Divulgar imagens íntimas de mulheres sem consentimento pode se tornar crime

No primeiro semestre, Chame atendeu 12 vítimas de violência cibernética

 

Foto: SupCom ALE-RR

 

A exposição na internet de fotos e vídeos íntimos sem autorização poderá ser tipificada como crime, caso seja aprovado o projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados, de autoria da deputada Erika Kokay (PT-DF), que criminaliza divulgação de material que exponha intimidade da mulher. Apesar do constrangimento para a vítima, o Chame (Centro Humanitário de Apoio à Mulher) alerta que estes casos devem ser denunciados. Somente no primeiro semestre, o centro atendeu 12 casos de violência cibernética.

A advogada do Chame, Aline Monteiro, avalia o projeto como mais uma ferramenta para punir agressores que agem contra a honra de mulheres. Uma novidade é que o texto altera a Lei Maria da Penha, para tipificar o comportamento como violência psicológica. “É o início do ciclo de violência, quando o agressor chantageia a vítima, ameaçando jogar as imagens íntimas dela na internet caso ela insista em romper o relacionamento”, ressaltou Aline.

Por medo da impunidade ou de que as imagens íntimas sejam propagadas no mundo virtual, muitas mulheres se calam. Mas a advogada recomenda que a vítima reaja, buscando ajuda junto ao Poder Público, denunciando o agressor. “Aqui no Chame fazemos esse trabalho e já atendemos 12 casos envolvendo veiculação de imagens na internet” disse a advogada. A Lei Maria da Penha não tipifica esse crime, mas no centro ele é tratado como uma agressão psicológica, que é uma forma de violência doméstica.

O Brasil possui em vigor atualmente a Lei Carolina Dieckmann, como ficou conhecida a lei 12.737/2012, sancionada para tipificar crimes cibernéticos. Mas diferentemente do previsto nesta lei, o projeto da deputada Erika Kokay é para que a simples divulgação sem consentimento seja crime, sem que, necessariamente, o agressor tenha “hackeado” algum dispositivo para isso.

 

Danos emocionais após o vazamento de fotos podem ser irreparáveis

Ter uma foto íntima divulgada propositalmente pode desencadear distúrbios emocionais, podendo levar inclusive ao suicídio. O que mais afeta as mulheres é não poder mensurar até onde vão essas imagens, e a possibilidade delas serem vistas pelos familiares e amigos mais próximos.

“Se a mulher se sente muito pressionada, pode desenvolver a um transtorno mental de estresse pós-traumático e de personalidade. Isso pode desencadear situações mais complexas dentro do ramo da psiquiatria”, detalhou a psicóloga do Chame, Adriana dos Prazeres.

Um dos constrangimentos comuns vivenciados pela vítima é a responsabilização dela pelo crime, por ter se permitido fotografar ou filmar. “É um comentário infeliz culpar a vítima diante daquela situação de fragilidade”, afirmou Adriana.

Culpar a vítima ao invés de responsabilizar o agressor, contribuir para agravar o estado psicológico da mulher. “A pressão é tanta que a vítima não consegue racionalizar que existem meios pelos quais pode buscar ajuda, como o Chame. Enquanto ela abrir a guarda, o agressor continuará manipulando-a. Por isso é importante denunciar”, enfatizou.

CHAME – O Chame é um órgão vinculado à Assembleia Legislativa de Roraima por meio da Procuradoria Especial da Mulher. A unidade funciona na rua Coronel Pinto, 524, Centro. Mais informações podem ser obtidas pelo 0800-095-0047. Por telefone, as vítimas podem solicitar atendimento do ZapChame (98402-0502) que funciona 24 horas, todos os dias e atende pessoas tanto da Capital quanto do Interior.

MARILENA FREITAS

SupCom ALE-RR

INSCRIÇÕES ABERTAS – Curso de Libras ainda conta com 40 vagas disponíveis

Escola do Legislativo realiza o curso pela primeira vez, com a oferta de 100 vagas; aulas começam na próxima terça-feira

 

Foto: SupCom ALE-RR

Em um mundo cada vez mais globalizado, aperfeiçoar conhecimentos e investir em novos aprendizados são diferenciais decisivos na hora de conquistar uma vaga no mercado de trabalho. A Escola do Legislativo investe em novas oportunidades e está ofertando pela primeira vez um curso de Língua Brasileira de Sinais (Libras) para comunidade em geral.

Das 100 vagas ofertadas, 60 já foram preenchidas, segundo informou a coordenadora da Escola do Legislativo, Cristina Mello. O curso iniciará na próxima terça-feira (25), e terá a carga horária de 20 horas, sendo as aulas no período noturno das 18h às 20h, nas terças e quintas-feiras.

“Todo o material do curso será gratuito e a professora Alessandra Cruz vai trabalhar com uma dinâmica diferenciada, usando slides para melhor compreensão dos alunos. Esse é um curso que vai atender uma demanda, principalmente da área de educação, já que Libras vem sendo trabalhado em todas as escolas por conta da inclusão”, disse.

Os interessados no curso devem se inscrever na Escola do Legislativo – Unidade Silvio Botelho, localizada na avenida Sólon Rodrigues Pessoa, 1.313, das 7h30 às 22h. No ato da matrícula deve apresentar o comprovante de residência, cópias da carteira de identidade e do CPF (Cadastro de Pessoa Física). Outra exigência é ter idade mínima de 16 anos.

O estudante Cristian dos Santos, de 17 anos, morador do bairro Caranã, não se matriculou apenas com foco no enriquecimento do currículo com foco no mercado de trabalho. Assim como a população muda e surda, que muitas vezes se sente à margem da sociedade, ele também se vê excluído quando está na companhia de pessoas com deficiência.

“Meu primo é mudo e vejo ele conversando com minhas tias e fico sem entender. Quero aprender para a minha inclusão entre eles. Sei também que o curso, além de outros cursos que pretendo fazer, vai melhorar meu currículo e me ajudar a enfrentar o mercado de trabalho”.

A servidora pública Elisabete Fernandes, moradora do bairro Aparecida, contou que a filha dela, Elisa Fernandes, de 21 anos, escolheu o curso porque já iniciou os estudos sozinha e chegou a iniciar um projeto na escola para ensinar Libras aos amigos.

“Elas querem muito montar um projeto para ensinar aos amigos Libras, para que se comuniquem melhor com essas pessoas que têm essa dificuldade”, contou a mãe, que também faz cursos na Escola do Legislativo.

MARILENA FREITAS

SupCom ALE-RR

TRÁFICO HUMANO – Palestras ajudam profissionais a identificar aliciamento em escolas

Educadores têm papel importante na prevenção de crimes contra crianças e adolescentes

 

Foto: Alfredo Maia/SupCom ALE-RR

Professores, equipe gestora e de apoio pedagógico da escola Estadual Lobo D’Almada, no Centro de Boa Vista, são o alvo mais recente das ações do projeto “Educar é Prevenir”, do Núcleo de Promoção, Prevenção e Atendimento às Vítimas de Tráfico de Pessoas, da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR). A intenção é que o tráfico de pessoas seja discutido durante toda a semana na escola, para que tanto os alunos quanto os trabalhadores trabalhem na prevenção.

Nesta quarta e na quinta-feira (19 e 20), os professores discutirão o tema em sala de aula. A ação é realizada na escola desde o início da semana, quando a instituição recebeu na o material de trabalho, como banners, folders, vídeos e outros recursos. Já na terça-feira (18), os servidores foram capacitados sobre o tema. Na sexta-feira, a partir das 16h, haverá uma roda de conversa com a participação de membros da rede de proteção.

A professora Antônia Gomes Nascimento participou do treinamento e contou que a partir de agora estará mais atenta às conversas dos estudantes. “Como eu trabalho em sala de leitura, um local bem visitado, eles estão sempre ali conversando, dá para observar, ficar mais alerta”.

Para ela, o que mais chamou a atenção foi o tipo de abordagem às pessoas vulneráveis ao tráfico de pessoas. “Existem pessoas que vão à escola para aliciar alunos e estão camuflados entre os demais, observar quem pode ser um ponto vulnerável”, finalizou a professora.

Na capacitação, o coordenador do projeto “Educar é Prevenir”, Felipe Ramos, apresentou os tipos de tráfico de pessoas e as consequências deste tipo de crime na sociedade. “Além das modalidades, falamos sobre a Lei nº 13.344/16 que versa sobre prevenção e repressão ao tráfico interno e internacional de pessoas e as medidas de atenção às vítimas, além do papel do educador frente a uma vítima de tráfico de pessoas”, acrescentou Ramos.

Informações como estas, segundo a gestora escolar Elionete da Costa, são essenciais para proteger alunos e servidores de possíveis criminosos. Ela afirmou que uma das medidas de segurança da instituição é liberar o estudante somente mediante autorização dos pais. “É um tema importantíssimo e que realmente tem que ser bem divulgado tanto para o jovem, quanto para a família e para comunidade escolar”.

YASMIN GUEDES

SupCom ALERR