A Força Tarefa do Exército em Roraima, responsável pelo controle dos venezuelanos desassistidos, que são retirados das ruas para os abrigos da Capital e de Pacaraima, fez nesta quinta-feira, 10, uma prestação de contas para a Comissão Externa da Câmara dos Deputados. Eles mostraram quais ações foram implementadas, conforme planejamento apresentado no final do mês de janeiro pelo governo federal. No período da tarde, três abrigos foram visitados: o do Ginásio do Tancredo Neves, localizado no bairro Caimbé, o do Santa Tereza e o do Pintolândia.
A apresentação foi direcionada aos parlamentares da bancada federal, estadual e outras autoridades do Estado, que fizeram inúmeros questionamentos relacionados ao quantitativo de imigrantes no abrigo, regras impostas, alimentação servida, interiorização para outras unidades da federação e número de militares envolvidos no processo, inclusive, vindos de outras regiões brasileiras.
A deputada Angela Aguida Portella (PP), que é presidente da Comissão dos Direitos da Família, da Mulher, da Criança do Adolescente e da Ação Social, representou a Assembleia Legislativa do Estado de Roraima. “O Exército recebeu uma ordem de recursos no valor de R$ 190 milhões e nós precisamos entender como está sendo investido, de que forma melhorou a economia com a circulação desse recurso, entender ainda como o Exército, com esses recursos, pode diminuir o impacto negativo que vem sofrendo em áreas como a saúde, segurança pública e educação. A prestação de contas aliada ao conhecimento da realidade permitirá intervir junto ao governo federal para tratar esse assunto como estado de exceção, afinal, Roraima é um Estado pequeno e com poucos recursos”, disse a parlamentar.
Angela Águida faz uma avaliação positiva da prestação de contas no que diz respeito às ações de acolhimento que estão sendo implementadas, até porque é assunto que está chamando a atenção de organismos internacionais. “Mas precisamos tratar esse assunto com muita seriedade porque poderá ter uma solução a médio prazo, mas também pode permanecer por um período muito longo, o que compromete a qualidade de vida do roraimense em vários aspectos”, pontuou.
O comportamento dos refugiados, principalmente dos indígenas que são pedintes e costumam ocupar pontos estratégicos das vias da cidade, incomodando parte dos brasileiros, disse a parlamentar, é preciso ser encarado com tolerância. “Países afetados pela imigração devem aprender a lidar com a questão comportamental dos refugiados, afinal, eles não são presos, então têm o direito de ir e vir. São questões culturais que temos que vivenciar e não há muito a ser feito. Eles estão de passagem no nosso país e têm liberdade para fazer o que quiserem, desde que dentro da lei”, ressaltou Angela Águida.
O coronel George Feres Kanaan, chefe do Estado Maior da Força Tarefa, ressaltou que o público alvo dos abrigos é imigrantes desassistidos. E que, atualmente, existem oito abrigos em funcionamento, sendo um deles em Pacaraima, município de que faz fronteira com a primeira cidade da Venezuela. No total, são quatro mil pessoas, entre adultos e crianças, e os de origem indígena, sendo atendidas, este último separado dos demais imigrantes por conta dos hábitos culturais.
“Diariamente, eles recebem café, almoço e jantar e têm atendimento médico, além de segurança. Enxergamos o imigrante venezuelano como solução e não, problema. A cada imigrante que ajudamos, estamos tirando alguém desassistido da rua, que não entrará no desespero de roubar para comer, que estará com sua condição de saúde melhor e não vai procurar por qualquer coisa a rede hospitalar da cidade, diminuindo o impacto, deixando-o pronto para ser interiorizado. Recebemos, acolhemos, abrigamos e deixamos prontos para ser interiorizados”, disse o coronel.
Dos R$ 190 milhões destinados aos cuidados com a imigração, segundo Kanaan, R$ 40 milhões são investidos em alimentação. “O restante é para investir na estrutura que inclui fretamento de ônibus, dedetização, contêineres, banheiros, telefonia, internet, banheiros e etc. As próprias empresas que ganharam as licitações estão contratando imigrantes, como a empresa que vai montar os contêineres, que contratou 100% da mão de obra venezuelana”, disse, ao ressaltar que a economia está sendo aquecida com a imigração porque a própria alimentação dos imigrantes é comprada no Estado.
O deputado Carlos Andrade (PHS), que estava à frente da Comitiva formada pelos deputados Édio Lopes (PR), Abel Galinha (DEM), Jonathan de Jesus (PRTB), Maria Helena Veronesse (MDB) e Remídio Monai (PR), disse que a comitiva veio ver o que está sendo feito na prática em prol dos imigrantes, e verificar se essas ações também melhoraram a vida dos brasileiros que foram afetados pela falta de saúde, segurança e educação, problemas que se agravaram pela imigração, principalmente a venezuelana.
Por Marilena Freitas
SupCom/ALE-RR