O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha é comemorado neste domingo (25). A data foi criada para reconhecer a luta e a resistência da mulher negra contra a opressão de gênero, o racismo e a exploração de classe. E a TV Assembleia, por entender a necessidade desse debate, exibe o musical “Se Acaso Você Chegasse”, uma homenagem à cantora Elza Soares. A produção vai ao ar às 19h deste domingo, no canal 57.3 e também no YouTube da Assembleia Legislativa (@assembleiarr).
Apesar de corresponder a 54% dos brasileiros, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a população negra ainda luta para eliminar desigualdades e discriminações. Para a mulher negra o preconceito é duplicado ou triplicado, não só pela questão da cor da pele, mas pelo simples fato de ser mulher. A classe social em que a negra está inserida também tem um peso considerável.
Os acontecimentos da vida de Elza Soares, contados no musical “Se Acaso Você Chegasse”, são a prova da resiliência de uma raça, que ainda vive o bojo de séculos de escravidão. A pobreza, a gravidez e os casamentos precoces, os momentos marcantes das carreiras, os amores achados e perdidos são intercalados por canções do próprio repertório, interpretadas, sobretudo, pelas atrizes da montagem.
No entanto, mais do que mostrar facetas da história de uma grande intérprete da Música Popular Brasileira, a peça instiga o espectador a refletir sobre a seguinte questão: e se você fosse Elza, teria feito diferente?
Para o diretor do espetáculo, Antônio Marques, que estreou em 2010 e ficou em cartaz no circuito baiano até 2017, sendo, inclusive, prestigiado pela própria Elza, um dos destaques da produção veiculada no canal 57.3, é a presença de cantoras tanto no começo quanto no final da atração.
“Esse espetáculo foi gravado há quatro anos no Espaço Cultural da Barroquinha, em Salvador, e traz na abertura do evento as cantoras Sátyra Carvalho e Denise Correia interpretando “Mulher do Fim do Mundo”. O encerramento do musical fica por conta da cantora Manuela Rodrigues, que interpreta a música “A Carne”, dois dos maiores sucessos da Elza Soares”, frisou o diretor.
A produção do musical é da Arte Sintonia Companhia de Teatro, única companhia soteropolitana que se dedica ao trabalho do teatro musicado. O grupo composto apenas por atores negros, que traz no repertório musicais para todas as idades, aproveita o mês de julho para colocar em debate a inserção dos artistas negros, sobretudo, às mulheres, em um mercado de pouco incentivo governamental e empresarial.
Além da participação das cantoras Sátyra Carvalho, Manuela Rodrigues e Denise Correia (que também é atriz da companhia), o musical contou com os atores Agamenon de Abreu, Clara Paixão, Gilson Garcia, Jôsi Varjão, Lívia França e Leonardo Freitas, e os bailarinos Davi Santos e Irven Alves.
Dia de Luta
Desde 1992, 25 de julho é reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, uma data que carrega um peso histórico e social.
O 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas, aconteceu em Santo Domingo, na República Dominicana, com o objetivo de dar visibilidade à luta da mulher negra contra a opressão de gênero, a exploração e o racismo.
No Brasil, instituído por meio da Lei nº 12.987, o dia 25 de julho também é marcado como o Dia da Mulher Negra e o Dia Nacional de Tereza de Benguela, líder quilombola símbolo de luta e resistência do povo negro.
Tereza assumiu o quilombo do Quariterê, no Mato Grosso, após a morte do marido, José Piolho, e se destacou na organização política com a criação do parlamento local, na produção de armas, na colheita e no plantio de alimentos, bem como na fabricação de tecidos que eram vendidos nas redondezas.
SupCom ALE-RR
Imagens cedidas pela Cia Arte e Sintonia