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18 ANOS DA MARIA DA PENHA
Assembleia Legislativa garante acolhimento a vítimas de violência por meio do Chame

Chame, ligado à Secretaria Especial da Mulher da ALE-RR, atende mulheres vítimas de violência em Roraima – Foto: Arquivo/SupCom-ALE-RR

Há 18 anos era instituída a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha, que criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra mulheres no Brasil. Em Roraima, a Assembleia Legislativa (ALE-RR) garante o cumprimento da norma por meio do Centro Humanitário de Apoio à Mulher (Chame), vinculado à Secretaria Especial da Mulher (SEM).

Entre os serviços prestados na unidade, estão atendimentos psicológicos e jurídicos, por meio de projetos como o Grupo Terapêutico Lótus, Centro Reflexivo Reconstruir para os homens, cursos de defesa pessoal e parcerias com órgãos competentes, a exemplo da Defensoria Pública do Estado de Roraima (DPE-RR).

 

 

Diretora da Secretaria Especial da Mulher, Glauci Gembro, fala dos serviços ofertados no Chame – Foto: Marley Lima/SupCom-ALE-RR

“As mulheres chegam ao Chame e são ouvidas pelas nossas servidoras, onde são acolhidas e recebem orientações. Caso as vítimas decidam denunciar o caso à polícia, nossa equipe de advogados as orientam e as encaminham para atendimento na defensoria que, também, funciona no prédio”, informou a diretora da Secretaria Especial da Mulher, Glauci Gembro.

Ela acrescentou que o Chame também atende homens agressores que participam de palestras instrutivas, a fim de se ressocializarem e compreenderem a importância de respeitar as mulheres em todos os âmbitos.

“Esse homem é encaminhado pela Justiça ou pode ser atendido voluntariamente, se ele achar que é possível, para que possa ser tratado e orientado por meio de palestras”, acrescentou.

O Chame faz ainda trabalho de prevenção. Ao longo do ano, as equipes visitam escolas do Estado e promovem a conscientização entre os adolescentes, com o objetivo de prevenir comportamentos violentos e, também, para que eles possam identificar possíveis casos no ambiente familiar.

“A Assembleia Legislativa desempenha um papel importantíssimo, porque vemos o Legislativo atuando nessa área tão crucial que é a de proteção à mulher vítima de violência, se tornando um dos pioneiros neste setor, levando em consideração que o Chame vai fazer 15 anos de atuação à frente desse serviço”, concluiu a diretora.

Neste ano, a unidade já atendeu 130 pessoas e contabilizou 181 serviços por meio do ZapChame, ferramenta implantada para atender vítimas de violência 24 horas por dia, todos os dias da semana – incluindo feriados -, por meio do número (95) 98402-0502.

O Chame está localizado na Avenida Santos Dumont, nº 1470, bairro Aparecida em Boa Vista, e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.

 

 

 

 

Dados da violência no Brasil

Conforme dados do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho deste ano, cresceu o número de crimes contra as mulheres no país, como feminicídio, lesão corporal, ameaça, perseguição e violência psicológica, entre 2023 e 2022.

De acordo com o documento, no ano passado foram registrados 1.467 feminicídios, 0,8% a mais do que foi denunciado em 2022; o país contabilizou, ainda, 2.797 tentativas do crime, um aumento de 7,1%.

Em seguida, o anuário aponta aumento de 9,8% de lesões corporais, com 258.941 casos; além de 778.921 registros de ameaças, sendo 16,5% a mais do que foi denunciado em 2022.

Por fim, o Brasil contabilizou 77.083 denúncias de perseguição (stalking), o que foi 34,5% a mais do que no ano anterior; e 38.507 registros de violência psicológica, aumento de 39,5%, sendo o crime que mais aumentou em comparação entre os dois anos.

Em Roraima, além do Chame, outro canal de denúncia é a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) da Polícia Civil, que está instalada na Casa da Mulher Brasileira – localizada na Rua Uraricoera, bairro São Vicente, em Boa Vista.

Ao denunciar o crime, a mulher pode solicitar medida protetiva e ser acolhida na unidade, caso não tenha condições de voltar para casa. A Deam também oferta atendimento psicológico e jurídico, tanto para as mulheres quanto para seus filhos.

A titular da delegacia, Verlânia Silva de Assis, destacou que há vários tipos de violência contra as mulheres e que as vítimas precisam se atentar aos sinais para saberem como se proteger em casos como estes.

Titular da Deam, Verlânia Silva de Assis, alerta para os tipos de violência contra a mulher – Foto: Marley Lima/SupCom-ALE-RR

“Geralmente, a violência começa com as ofensas verbais, aquela ofensa que deprecia e reduz a autoestima da mulher. Depois, o agressor passa para as intimidações, que é aquela violência em que ele intimida e ameaça. Há, ainda, a violência patrimonial em que se danificam objetos e documentos, por exemplo. As mais comuns são a violência física e a psicológica”, explicou.

Ela reforçou que é possível viver um caminho longe da violência, segura e em paz. Mas é necessário entender a importância de denunciar o crime para, enfim, recomeçar.

“O primeiro passo para a mulher é se conscientizar de que ela não deve suportar a violência para manter a família. Porque essa família está adoecida quando ela tem um ato de violência. Então o primeiro caminho é, na verdade, procurar rede de proteção à mulher”, reforçou.

Leia Maria da Penha

A tentativa de homicídio da ativista dos direitos da mulher Maria da Penha Maia Fernandes ficou mundialmente conhecida após uma incessante luta para que o seu agressor fosse julgado pelo crime que cometeu em 1983. Dezenove anos depois, em 2002, e seis meses antes do crime prescrever, o criminoso finalmente foi condenado, mas só cumpriu dois anos de prisão.

O caso de Maria da Penha foi o primeiro do país a ser reconhecido como crime de violência doméstica e, em 2006, o nome da ativista batizou a lei que coíbe crimes contra as mulheres no Brasil.

Em abril de 2023, foi sancionada a Lei nº 14.550, que trouxe alterações à Lei Maria da Penha. Essa nova norma assegura a concessão de medidas protetivas de urgência quando houver risco à integridade física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral da vítima ou de seus dependentes, independentemente do registro de boletim de ocorrência ou de ação judicial.

Canais de atendimento à mulher

  • Procuradoria Especial da Mulher (PEM) em Boa Vista – Chame e Centro Reflexivo Reconstruir – : localizada na Avenida Santos Dumont, 1470, bairro Aparecida, com atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
  • Núcleo da PEM em Rorainópolis: os moradores do Sul do Estado podem buscar apoio na Rua Senador Hélio Campos, sem número, BR-174. O serviço multidisciplinar funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
  • Atendimento remoto pelo ZapChame: disponível no número (95) 98402-0502, atende 24 horas, inclusive nos fins de semana e feriados.
  • Casa da Mulher Brasileira: funciona todos os dias, 24 horas, na Rua Uraricoera, s/n, bairro São Vicente.

Texto: Bruna Cássia

Fotos: Marley Lima/arquivo SupCom ALE-RR

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