Nesta quarta-feira (3), é celebrado o Dia do Taquígrafo. A atividade é fruto da necessidade de se registrar rapidamente as manifestações orais, políticas e judiciais desde a Antiguidade Clássica. Na Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), o setor de taquigrafia nasceu com a instituição e teve papel fundamental na produção da Constituição Estadual, promulgada em dezembro de 1991.
À época, os parlamentares se deslocaram aos municípios, realizando sessões e reuniões para ouvir as propostas da população, por oito meses. Os taquígrafos estavam presentes nesses eventos itinerantes, registrando os discursos dos deputados e da comunidade.
Atualmente, há oito taquígrafas na Casa, que são responsáveis pelo registro das sessões plenárias e solenes, audiências públicas e até das comissões parlamentares de inquérito (CPI), sendo que seis ainda são do período constituinte: Ana Rita Alves Barreto, Jucilene Aparecida Gomes dos Santos, Lucineide Coutinho de Queiroz, Mara Cristina Coelho, Maria Eliane Leite e Salete Soares. Já Cíntia Xavier e Helen Rita Andrade Peixoto ingressaram na carreira na segunda metade da década, em 1996 e 1998, respectivamente.
O presidente da ALE-RR, Soldado Sampaio (Republicanos), reconheceu os préstimos do setor que atua nos bastidores relatando a história do Parlamento e contribui para dar transparência aos atos do Poder.
“Em nome de Maria Cristina Coelho, uma das servidoras mais experientes, com mais de 30 anos de Casa, quero homenagear todas as taquígrafas do Poder Legislativo, do Estado e do Brasil. Esse profissional que tem uma capacidade impressionante, de resumir com velocidade e em poucas palavras todas as informações. Às vezes, no Parlamento, num debate acalorado, um deputado ou um cidadão tem pressa de deixar a sua mensagem. Depois, ela é transformada numa ata, num documento por esses profissionais que acompanham e registram tudo sem perder um detalhe das falas”, destacou Sampaio.
Evolução
No início, não havia computadores para agilizar o trabalho. O setor recebia uma fita cassete, assim copiava os discursos ou usava uma máquina de escrever elétrica para elaborar a ata na íntegra e a resumida.
“Nosso programa de áudio era o gravador. Tinha a taquigrafia no Plenário, depois vinham o gravador e a etapa de digitação. Às vezes, também quando só tínhamos um ou dois computadores, escrevíamos à mão, digitávamos para, em seguida, ir para a revisão”, recordou a gerente da Taquigrafia, Cíntia Xavier.
Ao longo do tempo, a tecnologia – computadores e programas – facilitou as transcrições, mas não foi capaz de substituir a argúcia da percepção humana, que confere contexto e textura à oralidade.
“Hoje, temos recursos que nos ajudam na função. Até tentaram em alguma das assembleias do País tirar a taquigrafia e tiveram que retomar, porque a tecnologia não consegue suprir a expertise de analisar, de fazer a conferência do trabalho. Os oradores, às vezes, podem não ter uma dicção perfeita. Então, o som sai de uma forma que, dependendo de quem esteja digitando, pode colocar uma palavra inadequada”, pontuou.
Com mais de 27 anos no Poder Legislativo, ela se diz orgulhosa da profissão que escolheu e que lhe permitiu ser uma testemunha ocular da história. “A taquigrafia é um dia para ser comemorado, é especial, conta a nossa vida, a nossa história e nosso legado. Nós ficamos por dentro de vários assuntos que são debatidos, já fomos a todo Estado acompanhando as ações da Assembleia. A Assembleia Legislativa também é taquigrafia, pois nós fazemos parte desta Casa”, concluiu.
Origem
Utilizando a taquigrafia – palavra do grego tachys = rápido e grafia= escrita –, um método de escrita de símbolos que privilegia os fonemas, ou seja, os sons de cada palavra, o taquígrafo é capaz de escrever na mesma velocidade da fala. Como cada idioma tem fonemas próprios, cada país precisou desenvolver um tipo diferente de taquigrafia.
No Brasil, a profissão foi introduzida oficialmente por José Bonifácio de Andrada e Silva – Patrono da Independência –, no Parlamento brasileiro, em virtude da primeira Assembleia Constituinte, em 3 de maio de 1823. Não à toa, a classe escolheu a data como o seu dia nacional.
Texto: Suellen Gurgel
Fotos: Jader Souza
SupCom ALE-RR