A situação dos animais que vivem no Jockey Club de Boa Vista foi debatida em audiência pública nesta quarta-feira (28), no Plenário Deputada Noêmia Bastos Amazonas. O tema foi proposto pelos deputados Armando Neto (PL), Marcelo Cabral (Cidadania) e Marcinho Belota (PRTB), através do Requerimento nº 89/2023. A reunião foi transmitida pelo canal da Casa Legislativa no YouTube (@assembleiarr), onde pode ser revista na íntegra.
Após receber denúncias de que alguns animais estariam sofrendo maus-tratos no local, o deputado Marcinho Belota foi verificar pessoalmente. Em sua rede social, o parlamentar postou um vídeo mostrando a situação em que alguns deles se encontram, incluindo o que vive na baia mantida pelo atual presidente, Fábio Martins, convidado a prestar esclarecimentos.
Em seu primeiro discurso, Martins “desmistificou” uma série de fatores que ocorreram para que o local chegasse ao seu atual estado e afirmou que há mais de 20 anos nenhum sócio contribui para manutenção do espaço.
“A cidade cresceu, os problemas estão aí. Os sócios do Jockey Club não contribuem há mais de anos. Alguns pagaram a taxa. Criamos comissões para que fossem arrecadados valores para sanar esses problemas. É uma área de mais de 25 hectares que precisa de recursos para ser mantida limpa”, explicou.
Atualmente, a área segue totalmente interditada, devido às irregularidades sanitárias e de saúde. Conforme a Justiça, o Jockey Club não tem condições de funcionar onde está. Por esse motivo, mais de 200 cavalos que lá vivem devem ser remanejados para outro espaço, conforme determinado.
“Eu acho que a minha preocupação é a mesma de todos. Você vê o nível enorme de abandono de animais de pequeno porte. Imagina, com o fim do Jockey, para onde essas pessoas vão levar esses animais. Eles, literalmente, vão ser abandonados nas ruas, como já tem acontecido”, avaliou Belota.
A audiência teve participação de diversos interessados no assunto. Durante os discursos, a representante da sociedade civil, Kika Santos, afirmou que a atual situação ocorre por “falta de administração”. “É exatamente por falta de um presidente que se importe com animais, porque, se ele se importasse, saberia a diferença de maus-tratos e recuperação”, disse.
O secretário adjunto da Secretaria de Infraestrutura (Seinf), Emerson de Paula Oliveira, salientou que o governo se coloca à disposição para ajudar no que for melhor para a sociedade. “O Jockey Club sempre será de interesse do governo estadual, pois é uma entidade que oferece atração para a população, esporte e lazer”, enfatizou.
Incentivador dos esportes equestres, o deputado Éder Lourinho (PSD) lamentou o momento que o Jockey atravessa. “Infelizmente, o que está acontecendo é muito triste. Não só lá, mas em muitas federações esportivas”, comentou o parlamentar ao sugerir que a instituição se torne patrimônio cultural.
A deputada Catarina Guerra (União) parabenizou os colegas de Parlamento pela iniciativa, e ressaltou que o Legislativo constantemente atua além da sua atividade típica, como ser porta-voz da sociedade.
“A gente tem um poder de alcance maior, e, como Parlamento, somos a voz de vocês. E foi isso o que fizemos aqui, demos voz a essas pessoas que nos buscaram, trouxeram suas demandas, choros, angústias e anseios”, ponderou Guerra.
Ao fim da audiência, que teve duração de quase três horas, o presidente da Comissão de Agricultura, deputado Armando Neto, destacou que a Casa fez seu papel, enquanto mediadora da audiência, e informou que uma comissão de deputados fará uma visita ao Jockey Club.
“Vamos criar uma comissão para ir in loco, ouvir os sócios e os moradores, ver a necessidade real, preparar um relatório fotográfico, fazer nossa parte e, depois disso, seguir com os encaminhamentos devidos, seja no Judiciário ou nas partes interessadas”, concluiu.
Participaram também a advogada dos membros-sócios do Jockey Club, Rosa Benedetti, o presidente da Agência de Defesa Agropecuária (Ader), Marcelo Augusto Parisi, a representante da Secretaria Municipal de Saúde, Ana Paula Merval, a representante dos associados do Jockey Club, Elisângela Plácido, o presidente da Associação dos Municípios de Roraima, Joner Chagas (Republicanos) e interessados no assunto.
Texto: Suzanne Oliveira
Fotos: Alfredo Maia/ Marley Lima/ Nonato Sousa
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