Na manhã desta quinta-feira (25), a Assembleia Legislativa do Estado (ALE-RR) promoveu uma sessão especial em homenagem aos 50 anos de criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A solenidade ocorreu no Plenário Noêmia Bastos Amazonas e contou com a presença de autoridades, parlamentares e dirigentes da empresa pública, que foi agraciada com a comenda Orgulho de Roraima.
“Esta Casa enxerga os problemas na agricultura, na saúde, na educação, mas hoje o foco são esses 50 anos, pois não sabemos o que seria de Roraima sem a agricultura, sem a pecuária e sem a Embrapa. Então, conversando com os deputados, a pedido do parlamentar Gabriel Picanço, tivemos o prazer de aprovar essa comenda”, afirmou o vice-presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Cabral (Cidadania), durante a abertura do evento.
A sessão foi conduzida por Gabriel Picanço (Republicanos), autor do requerimento da comenda. Para ele, o reconhecimento marca os avanços que a instituição legou ao setor agropecuário do Estado.
“Essa sessão alusiva à Embrapa é para que muitas famílias conheçam o seu papel no nosso Estado. Eu cheguei aqui nos anos 1980 e acompanhei muito aquela agricultura feita no braço, na mão e era muita dificuldade na época. Hoje, por meio dos pesquisadores e da ciência produzida pela Embrapa, Roraima pôde avançar muito. Estou muito feliz fazendo esse agradecimento”, reconheceu Picanço.
Os deputados Angela Aguida Portella (PP) e Marcos Jorge (Republicanos) também se pronunciaram sobre a importância da instituição, parabenizando-a pelos 50 anos de atuação em prol dos pequenos e grandes produtores rurais e a transferência de tecnologia no Brasil e no exterior.
Evolução
Durante a homenagem, o chefe-geral da Embrapa e engenheiro agrônomo, Edvan Chagas, apresentou a palestra “Embrapa 50 anos: Seu futuro inspira nossa ciência”. A preleção deu um panorama (tecnológico e social) e os próximos desafios (autossuficiência em trigo) da instituição que contribuiu para que o Brasil saísse da condição de importador, nos anos de 1970, para se tornar exportador mundial de alimentos.
“Hoje, o país é considerado um celeiro mundial, nós produzimos em quantidade e qualidade e alimentamos mais de 800 milhões de pessoas e exportamos para mais de 200 países. E isso só foi possível porque autoridades legislativas e executivas olharam para o futuro e criaram a Embrapa, e com isso fizemos um trabalho para transformar a nossa agricultura, a pecuária e a nossas florestas”, contou.
A partir de um robusto Sistema de Pesquisa e Inovação, que conta com 43 centros de pesquisa (11 temáticos, 15 de produto e 17 ecorregionais), 34 portfólios de projetos, 93 programas de melhoramento genético e cooperação científica internacional desenvolvido ao longo de cinco décadas, Chaves salientou a redução no custo da produção, o que significou queda em 40% da cesta básica.
Outro ponto de destaque foi a evolução do trabalho na unidade roraimense da Embrapa, que completa 42 anos de atuação contínua, com pesquisas e tecnologias específicas para tropicalizar a agricultura e viabilizar a produção em solos ácidos e pobres, características marcantes da região do lavrado, visto que, há três décadas, a região limitava-se à produção de farinha de mandioca e carne bovina.
“Estamos em Roraima há quatro décadas. Nós tínhamos solos pobres, ausência de tecnologia e baixa produção. Essa realidade mudou. Ainda nas décadas de 1970 e 1980, nós produzimos em torno de 11 a 25 sacas de soja por hectare, hoje são mais de 80. Conseguimos dobrar a produção do arroz, saímos de 6 para 12 toneladas por hectares, de 10 para 40 toneladas de macaxeira, por exemplo. E a pecuária também teve um grande salto de qualidade, com mais de 80%”, afirmou.
Com o aumento significativo da produção nas últimas décadas e tendo reflexo direto no Produto Interno Bruto (PIB), o engenheiro agrônomo ainda compartilhou que o balanço social da empresa pública é positivo.
Chagas concluiu agradecendo ao corpo técnico da Embrapa, sem o qual não seria possível galgar todas essas conquistas.
“Nós queremos agradecer os empregados da Embrapa, especialmente os daqui que, com muitas limitações e dificuldades, continuam desejosos em cumprir a nossa missão, que é desenvolver soluções tecnológicas para a nossa região e país. Aos nossos empregados, de coração, o nosso muito obrigado, pois sei como é difícil produzir ciência e tecnologia no Brasil.”
Orgulho
Durante a cerimônia, funcionários da Embrapa expressaram gratidão e destacaram o compromisso da instituição em promover o desenvolvimento agropecuário.
“É muito legal esse reconhecimento, principalmente para os novatos como eu, 10 anos perto de 50 anos não é nada. A gente consegue ver várias coisas que foram desenvolvidas pela empresa nesse tempo e nos sentimos orgulhosos, mesmo sabendo que ainda tem muita coisa a fazer”, relatou a pesquisadora Cássia Pedrozo, que deixou Minas Gerais há 12 anos para trabalhar na unidade roraimense.
Com mais de 40 anos de Embrapa, o pesquisador Daniel Gianluppi aproveitou para recordar o pioneirismo da pesquisa em solo roraimense.
“É muito gratificante ver essa homenagem, pois lutamos e fizemos tudo que era possível. Quando fui fazer o primeiro projeto de pesquisa aqui, fui buscar literatura e não tinha nada. Começamos do zero, olhando o que tínhamos no campo. Na época, diziam: ‘os nossos lavrados não servem para nada, só dá para produzir calango e tamanduá’. Hoje, se mostrou tão bem, que aqui fazemos em 365 dias três safras de soja, enquanto no Sul, eles fazem as três em 450 dias”.
A sessão especial foi transmitida ao vivo pela TV Assembleia, no canal 57.3, pela Rádio Assembleia, na frequência 98.3 FM, e pelas redes sociais do Legislativo estadual (@assembleiarr).
Prestigiaram o evento Plácido Alves de Figueira Neto, superintendente federal do Ministério de Agricultura em Roraima, Flamarion Portela, secretário da Casa Civil do Estado, Glicério Marcos Fernandes Pereira, presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente de Recursos Hídricos (Femarh), Marcelo da Silva Pereira, presidente do Instituto de Assistência Técnica e Extensão (Iaterr), Marcelo Augusto Parise, presidente da Agência de Defesa Agropecuária (Aderr), Geraldo Ticianelli, reitor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), entre outras autoridades.
Comenda
A honraria “Orgulho de Roraima” é instituída pela Resolução Legislativa nº 10/2009 para homenagear pessoas físicas ou jurídicas que atuaram no Estado ou no ex-Território Federal de Roraima e se tornaram símbolos de referência para a população.
Texto: Suellen Gurgel
Fotos: Eduardo Andrade/ Marley Lima
SupCom ALE-RR