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NORMAL OU CESÁREA
Audiência na Assembleia Legislativa discute autonomia da mãe na escolha da forma de parto

Uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Roraima, nesta sexta-feira (1º), vai debater a autonomia da gestante para decidir pelo parto normal ou cesárea. Promovida pela deputada Tayla Peres (PRTB), a reunião acontece a partir das 9h, no Plenário Deputada Noêmia Bastos Amazonas.

“É um sonho que parece ser muito distante da realidade, mas em que acredito muito. O que me motivou a propor essa audiência é saber que uma mulher que tem condições financeiras de ir para um hospital particular, pode optar pelo tipo de parto, cesariana ou normal. E por que pelo SUS [Sistema Único de Saúde], dos hospitais públicos, a mulher não pode ter essa autonomia? Claro, conforme os protocolos e as orientações médicas”, explicou.

Para a parlamentar, o debate trará um ganho para as mulheres do Estado. “A gente traz esse tema à discussão para propor um projeto de acordo com as orientações médicas, mas que também atenda o anseio das mulheres de Roraima”, acrescentou.

‘Negligência’

A autônoma Magna Gomes da Costa, 33 anos, está na fase de superação da dor da perda do filho Iago. Mãe de sete filhos vivos, conhecia bem o corpo dela e sabia que o parto normal não seria possível.

“Por negligência, ele não está entre nós, pois não teve a chance de se defender. Tive sete filhos por parto normal, e na maternidade queriam que Iago também nascesse dessa forma. Ele passou da hora de nascer e ficou sem oxigênio. Quando perceberam a situação, rapidamente fizeram uma cesárea. Nasceu com vida, mas não resistiu, apesar de ter ido para a UTI Neonatal”, contou.

Magna afirma ser contra a equipe médica decidir qual o melhor tipo de parto sem a anuência da parturiente.

“Sou totalmente favorável à mulher escolher o parto. Essa é a forma mais certa porque eu me conheço e sei o que meu corpo está avisando. E as quatro vezes em que fui à maternidade, sempre falava para a médica que o meu xixi já estava esverdeado, tive pressão alta, meu corpo avisou”, relatou.

A autônoma entrou com um processo contra o Estado pedindo reparação pelos danos que sofreu.

“Meu filho esperou um bom tempo por uma vaga na UTI.  Neste 1º de outubro, vai fazer um mês. Os primeiros 15 dias foram de sofrimento, fui acompanhada por psicólogo. Quero mudanças para que outras mulheres não passem por isso”, disse.

Apoio total à autonomia

Franciene Karolyne Veloso Sousa, 24, é mãe de uma criança de cinco anos e está grávida de 32 semanas. Ela vai participar da audiência pública com o intuito de ser mais uma voz para mudar a realidade atual.

“Sou favorável à autonomia da gestante na escolha do parto devido ao fato de muitas mães passarem por problemas na gravidez e, mesmo assim, serem forçadas a ter parto normal, ainda que não tenha dilatação. Acho muita falta de respeito e uma humilhação para a mãezinha, que já aguenta nove meses passando por muitas preocupações, e muitas das vezes desenvolve anemia, diabete gestacional, entre outros problemas, e quando chega à maternidade com toda documentação de cesariana, eles forçam a ter um parto normal”, disse.

Ela ressalta que muitas gestantes perdem a criança “por negligência médica, mesmo vendo a situação em que se encontra a mãe”. “É muito importante cada mãe poder escolher. Estou de acordo e apoio 100%. Todas as mamães juntas pela escolha da hora do nosso parto!”, afirmou.

A engenheira Ariane Amorim, 27 anos, é mãe de uma menina. Ela disse não ter dúvida que a escolha do tipo de parto deve partir da parturiente, e que é necessário munir as gestantes de informações sobre como funcionam, as vantagens e desvantagens.

“Acredito que cada mulher tenha o direito de conhecer as formas de parto e seus benefícios e riscos, pois só tendo esse conhecimento é possível escolher o melhor tipo para cada realidade. Infelizmente, vemos muitos casos de violência obstétrica, e isso ocorre muito pela falta de informação das gestantes e dos acompanhantes”, ressaltou.

 

Participantes

A audiência vai contar com a presença da secretária de Estado do Trabalho e Bem-estar Social (Setrabes), Tânia Soares de Souza; o secretário de Estado da Saúde, Antonio Leocádio Vasconcelos Filho; presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM-RR), Blenda Avelino Garcia; presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)-Seccional Roraima, Ednaldo Gomes Vidal; diretora do Centro de Referência da Saúde da Mulher, Marília Pinto; presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de Roraima, Eugênia Glaucy Moura Ferreira; presidente da Sociedade Roraimense de Pediatria, Mareny Damasceno Pereira; da fisioterapeuta Pélvica Maria Gleisilene Ponte Peres; representante da Diretora da Maternidade Nossa Senhora de Nazaré, Iza Mafalda Costa Colombiano; obstetra e fetóloga Cynthia Dantas; coordenadora do Curso de Medicina da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Stella Maris Seixas Martins; e do coordenador do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Roraima (UERR), Mário Maciel de Lima Júnior.

Texto: Marilena Freitas

Foto: Eduardo Andrade/ Jader Souza

SupCom ALE-RR

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