A Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) promoveu nesta sexta-feira (20) o “Dia D” da campanha do Outubro Rosa promovida pela Casa. A manhã foi dedicada a compartilhar conhecimento e falar sobre o autocuidado para as servidoras. Música, palestras e sorteio de brindes fizeram parte da programação que teve como foco a saúde da mulher.
Neste ano, de acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), mais de cem mulheres iniciaram o tratamento contra o câncer de mama na Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia de Roraima (Unacon). Esse foi o tipo de câncer com o maior número de entrada de pacientes. Também aparecem os cânceres de útero (9), colo uterino (50), endométrio (3), ovário (19) e vulva (2).
O câncer de mama é a principal causa de morte entre as mulheres. Ele ocorre a partir da multiplicação anormal das células das mamas. Alguns evoluem rapidamente, enquanto outros, não. Quando o diagnóstico é precoce, há 95% de chances de cura. A descoberta da doença pode ser feita através do autoexame, como explica a chefe do Núcleo de Saúde do Poder Legislativo, Elissandra da Silva.
“Todos os anos, a Assembleia Legislativa realiza palestras sobre o câncer de mama, aborda a autoestima da mulher, como ela pode viver melhor. O câncer de mama é uma doença com diagnóstico frequente e a mulher, às vezes, não tem conhecimento dessa enfermidade. Queremos reforçar que, através do toque, durante o banho, por exemplo, é possível descobrir a doença e preveni-la”, complementou Elissandra.
A diretora de Gestão de Pessoas do Poder Legislativo, Adília Menezes, avalia que as ações são essenciais para que as mulheres tenham acesso a informações que podem prevenir doenças graves como os cânceres de mama e do colo do útero.
“Sempre reforçamos as campanhas conforme as cores dos meses. Outubro Rosa é dedicado à luta contra o câncer de mama e agora ao colo do útero. Nosso objetivo é conscientizar o público feminino sobre a importância da prevenção, compartilhando conhecimento por meio de palestras e outras ações para reduzir a taxa de mortalidade”, externou Adília.
Mamografia
O exame de mamografia é também o meio mais eficaz para detectar a presença da enfermidade. A recomendação é que mulheres com idade entre 40 e 69 anos façam essa radiografia a cada dois anos. Quem está atenta ao cuidado é a servidora Maria Fidelis. Mãe de quatro filhos, ela mantém em dia a rotina de exames.
“Sempre cuidei da minha saúde fazendo mamografia, Papanicolau. Parabenizo a Casa por estar preocupada com a saúde das servidoras. A cada dia, aprendemos algo novo. Quando assistimos a uma palestra como estas de hoje, aprendemos sobre o toque, a observar nosso corpo, o que para as mulheres é importante”, afirmou.
Entre os sintomas do câncer de mama, estão: o mamilo virando para dentro, secreção mamilar, nódulo nas axilas, inchaço no peito, dores pelo mamilo e irritação na pele. Aquelas que têm histórico de câncer na família precisam estar ainda mais atentas e buscar um médico para orientá-las sobre qual conduta seguir.
A médica ginecologista e citopatologista Magnólia Rocha palestrou no evento e alertou que, nos últimos anos, os diagnósticos têm se concentrado em mulheres com menos de 40 anos. Segundo ela, nessa idade, as mulheres têm mamas densas, o que dificulta diagnosticar a doença através da mamografia. A profissional afirmou que é preciso investir em prevenção primária na oferta de exames clínicos.
“Hoje, infelizmente, estamos tendo perdas de mulheres jovens com câncer de mama. No ano passado, tivemos registro de dois óbitos na Liga Roraimense de Combate ao Câncer. Precisamos nos tocar, é fundamental, para descobrir antes e providenciar o tratamento. Podemos fazer a prevenção primária, que é se afastar dos fatores de risco: não fumar, evitar ingerir excessivamente bebida alcoólica, ter uma alimentação saudável e praticar qualquer tipo de atividade física”, frisou a médica.
Informações compartilhadas pela ginecologista revelam que o fumo, o álcool, a alimentação inadequada e o estresse favorecem o aparecimento de câncer, além de tratamento contra a menopausa e uso de anticoncepcionais. Por isso, é preciso se afastar desses fatores de risco para evitar o aparecimento da doença e fazer o autoexame para detectar quaisquer nódulos.
“Mesmo não estando na idade de fazer a mamografia, faço outros exames anuais, sou ligada às questões de saúde, vou ao médico, faço ultrassom. As estatísticas mostram que a mulher tem esse cuidado maior com a saúde do que o homem. Costuma levar a filha mais ao médico, por exemplo. Essa educação em casa é importante para o futuro”, opinou a servidora Nattacha Vasconcelos.
Dinâmicas
Convidadas para promover um momento de interação entre as servidoras, a coach e analista comportamental Karol Cabral e a advogada e criadora de conteúdo digital Tamara Torres realizaram dinâmicas com as participantes do evento. Entre elas, estava compartilhar qualidades, fraquezas e abraços e entender a própria identidade.
Tamara desenvolve o projeto “Todos por Elas”, destinado a mulheres vítimas de violência doméstica. Em quase um ano da iniciativa, ela viu a transformação na vida de mulheres que recomeçaram após relacionamentos abusivos. Por isso, Tamara trabalha no fortalecimento da identidade das mulheres, o que levou para a palestra na Assembleia Legislativa.
“Crio conteúdo sobre a temática de violência e acolhemos essas mulheres. A maioria delas está com a identidade enfraquecida, muitas vezes acreditam no que o parceiro fala, se sentem incapazes, que não podem recomeçar, que a vida se resume a isso. Nesse período, mulheres começaram a trabalhar, a estudar, recomeçaram. Estamos para ser essa ponte para que a sociedade tenha mulheres cada vez mais fortes”, destacou.
Karol enfatizou que também é preciso falar de saúde mental, já que é ela “que nos direciona, que faz com que tenhamos dispositivos positivos para avançar”. E acrescentou: “Foi maravilhoso! As meninas participaram, é muito bom quando a plateia é participativa e entende a importância do autoconhecimento para avançar”.
Texto: Josué Ferreira
Foto: Marley Lima / Jader Souza / Alfredo Maia
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