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Ex-secretário é ouvido pela CPI da Saúde na Assembleia Legislativa

Durante mais de quatro horas de depoimento, o ex-secretário de Saúde do Estado, Ailton Vanderlei, apontou à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) diversos problemas na gestão da Sesau (Secretaria Estadual de Saúde), a começar pela dívida de R$ 500 milhões da pasta.

Ailton Vanderlei explanou sobre a forma como encontrou à Sesau no início da gestão dele, que teve três meses de duração, de janeiro a abril deste ano. Entre os problemas apontados por ele estava a falta de abastecimento nas Unidades Hospitalares, folha de pagamento atrasado, interdição e fechamento de centros cirúrgicos e a necessidade auditoria em contratos.

Ele afirmou que foi a partir desta decisão que passou a sofrer “ataques” e “retaliações”. “Passei a sofrer muitos ataques e à minha família. Quando eu vi que não ia conseguir, eu pedi para sair”, declarou o ex-secretário.

O presidente da CPI, deputado Coronel Chagas (PRTB), assim como outros membros da comissão, questionaram quem seriam os políticos ligados a empresas terceirizadas, e detalhes sobre o que ele chamou de “corrupção sistêmica” em publicação em rede social no dia 3 de abril deste ano, ao deixar a pasta. O ex-gestor se negou a citar nomes publicamente e disse que estas informações estariam a cargo de órgãos de controle responsáveis em analisar os contratos entregues por ele para auditoria. Em seguida houve uma reunião reservada onde o depoente esteve com a Comissão e, depois de assinar o testemunho, foi liberado.

A respeito das denúncias de médicos que receberiam sem trabalhar, ele também não citou publicamente nomes e defendeu. “A grande maioria que trabalha lá [no Hospital Geral de Roraima], cerca de 90% ou mais, são honestas e ainda trabalham em condições ruins”, frisou.

A deputada Lenir Rodrigues (Cidadania) pediu para que Ailton Vanderlei descrevesse os tipos de ameaças feitas a ele ou a membros da família. Em resumo, ele falou que “quando se entra na secretaria, você entra sadio e sai doente”, e se emocionou ao revelar que algumas pressões são feitas, sem entrar em detalhes.

Por fim, a parlamentar perguntou a ele qual seria a solução, caso ele fosse gestor da Sesau atualmente. “Primeiro, resolveria a questão do abastecimento. Segundo, melhoraria a condição de trabalho e terceiro, redirecionaria o orçamento, pois no sistema público se terceiriza tudo”, disse Vanderlei.

Terceirizações

As declarações de Ailton Vanderlei reforçaram o comprometimento do orçamento da Saúde com o pagamento de empresas terceirizadas, folha de servidores comissionados e efetivos, além da Cooperativa, que somam R$50 milhões ao mês. “Não conseguimos comprar cama, nenhum colchão a quem está no Sistema Único de Saúde. Todo esse orçamento é comprometido com prestação de serviços”.

O ex-secretário revelou que no período em que assumiu a Sesau, a folha de pagamento de servidores efetivos e comissionados orçavam em R$ 28 milhões, à cooperativa médica eram destinados R$ 12 milhões e para empresas terceirizadas, R$ 10 milhões. Segundo ele, houve redução na folha da cooperativa na época em que deixou a Pasta, para R$7,5 milhões.

Avaliação

O presidente da CPI da Saúde, deputado Coronel Chagas, avaliou como positiva a primeira oitiva do grupo e disse que as informações colhidas com o ex-secretário Ailton Vanderlei contribuirão para as investigações. “Muitas informações abertas e outras, por deliberação da CPI, que precisam ser avaliadas, colhidas de forma reservada”.  Em relação aos processos, devido ao quantitativo de volumes apresentados, todos estão por fase análise pelos membros da comissão.

Já na avaliação do relator, Jorge Everton, Ailton Vanderlei foi contraditório em depoimento à CPI.

Participaram desta primeira oitiva os membros da CPI da Saúde: Coronel Chagas (PRTB), como presidente; Nilton Sindpol (PATRI), vice; Jorge Everton (MDB), relator; Soldado Sampaio (PCdoB), Evangelista Siqueira (PT) e Lenir Rodrigues (Cidadania), como membros. A deputada Aurelina Medeiros (Pode), Chico Mozart (Cidadania) e Jeferson Alves (PTB), também acompanharam a reunião.

 

Texto: Yasmin Guedes 

Foto: Eduardo Andrade

SupCom ALE-RR

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