Para marcar a Semana da Pessoa com Deficiência, iniciada na segunda-feira (20), quando se celebrou o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência, a TV Assembleia (57.3) e o Programa de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Casa Legislativa promovem eventos voltados ao tema que se encerram em 28 de setembro. A live “O Papel das Políticas Públicas no Contexto Histórico da Deficiência” abriu a programação especial na noite desta terça (21).
“O Esporte como Ferramenta de Inclusão Social” será tema da live desta quarta-feira (22), transmitida a partir das 19h pela TV Assembleia (57.3) e redes sociais (@assembleiarr), com participação do coordenador do Centro de Referência Paralímpico de Roraima, professor Vinícius Denardin Cardoso, e do roraimense Hermano Albuquerque Damasceno, campeão brasileiro de Paraciclismo na prova Contrarrelógio realizada em São Paulo, em 2019.
O encontro híbrido desta terça foi mediado pelo coordenador do Centro de Apoio à Pessoa com Deficiência do Poder Legislativo, Jean Martins, com a presença da representante do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Lúcia de Lucena, e as participações virtuais da presidente do Programa de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da ALERR, deputada Lenir Rodrigues (Cidadania), do vice-presidente da Associação Suo Jure de Roraima, Hiderlan Bonfim, da integrante da Associação de Pais, Amigos e Familiares da Pessoa com Síndrome de Down (AMAR DOWN), Elisangela Monção, e da presidente da Advir (Associação dos Deficientes Visuais de Roraima), Deyseane Arruda.
Temas como acesso à educação, mercado de trabalho, políticas públicas e dificuldades da pessoa com deficiência no Estado foram destaques da live. Lúcia de Lucena apontou defasagem nos dados fornecidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Segundo a instituição, Roraima tem 21% de pessoas com algum grau de deficiência. “Esses números são de 2010, imagine agora qual o percentual em 2021?!”.
Por integrar o Conselho Estadual, ela falou sobre os trabalhos e dificuldades enfrentados principalmente com a pandemia, quando todos os serviços foram reduzidos para atender às recomendações sanitárias na contenção do avanço da covid-19. Lúcia de Lucena aproveitou o momento para externar a felicidade em ter mais uma organização em prol da pessoa com deficiência em Roraima. “A Assembleia abre as portas, a gente acredita no avanço”, destacou.
Honrada com o reconhecimento, a deputada Lenir Rodrigues contou sobre o trabalho do Programa de Defesa dos Direitos Humanos e a forma de contribuir para o fortalecimento das políticas públicas para as pessoas com deficiência, seja pelo programa ou pela Comissão Permanente de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Idoso, a qual integra na Assembleia Legislativa.
“São ferramentas para fortalecer as políticas públicas e as instituições. A sociedade tem conhecimento que nós temos esses órgãos dentro da Assembleia para isso”. Em tempos de discussão orçamentária, Lenir Rodrigues pediu mais participação na luta por emendas parlamentares destinadas às entidades.
A educação, acredita a parlamentar, é fundamental para disseminar e sensibilizar a sociedade como um todo sobre os direitos e deveres das pessoas com deficiência. “Temos leis que não são cumpridas nem são divulgadas. O centro virá para mostrar isso, os direitos, as leis no Estado”, disse.
Acolhimento
Ter uma pessoa com Síndrome de Down em casa é sinônimo de carinho e aprendizado desde o nascimento, comentou Elisângela Monção. Ela explicou as ações desenvolvidas pela AMAR DOWN RR.
“Acolher as famílias que recebem o diagnóstico da Síndrome de Down. O momento da notícia, independentemente da deficiência, traz um certo trauma às famílias. Elas se sentem sozinhas. Com o acolhimento, a gente procura levar as nossas experiências de que o susto é grande, mas as possibilidades são bem maiores.”
Quem mora na capital do Estado, enfrenta dificuldades. Estar longe do grande centro representa perigo para o desenvolvimento da criança.
“Desconheço essas terapias nos municípios. Precisam se deslocar para Boa Vista para garantir o acesso ao tratamento, que precisa ser feito duas vezes por semana. Imagina quem mora no Sul do Estado e precisa vir para a cidade duas vezes por semana”, reclamou Elisangela. Fora isso, há a possibilidade de se tratar em outros Estados, mas o TFD (Tratamento Fora de Domicílio) não supre as necessidades da família.
Dificuldades
O uso de tecnologias aproximou quem estava longe e permitiu avanços nos encontros para luta de direitos. A presidente da Advir, Deyseane Arruda, agradeceu a participação para representar os deficientes visuais, mas lembrou que ainda falta muito para melhorar a vida em sociedade deste público.
“Apesar dos avanços, ainda temos muitas dificuldades porque os deficientes visuais não têm conhecimento de algumas tecnologias.”
E por falar em integração, a participação de um surdo ocorreu com auxílio de intérprete/tradutor de Libras (Língua Brasileira de Sinais). Hiderlan Bonfim não deixou de expressar os desafios no mercado de trabalho.
“Os surdos sofrem bastante. Na questão do trabalho, os salários são reduzidos, são R$ 900 [abaixo do salário mínimo estipulado pelo Governo Federal]”, salientou. Ele sugeriu mais investimentos na capacitação de profissionais para atendimento aos surdos.
População participa de maneira virtual
Perguntas enviadas pelas redes sociais por internautas foram respondidas pelos convidados. Acesso a aparelhos de audição, o direito à educação inclusiva e de que maneira o cidadão pode garantir acessibilidade às pessoas com deficiência foram algumas das questões apresentadas. “Temos que exigir os direitos e as famílias precisam ser orientadas”, destacou a deputada Lenir Rodrigues.
Texto: Yasmin Guedes
Foto:
SupCom ALERR