Na manhã desta quarta-feira (3), o deputado estadual Jorge Everton (União Brasil) usou a tribuna da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) após a leitura do pedido de impeachment do governador Antonio Denarium (Progressistas).
O parlamentar enfatizou que é a primeira vez na história que um pedido de impeachment é lido e aceito pelo presidente da ALE-RR. Ele parabenizou essa postura, ressaltando a importância de debater as denúncias no campo democrático.
“Afinal de contas, são crimes e denúncias graves que estão sendo apontados, e que não podem ser ignorados. Existem três acusações contra o governador: abuso de poder político e econômico e outras infrações sérias que carecem da atenção do parlamento”, ressaltou.
O deputado comparou o abuso de poder no exercício do cargo com experiências análogas ao totalitarismo, citando Mussolini e Hitler. Ele alertou para a necessidade de combater qualquer prática de fascismo e criticou o comportamento de Denarium, afirmando que “o governador, em seu segundo mandato, se perdeu completamente. Ele passou a ter atitudes que nos preocupam, pois a forma como conduz o governo dá a entender que dinheiro compra tudo e que ele está imune a todos nós”.
Segundo Everton, o chefe do Poder Executivo se utilizou do poder econômico para se reeleger e promover interesses pessoais. Ele mencionou, por exemplo, casos como a eleição suplementar de Alto Alegre, em que vídeos nas redes sociais mostraram o uso da máquina do governo, as sucessivas cassações do mandato no Tribunal Regional Eleitoral como evidência de suas ações ilegais para se manter no poder e a utilização de informações falsas para garantir que sua esposa fosse eleita conselheira do Tribunal de Contas.
Além disso, o deputado trouxe à tona a investigação envolvendo o ex-segurança do governador, o capitão da Polícia Militar Helton Jhon da Silva de Souza, suspeito de estar ligado à morte do casal de agricultores Jânio Bonfim de Souza e Flavia Guilarducci, ocorrida em 23 de abril, na vicinal do Surrão, município do Cantá. Everton ressaltou que a suposta ciência do governador sobre o crime deve ser considerada no julgamento político.
Em um apelo final, o parlamentar questionou o silêncio do parlamento diante desses fatos e alertou sobre possíveis perseguições à oposição. Ele salientou a importância de uma análise criteriosa dos acontecimentos e da responsabilidade do governador.
“Fica aqui registrado nesse parlamento a minha indignação, para que cada colega faça seu julgamento de valor de ocultar um crime tão grave. Eu espero de coração que o Ministério Público, os órgãos de controle possam agir. Sei que a decisão da Assembleia é política, mas não deve admitir que os crimes cometidos pelo governador sejam omitidos”, concluiu.
Texto: Suellen Gurgel
Fotos: Eduardo Andrade
SupCom ALE-RR