O cenário de abandono de prédios públicos estaduais, tanto na capital quanto no interior, por falta de reformas e de manutenção periódica, foi a tônica do discurso do deputado George Melo (PSDC), líder do Blocão, durante a sessão ordinária desta quarta-feira, 20, da Assembleia Legislativa de Roraima.
“Esse abandono tem uma causa: a falta de gestão, porque o problema do Estado não é a falta de dinheiro, pois dinheiro tem, e muito, porque o orçamento é de R$ 4 bilhões. O Estado de Roraima não tem crise, aqui se tem é excesso de arrecadação, e o que falta é a mão competente do Estado”, afirmou George, ao reforçar que “as escolas do Governo têm cara de casas mal-assombradas”.
O deputado comparou a atual gestão do Governo com a da prefeitura da capital, que dispõe de poucos recursos frente ao volumoso orçamento do Estado. “Por onde se passa em Boa Vista tem uma obra da prefeitura. Onde estão as obras do Governo? Esse Estado precisa ser repensado”, disse George Melo ao chamar a sociedade para uma reflexão mais aprofundada, uma vez que os problemas também estão presentes na infraestrutura básica para o homem que vive no campo, na falta de material cirúrgico e medicamentos nas unidades de Saúde, na Segurança Pública e na Educação.
O deputado Joaquim Ruiz (PTN), que passou a integrar a bancada governista, contestou os números relativos ao Orçamento que foram citados. “Eu também concordo que o Estado precisa ser repensado. Dos R$ 4 bilhões do Orçamento do Estado, tem que tirar a parte que é destinada à Assembleia, à Justiça, ao Tribunal de Contas, à Defensoria Pública e ao Ministério Público de Contas. Se tirar essas despesas que são fixas, a receita do Estado para manter a estrutura que existe chegará a R$ 3 bilhões”, disse, ao ser contestado por George Melo, que argumentou que os repasses para os Poderes é constitucional.
O deputado Marcelo Cabral (PMDB) ressaltou que é o Orçamento do Estado não está sendo aplicado de forma planejada para que haja crescimento econômico e social em Roraima. “O que vemos são aluguéis com valores altíssimos e onde mais precisa ser investido, que é a parte sólida do Estado, Segurança, Saúde, Infraestrutura e Agricultura, não tem investimento sob a justificativa de que faltam recursos”, afirmou, ao salientar que vai apurar uma denúncia relativa a uma carreta de irrigação que estaria atendendo ao Sul do Estado, cujo aluguel anual seria no valor de R$ 4 milhões. “Vou procurar saber se é verdade esse valor de R$ 4 milhões porque acho um absurdo. Vou mandar apurar e se for verdade, nem R$ 12 bilhões de orçamento não vão dar para atender as necessidades do Estado. Eu não confio neste Governo que passou mais de três anos e não mostrou à que veio. Agora no ano de eleição está fazendo acordos políticos. Esse Governo não tem compromisso com o Estado de Roraima. A governadora tem compromisso com a família dela”, afirmou.
O deputado Naldo da Loteria (PSB) também comentou sobre o caminhão que percorre o sul do Estado. “Eu queria saber se a ideia desse caminhão foi da governadora. Isso é mais um escândalo deste Governo. Isso se chama falta de gestão, de orientação técnica, a governadora não gere o Estado com cautela porque quando sobra dinheiro, investe em restos a pagar e não em investimento”, disse, ao ressaltar que a falta de planejamento resulta no não repasse do duodécimo aos Poderes e no atraso do pagamento dos servidores públicos.
O deputado Chico Mozart (PRP) ressaltou que o “caminhão de irrigação é uma aberração e que a governadora deveria se preocupar em cumprir os programas de Governo”. A deputada Aurelina Medeiros (PTN) afirmou que também se sensibiliza quando passa em frente aos prédios históricos do Estado, como a Secretaria de Segurança Pública, e os vê abandonados. Para justificar que a situação já se arrasta há anos, ela deixou alguns questionamentos. “Queria saber a quantos anos esses prédios e essas obras estão enfeando a nossa cidade, e quanto essa Casa aprovou de recursos para realizar essas reformas? Quanto essa Casa aprovou de empréstimos e de excesso de arrecadação este ano? E de parcelamento de imposto de renda?”, questionou.
Marilena Freitas