As orientações sobre os tipos de violência doméstica e familiar, com base na Lei Maria da Penha (11.340/2006), nas unidades de ensino da rede estadual prosseguem neste mês. Nesta segunda-feira (21), uma equipe do Chame (Centro Humanitário de Apoio à Mulher), da Procuradoria Especial da Mulher (PEM), foi até à escola Penha Brasil.
Duas turmas do 9º ano do ensino fundamental estavam atentas às palestras dos profissionais, entre advogados, psicóloga, assistente social e uma integrante do Conselho Tutelar de Roraima, o mais novo a integrar o rol de parcerias com o órgão de acolhimento.
Os jovens receberam informações e orientações jurídicas, conheceram os tipos de violência, o trabalho realizado no Núcleo Reflexivo Reconstruir, as redes de apoio e onde e como buscar ajuda. O intuito é realizar um trabalho de conscientização entre eles, identificação de atos que configurem qualquer tipo de violência em seu entorno e evitar que sejam futuros agressores.
Para os estudantes Alice Campos e Albert Iago Oliveira, ambos de 14 anos, a palestra sobre violência psicológica foi a que mais os impactaram.
“Acho bom falarem sobre esses assuntos, porque tem pessoas que fazem piadas, zuando sobre a situação, sendo que é algo muito importante a ser abordado. Creio que, realmente, a violência psicológica mexe com a mente dessas mulheres. Eu já vi casos em que elas ficaram muito afetadas, por isso conversamos em casa sobre isso”, destacou Alice.
“Foi a primeira vez que escutei sobre esse assunto de forma aprofundada. Tem coisas que a gente vê, mas não se dá conta. Acho que o psicológico, quando é abalado, é bem difícil de ser consertado”, acrescentou Albert.
Conforme a orientadora da escola, Naura Chaves, a visita do Chame ocorreu devido a possíveis casos de violência no ambiente familiar dos alunos.
“Eles sempre perguntam como proceder e alguns têm até certo receio. Então, alguns procuram indicação na escola, para que a gente os encaminhe para os órgãos de denúncia. São vários fatores que acontecem aqui, e temos que orientá-los quanto a isso”, enfatizou Chaves.
A psicóloga Mayla Garcia reforçou a ideia de que a violência psicológica é considerada silenciosa, pois algumas vítimas não percebem que estão sofrendo esse tipo de agressão.
“Eu mostrei a eles esse tipo de violência que ocorre é que a mulher, muitas vezes, acha que é normal, além da importância do psicólogo na vida da vítima pós agressão. Também a forma como agimos, não só no acolhimento como na validação do sentimento da mulher e, principalmente, ajudá-la a perceber que existe, sim, um caminho pós-violência. A gente trabalha com os jovens como uma forma de prevenção”, explicou.
A conselheira tutelar Jaisa Lameira acredita que a família é a base, e que a criança ou o jovem reproduz o que aprende dentro de casa.
“A presença da equipe do Chame nas escolas foi de uma sacada fenomenal, porque a gente trabalha na base da família e ensina a esses jovens o respeito mútuo. Quando o conselho veio para integrar essa equipe, foi justamente para mostrar que você não precisa se sujeitar a certos tipos de violência. Muitas vezes, eles [jovens] praticam e acham comum. Alguns reproduzem violência porque são tratados e ensinados dessa forma”, salientou.
Para solicitar visita da PEM às instituições de ensino e/ou atendimento, os serviços ocorrem na Avenida Santos Dumont, 1470, bairro Aparecida, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
Os moradores de Rorainópolis e adjacências também podem buscar apoio no núcleo da PEM, na Rua Senador Hélio Campos, sem número, BR-174. O serviço multidisciplinar funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
Há ainda o atendimento remoto pelo ZapChame, no número (95) 98402-0502, que funciona 24 horas, inclusive nos fins de semana e feriados.
Confira a data das próximas visitas às escolas em agosto:
24.8 – Escola Ayrton Senna da Silva, bairro Mecejana;
28.8 – Escola Camilo Dias, bairro Liberdade;
31.8 – Escola Hildebrando Ferro Bittencourt.
Texto: Suzanne Oliveira
Fotos: Nonato Sousa
SupCom ALE-RR