A falta de informação de médicos e pacientes pode colaborar para um diagnóstico tardio
A endometriose é uma doença ainda pouco conhecida entre a maioria das mulheres. Para divulgar e alertar a sociedade, a Procuradoria Especial da Mulher, da Assembleia Legislativa, tem realizado uma série de ações para chamar atenção das pessoas para os riscos da doença.
A autônoma Eliane Macêdo, de 46 anos, era uma dessas pessoas que sabia pouco sobre esta doença até ser diagnosticada com endometriose, em 2015. Ao receber o diagnóstico, ela foi surpreendida ao saber que a patologia havia tomado conta não só do seu sistema reprodutivo, mas também de órgãos da região do intestino. Apesar de sempre sofrer com as fortes dores, os médicos nunca lhe deram uma informação exata, o que ela acredita que poderia evitado inúmeros problemas.
“Eu sentia muita dor no período menstrual, inchava, sagrava e a partir do momento que comecei a ter crises, nunca mais consegui trabalhar em uma empresa com algo fixo, porque eu piorava a qualquer momento. Isso mudou completamente a minha vida”, relatou a autônoma.
Outra dificuldade enfrentada por ela foi a falta de assistência do poder público com relação aos exames. Apesar da situação avançada da doença, à época, o Estado não possuía o exame de laparoscopia (procedimento que pode ser indicado para mulheres que sofrem de endometriose). “Sempre diziam que era um cisto, mas nada relacionado à doença. Em 2016 eu fiz a cirurgia, onde eu perdi um ovário, uma trompa e a doença já estava no reto, intestino e outros órgãos”, detalhou Eliane.
Falta de informação
Situações como a de Eliane são frequentes pela falta de informação. Para sensibilizar a população a respeito da doença, foi instituída a Semana Estadual de Educação Preventiva e de Enfrentamento à Endometriose. Realizada na semana do dia 13 de março, a campanha foi criada pela Lei nº 1.111/2016, de autoria da deputada Lenir Rodrigues (PPS).
Para divulgar e alertar a sociedade a respeito dos riscos da doença, nesta sexta-feira (15), a Procuradoria Especial da Mulher, realizou uma panfletagem na frente da Assembleia Legislativa de Roraima. O objetivo era chamar atenção das pessoas para os riscos da Endometriose.
Conforme a procuradora-adjunta especial da Mulher, Socorro Santos, a lei é uma forma de educar e fazer com que as mulheres procurem por tratamento. “A população precisa saber que endometriose é uma doença, e os médicos precisam repassar essas informações para as pacientes. Com a informação, todos ficam atentos e isso evita que muitas mulheres sofram consequências mais sérias”, destacou.
As ações encerram no próximo dia 30 com a realização da Endomarcha, na Praça do Centro Cívico, a partir das 8h da manhã.
Endometriose
É uma doença caracterizada pela presença do endométrio – tecido que reveste o interior do útero – fora da cavidade uterina, ou seja, em outros órgãos da pelve: trompas, ovários, intestinos e bexiga. O tratamento é feito com auxílio médico e os sintomas podem ser: cólica intensa dentro ou fora do período menstrual, dor pélvica ou na região lombar, dor durante ou após o ato sexual, dor para urinar ou evacuar e desconforto abdominal.
Texto: Jéssica Sampaio
Foto: Reprodução/TV ALE
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