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Educar é Prevenir encerra com relato de quem foi vítima de tráfico de pessoas

O tráfico humano pode parecer algo distante da nossa realidade, porém pode atingir pessoas que estão bem pertinho de nós. O relato que vamos contar agora é de uma professora que não terá o nome revelado nesta reportagem. Ela contou que há cinco anos teve a filha sequestrada e por pouco a jovem não foi traficada para outro país, morta ou estuprada. A história da professora foi contada na tarde desta sexta-feira, 20, durante o encerramento do projeto Educar é Prevenir na Escola Carlos Drummond de Andrade, localizada na rua Pastor Almir Nogueira Guerra, no bairro Pricumã.

Em detalhes, ela disse que na época do sequestro a jovem tinha 23 anos e foi levada da frente da residência delas. “A levaram para uma região de mato em Boa Vista, tentaram estuprar ela, mas eles não o fizeram, pois ela estaria encomendada por um traficante de um país da América do Sul. Graças a Deus em momento de distração dos bandidos ela conseguiu fugir. O trauma será eterno, pois ainda vejo muito perigo e precisamos ter cuidado com nossos filhos. Infelizmente até hoje ninguém foi preso”, contou.

A coordenadora pedagógica da escola, Liara Paula Garcia Bezerra, disse que os mais de 500 alunos mostraram total interesse pelo Educar é Prevenir. “A proposta trazida é muito importante, para sabermos o que está em torno de nós, pois abusos podem ocorrer dentro da escola e não tomamos conhecimento. Prevenção é o melhor caminho, os alunos precisam de orientação”, reafirmou.

A coordenadora do Núcleo de Promoção, Prevenção e Atendimento às Vítimas de Tráfico de Pessoas da Procuradoria Especial da Mulher, da Assembleia Legislativa de Roraima, Socorro Santos, avalia que o programa tem dado resultados. “À medida que vamos capacitando e empoderando a comunidade escolar, as pessoas ficam mais atentas e sabendo como se prevenirem. Conhecimento fortalece”, citou a coordenadora.

Representante do Fórum Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, Ivone Salucci, explica que quem é ativista da causa não enxerga apenas os ‘seus’, mas os ‘nossos filhos’. “Toda Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente tem uma preocupação muito grande para que as crianças e adolescentes vivam a infância de maneira saudável e nós acreditamos muito neste projeto da Assembleia”, elogiou.

Para os alunos que participaram das atividades que iniciaram no dia 16 e terminaram nesta sexta-feira, 20, com uma roda de conversa com a representante da Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente, o projeto deixou frutos. Juliene Soares, 16 anos e aluna do 2º ano do ensino médio, considerou importante os conhecimentos adquiridos. “Acho interessante a palestra. Com essas informações aprendemos a não cair em armadilhas”, falou.

Eduardo Bueno, 15, aluno do 1º ano, também aprendeu e reforçou as informações que já possuía sobre o tema. “Em casa meus pais conversam muito comigo e com meus irmãos, mas com o Educar é Prevenir aprendi que o tráfico pode acontecer com qualquer um”, destacou.

Educar é Prevenir – Tem como finalidade o efetivo empoderamento da comunidade escolar (gestores, corpo discente e docente, servidores efetivos e terceirizados). As informações capacitam para atuar no enfrentamento ao tráfico de pessoas para fins de exploração sexual no Estado de Roraima, gerando conhecimentos, habilidades e mudando concepções e práticas.

A próxima escola receber o programa será a Maria das Dores Brasil, situada na avenida das Guianas, bairro 13 de Setembro em Boa Vista. Lá a programação está prevista para acontecer de 23 a 27 de abril.

Por Tarsira Rodrigues

SupCom/ALE-RR

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