O presidente da Eletrobras Distribuição Roraima, Anselmo Brasil, apresentou durante a audiência pública sobre o sistema energético, realizada na manhã desta quarta-feira, 13, no plenário Noêmia Bastos da Assembleia Legislativa de Roraima (ALERR), a atual situação da empresa, e mostrou para os parlamentares os projetos que estão sendo executados para que a população roraimense tenha uma energia elétrica confiável e com baixo custo.
A audiência que teve como finalidade discutir alternativas para o setor foi proposta pelo deputado estadual Izaias Maia (PTdoB), e contou com a participação do desembargador Mauro Campelo, que na ocasião representava o TJRR (Tribunal de Justiça de Roraima), o deputado Naldo da Loteria (PSB), a deputada Lenir Rodrigues (PPS) e a população em geral.
Na busca de saber o que está sendo feito para resolver o problema que afeta todos os usuários de energia elétrica, Izaias Maia abriu os trabalhos levantando algumas questões relacionadas aos problemas enfrentados pela população, como as constantes quedas de energia elétrica e a paralisação das obras do Linhão de Tucuruí, que interligará Roraima ao SIN (Sistema Interligado Nacional).
“Queremos saber como vai ficar o sistema energético, já que o Governo Federal disponibilizou R$ 13 bilhões para o setor, mas Roraima não recebeu um centavo. Além disso, as obras do Linhão estão paralisadas porque os índios não permitem passar a rede por dentro da reserva, e com a crise na Venezuela corremos o risco de a qualquer momento o presidente Nicolas Maduro desligar o botão da energia que vem para Roraima”, disse o parlamentar.
Maia indagou ao desembargador Mauro Campelo se ele acreditava ter uma solução para a problemática energética no Estado. “Acredito que exista um planejamento para interligar Roraima ao sistema elétrico nacional. Nada como uma negociação com as comunidades indígenas por onde vão passar as torres. Não acho que o Maduro vai cortar a energia por ser uma fonte de arrecadar recursos para o país”, disse Mauro Campelo, ao sugerir que outra comissão formada por autoridades do Estado faça nova caminhada ao Congresso Nacional no sentido de buscar uma solução junto ao governo federal. Campelo lamentou a ausência de um representante da etnia Waimiri-Atroari.
O presidente da Eletrobras mostrou por meio de slides a situação da empresa e o planejamento para tirar Roraima dessa crise energética. Segundo ele, das 25 quedas de energia registradas este ano, 22 foram em Las Claritas na Venezuela. Quanto a isso, disse que está buscando uma oportunidade para se reunir com representantes da estatal Venezuela Corpoolec. Esse encontro ainda não ocorreu por conta das tensões que existem no país, uma vez que a estatal está localizada ao lado do Palácio de Miraflores, sede governo venezuelano.
Anselmo Brasil apresentou alguns projetos em andamento no Ministério de Minas e Energia (MME), para serem operacionalizados em curto prazo. A ideia, conforme explicou, é inverter a matriz energética do Estado a partir de fontes alternativas de geração de energia de qualidade, confiável e a baixo custo.
“Esses projetos devem estar todos em atividades no ano de 2018. Vamos inverter a matriz energética, que hoje é a diesel, substituindo por fontes alternativas locais, e no futuro, avançando com todas essas fontes alternativas que são abundantes no Estado, e com as linhas de transmissão, a tendência é que o Estado seja um exportador de energia”, visualizou o presidente, ao salientar que a ideia é que Roraima tenha à disposição todas as fontes de energias possíveis, tornando-se assim um Estado privilegiado em relação a outras unidades da Federação.
Os projetos de energia alternativa solar, biomassa e a eólica estão no Ministério de Minas e Energia e, segundo ele, serão liberados no final deste mês. Um deles será aplicado na Capital e atenderá todos os prédios da Prefeitura Municipal de Boa Vista, gerando sobra de energia.
“Boa Vista será a única do mundo a ter uma fonte própria de energia limpa para atender todas as escolas e hospitais por um período de, pelo menos, 20 anos. Com esse sistema de energia solar a prefeitura vai gerar a energia e a Eletrobrás vai operar e supervisionar”, disse, ao acreditar que após liberada, em oito meses começará a operacionalização.
Outro projeto em andamento é a usina da biomassa como geração de energia para atender o município de Rorainópolis. “Temos a grande oportunidade do uso da biomassa por conta das florestas de acácias e de eucalipto, produções de soja e arroz que geram resíduos e que podem ser usados como grande fonte de energia. A parte inteligente é que com todas essas fontes alternativas teremos a possibilidade de usar as que forem mais convenientes”, disse ao ressaltar que poderá desligar as térmicas, gerando boa economia.
Portaria 346 – A deputada Lenir Rodrigues pediu que Anselmo Brasil explicasse a nova Portaria do MME, nº 346, que determina que a Eletrobras rateie com os consumidores os prejuízos relacionados ao consumo de energia clandestina, os chamados ‘gatos’. O presidente explicou que as perdas em Roraima são mínimas se comparada com outros estados.
“Em termos de percentuais nossas perdas chegam a somar 12%, um número pequeno. Deste total 4% são de perdas comercias por conta de desvios de energia, como as ligações clandestinas. Os 8% são perdas técnicas durante o processo de eletrificação”, disse, ao afirmar que esse é o Estado que tem menos ligações clandestinas, e que a Eletrobras está fiscalizando para reduzir ainda mais.
Marilena Freitas