Mudar forma de pensar de ex-agressores é um dos objetivos da campanha
Integrantes do Grupo Reflexivo Reconstruir, da Secretaria Especial da Mulher (SEM), assistiram nesta terça (10) à palestra do delegado de Polícia Civil Franco Abruzzi Ghiggi sobre conscientização e educação no combate à violência de gênero. O encontro fez parte do encerramento da programação especial alusiva à campanha “Laço Branco”, que ocorreu nacionalmente sexta-feira (6), Dia Estadual e Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres.
Ghiggi falou sobre temas como a importância do 6 de dezembro; o panorama mundial dos 85 mil feminicídios registrados em 2023; a perspectiva da Lei Maria da Penha; tipos de violência mais comuns que as vítimas sofrem; e como o poder público pode atuar para evitar que esse tipo de comportamento se perpetue, estimulando multiplicadores de informações para a quebra desse ciclo.
“Foi bastante gratificante poder falar com pessoas que já vivenciaram episódios e estão buscando, sim, se reconstruir, aprender, mudar seu comportamento. Eu sempre falo que, embora a gente não possa voltar no início para fazer diferente, a gente pode mudar o hoje e ter um fim diferente no futuro”, ressaltou o delegado.
Ainda conforme ele, falar sobre violência contra a mulher e não focar no homem agressor “é a mesma coisa que falar sobre dengue e, simplesmente, não citar o mosquito”. Ghiggi avalia que é primordial focar no autor, buscar a raiz do problema, para que o propagador tenha consciência efetiva e, principalmente, vontade de mudar.
“Não basta fazermos uma palestra, ações ou somente olhar para a vítima, que, obviamente, precisa do amparo do Estado, mas, precisamos fazer com que os homens tenham essa vontade de mudar, de ser pessoas melhores e não violadores dos direitos humanos”, ponderou o delegado, que também destacou a interação dos participantes com questionamentos, indo além do papel de espectadores.
Para o psicólogo Jadiel Souza, essas ações, como palestras que denotam estatísticas e são direcionadas, somadas aos encontros semanais do núcleo, são mecanismos que contribuem para a melhoria e mudança dos ex-agressores.
“A gente faz campanhas e trabalhos com relação ao combate, nos quais percebemos que essa mudança tem aumentado. Então, o nosso papel, enquanto profissionais do núcleo, é esse: levar todas as informações possíveis para que alcancemos o fim da violência. Como o delegado falou, somos o quinto país do mundo em que mais se agridem mulheres, ou seja, é importante o conhecimento para a transformação desses homens”, frisou Jadiel.
A campanha
A campanha “Laço Branco” conscientiza e educa os homens de forma a combater a violência contra a mulher. A iniciativa integra as ações dos 21 Dias de Luta pelo Fim da Violência Feminina. A mobilização internacional aconteceu na sexta-feira (6).
De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2023, todas as formas de violência contra mulheres aumentaram. Foram cerca de 1,5 mil feminicídios. Cerca de 90% dos assassinatos foram cometidos por homens.
Texto: Suzanne Oliveira
Fofos: Alfredo Maia
SupCom ALE-RR