A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Roraima (ALERR) alerta para o número crescente de casos de HPV (Papiloma Vírus Humano) no Estado, principalmente entre os jovens. O presidente da Comissão, deputado Neto Loureiro (PMB) destaca a importância da vacina, que começou a ser distribuída pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em 2014, inicialmente para meninas e ampliado para os meninos em 2017.
“Nós fazemos um apelo aos pais para que levem seus filhos para vacinar. Muitas vezes o vírus não apresenta sintomas e termina infectando outras pessoas”, ressaltou Neto Loureiro.
Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde (MS) em 2019, a região Norte apresenta o maior número de casos de HPV e Roraima ocupa o segundo lugar no ranking dos estados, ficando atrás apenas do Pará.
Uma pesquisa feita por professores e alunos do curso de medicina da Universidade Federal de Roraima (UFRR) entre os meses de agosto de 2019 e julho de 2020 revelou que houve uma redução nas doses do imunizante, aplicadas em Roraima. De acordo com dados apresentados na pesquisa, o número de doses aplicadas em 2020 em meninas foi 4506 e em meninos 3520, número abaixo do registrado no ano anterior.
Segundo a professora Bianca Siqueira, que orientou os estudantes na pesquisa, além da pandemia outros fatores colaboram para a diminuição na vacinação. “Muitos pais que foram ouvidos na pesquisa relataram que a religião a qual eles pertencem, não preconiza esse tipo de vacina. Além disso, muitos pais possuem a crença que vacinando seus filhos isso estimula o início da vida sexual”, pontua.
O psicólogo Wagner Costa explica que muitas vezes as pessoas utilizam a religião para justificar a não aceitação das vacinas. “As pessoas precisam entender que a religião não é contrária à ciência. É importante que pais avaliem essas escolhas e como elas impactam na vida dos nossos filhos”, enfatizou.
Vacina gratuita
De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), do Ministério da Saúde, existem duas vacinas profiláticas contra HPV aprovadas e registradas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que estão comercialmente disponíveis no Brasil: a vacina quadrivalente, da empresa Merck Sharp & Dohme (nome comercial Gardasil), que confere proteção contra HPV 6, 11, 16 e 18; e a vacina bivalente, da empresa GlaxoSmithKline (nome comercial Cervarix), que confere proteção contra HPV 16 e 18.
Em 2014 o MS iniciou a distribuição na rede pública de saúde da vacinação gratuita contra o vírus HPV em meninas de 9 a 13 anos de idade, com a vacina quadrivalente. Esta faixa etária foi escolhida por ser a que apresenta maior benefício pela grande produção de anticorpos e por ter sido menos exposta ao vírus por meio de relações sexuais. Em 2017, as meninas de 14 anos também foram incluídas. Além disso, o esquema vacinal do SUS foi ampliado para meninos de 11 a 14 anos, no mesmo ano.
O vírus do HPV é transmitido pelo contato sexual. Existem mais de 100 variações e pelo menos 13 podem desencadear câncer do colo de útero. O público alvo são crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, e especialistas recomendam que a vacina seja tomada antes do início da vida sexual.
Texto: Bruna Gomes
Foto: Tiago Orihuela e Marley Lima