do Estado de Roraima) e da Secretaria de Estado da Educação e Cultura (SEED).
Dos 24 encaminhamentos recebidos, nem todos comparecem. Para mudar essa realidade, Jéssica contou a que equipe do Núcleo está com uma nova estratégia. “Alguns desses homens deram até número errado, mas faremos uma busca ativa, indo à instituição que encaminhou essa ficha para verificarmos os dados da pessoa e, posteriormente, uma visita domiciliar, para sabermos qual o motivo do não comparecimento às reuniões, além de sabermos como anda a relação familiar com esse homem que cometeu a violência”, explicou Jéssica, afirmando que a utilização desse procedimento não é como forma de repressão, mas porque a finalidade é o bem estar da família.
Reconstruir – O Núcleo Reflexivo Reconstruir é um projeto da Procuradoria Especial da Mulher que tem como procuradora a deputada Lenir Rodrigues (PPS). O objetivo do Núcleo é ajudar as famílias que estão em situação de conflito familiar, fazendo um tratamento diferenciado com o homem, autor da violência doméstica.
Por Marilena Freitas
SupCom/ALE-RR