A importância da fisioterapia neurointensiva no desenvolvimento da criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) foi um dos assuntos abordados nesta segunda-feira (28), durante a Semana do Autismo, evento promovido pela Assembleia Legislativa (ALE-RR) em parceria com o Instituto de Educação de Roraima (Ierr), cujo lema é “A pessoa com autismo, vivendo e aprendendo”. As discussões seguem até esta terça (29) na unidade Maria Odete, antiga Universidade Virtual de Roraima, localizada na avenida São Sebastião, 521, bairro Tancredo Neves.
A madrinha do projeto, deputada Angela Águida Portella (PP), abordou o envolvimento do Poder Legislativo na causa dos autistas, ressaltou a importância dos debates para a conscientização da sociedade e o estímulo e fortalecimento da rede de proteção das famílias com crianças autistas. A parlamentar é presidente do Programa de Atendimento Comunitário do Poder Legislativo e da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência e do Idoso. O divisor de águas na luta pelos direitos das crianças autistas se fortaleceu após o nascimento do neto com TEA, Ângelo Miguel.
“Sou pedagoga e minha vida na educação me trouxe experiências, mas nenhuma delas foi tão expressiva quanto o nascimento de meu neto. Quero trabalhar cada vez mais com as famílias que também vivem essa experiência para que elas consigam lidar com sentimentos, sabendo que podem ser acolhidas por todos. Levei esse assunto [autismo] ao governador Antonio Denarium e à primeira-dama, Simone Denarium, e eles são muito sensíveis a essa causa. Destinei recursos de emenda parlamentar para ampliar o atendimento a crianças e adolescentes autistas e precisamos agir ainda mais”, afirmou.
A reitora do Ierr, Elísia Martins, ressaltou a inclusão de pessoas com autismo na sociedade e os desafios das famílias nesse contexto. “Atendemos os familiares e as pessoas que trabalham com autismo em Roraima, e a tendência é que nossa união aumente cada dia mais e que a gente consiga o máximo de pessoas na causa. O Ierr está de portas abertas”, garantiu.
Programação
“Descobrindo o autismo-luto, processo de aceitação” foi o primeiro tema proposto, ministrado pela psicóloga com especialização e mestrado em Intervenção ABA para autismo e deficiência intelectual Heloísa Helena Moreira. Para ela, são primordiais o diálogo e a internalização de conhecimentos.
“É um tema de grande relevância, pois estamos vivendo um momento de necessidade de informação e troca de experiências para que possamos interagir e trabalhar com as pessoas autistas como elas merecem, de forma técnica, especializada e humanizada, para que tenham uma vida normal, saudável e feliz”, destacou.
O tema da palestra chamou a atenção de Dalrilene Soyane Silva Figueiredo, 21 anos, que tem um filho autista. O diagnóstico veio há dois meses e mudou a rotina da família. O processo de aceitação ainda está sendo digerido pela estudante. “Não está sendo fácil, pois todos os dias temos novas descobertas. O que me conforta é ter o apoio total dos meus familiares e saber também que tenho a oportunidade de aprender com esses profissionais. Eventos como esse são muito importantes”, revelou.
O segundo tema da manhã tratou da importância da fisioterapia neurointensiva no desenvolvimento da criança, ministrada pela fisioterapeuta pós-graduada em Fisioterapia no TEA, Psicomotricidade e Fisioterapia Neurofuncional e aplicadora ABA Thaynara Melo.
Às 14h, se iniciou uma mesa-redonda sobre estratégia naturalista baseada no método Denver, com as psicólogas especialistas no método Patrícia Sales, Wislânia Morais, Nataly Muniz e com a especialista em terapia ocupacional Bruna Dourado. Às 15h, atividades lúdicas para o público participante.
Segundo dia
Nesta terça-feira, mães e familiares vão compartilhar relatos e experiências, a partir das 9h. Logo após, haverá palestras voltadas para a criação do Centro de Apoio à Família (TEAMARR), com a deputada Angela Águida Portella e o coordenador do centro, professor Ednaldo Coelho.
Às 14h, as discussões serão voltadas para os desafios da inclusão escolar para alunos com TEA e a importância da capacitação da equipe pedagógica, com Thomas S. Higbee, professor e associado do Departamento de Educação Especial e Reabilitação da Universidade Estadual de Utah, nos Estados Unidos. A doutora em Educação Especial e especialista em Análise de Comportamento Ana Paula e a fonoaudióloga clínica e terapeuta certificada pelo Hanen Centre (Canadá) Grace Cristina participam também das discussões. A palestra de encerramento terá o tema “A pessoa com TEA, vivendo e aprendendo”.
Texto: Kátia Bezerra
Foto: Jader Souza
SupCom ALE-RR