Foto: SupCom ALERR
A carência de médicos no município do Cantá, a 38 quilômetros de Boa Vista, levou a população desta localidade a chegar cedo ao evento ‘Assembleia ao Seu Alcance, na tarde desta quarta-feira, 30. A chuvinha foi uma aliada para amenizar o calor, enquanto dezenas de pessoas aguardavam para ser atendidas pelos especialistas em clínica geral, pediatria, dermatologia, oftalmologia, cardiologia e odontologia. No total 11 profissionais atenderam a demanda do município.
Com exceção do clínico geral, as demais especialidades são consideradas raras na região, e os moradores precisam se deslocar até a Capital para conseguir uma consulta. Às vezes demora anos para a consulta ser marcada, e o paciente não obtêm êxito. Esse é o caso da dona de casa Franciane da Silva Roque, 30 anos, casada e mães de três filhas. Uma delas, uma bebê com um pouco mais de um mês, que nunca teve uma consulta com um pediatra. A mãe relata ainda que a falta de remédio na unidade de saúde local é constante.
“Faltam remédios básicos, como o sulfato ferroso, que foi recomendado durante a gravidez. Essa ação vai superar a nossa necessidade em 50%. Desde o ano passado tento uma consulta com a dermatologista por conta de uma mancha que apareceu quando ainda estava grávida. O médico me deu o encaminhamento para Boa Vista, mas até hoje a consulta não foi marcada. Então vou aproveitar o Assembleia ao Seu Alcance para levar minha filha com a pediatra e vou me consultar com a dermatologista”, disse Franciane.
Gisele Cordeiro Ribeiro, 24 anos, está com seis semanas de grávida, mas ainda não iniciou o pré-natal por falta do Cartão de Pré-natal, onde anota-se todos procedimentos realizados durante a gravidez. “Falta o cartão de pré-natal, mas também falta o médico. Quando tem o médico, nem sempre se é atendida, ainda que se durma em frente ao posto de saúde, porque dão pouca ficha”, contou.
Quem também foi em busca de uma consulta foi a dona de casa Antonieta Gomes, 64 anos, que foi atendida pela clínica geral. “A minha consulta com a médica foi ótima. A doutora atende muito bem e estou satisfeita com o resultado”, disse sorridente.
O aposentado José Holanda Arruda, 77 anos, já faz uso dos óculos há muito tempo, e há dois anos não renova a consulta para adquirir as novas lentes. “Está com mais dois anos que fiz uma cirurgia, e agora estou enxergando ruim, meus olhos ficam lacrimejando. Quando soube da ação, tratei de vir me consultar. Esse exame para mim é muito importante porque é a minha vista, minha saúde”, disse.
A oftalmologista Tariana Bandeira de Melo Wanderley, 33 anos, disse que independente de ter ou não problema na visão o ideal é pessoas, desde bebê, visitarem anualmente o oftalmologista para um exame de rotina. Pois muitas vezes as pessoas têm alguma deficiência ótica e não sabem. “Por isso é importante uma ação como essa, porque a fila de espera para o atendimento oftalmológico é muita extensa. Uma ação dessa consegue agilizar o atendimento, fazer a triagem e identificar a necessidade do paciente. Quando a gente consegue suprir neste atendimento a necessidade do paciente, com uma simples receita para uso de óculos, estamos diminuindo a demanda para o hospital secundário que atende problemas mais específicos”, disse.
Marilena Freitas
SupCom ALERR