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NOVEMBRO AZUL
Assembleia Legislativa abraça campanha e incentiva prevenção do câncer de próstata

O prédio da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) está iluminado com a cor azul em alusão à campanha Novembro Azul, dedicada a alertar a população masculina para a prevenção do câncer de próstata.

Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) mostram que o de próstata ocupa a primeira posição no país em todas as regiões brasileiras, com um risco estimado de 29,39/100 mil na região Norte. Em Roraima, nos últimos dois anos, foram 70 novos casos, dos quais 50 em Boa Vista. Em 2020, foram registradas 26 mortes no Estado.

O jornalista, diretor de teatro e escritor Junior Brasil, 63 anos, é um dos que fazem parte da estatística do INCA. Ele conta que descobriu o câncer de forma casual em 2019.

 

“Senti uma tontura na rua e fui averiguar a causa, em um posto médico. Aparentemente, não havia nada de errado comigo e a pressão estava ok. Pela minha idade, os médicos brincam que minha pressão é de garotão. A médica que me atendeu resolveu investigar, pedindo uma bateria de exames e, a pedido de meu anjo da guarda, incluiu, no rol, um exame de PSA [Antígeno Prostático Específico], o que não seria usual diante de um quadro de tontura”, contou.

 

Foi nesse exame que ele descobriu a doença. “Havia uma alteração absurda nas taxas, que não deixavam dúvidas. A corrida agora era para a cirurgia. Fiz a cirurgia e, depois de dois anos, minhas taxas começaram a subir outra vez, indicando recidiva da doença”, disse.

Por ser uma pessoa esclarecida, Junior Brasil sabe que o câncer pode voltar a qualquer momento, portanto exige acompanhamento. “Não se pode falar de cura antes de sete a dez anos. Seja em metástase ou com novo foco na área do tumor original. No meu caso, a área da próstata, onde a incidência da doença é maior nos homens”, explicou, ao destacar que por isso é importante a população masculina fazer os exames de rotina e monitorar após os 40 anos.

Ele relatou que sempre foi cuidadoso com a saúde, e que exames preventivos anuais sempre foram prioridade na vida dele. Em 2014, após exames de rotina houve uma suspeita devido a uma infecção urinária, mas nada foi confirmado.

“Nessa época, fiz duas biópsias, mas como não deu positivo, o médico me mandou relaxar, e foi o que eu fiz. Acho que passei uns dois anos sem me importar. Poderia ter feito novos exames depois de seis meses, mas não fiz. Negligenciei”, reconheceu.

Para o jornalista, o que ele sentiu na ocasião foi “benéfico” para descobrir a doença. “Foi meu anjo da guarda que mandou aquela tontura, pois nunca senti nada antes dela. Tudo parecia estar normal. Mas não dá para relaxar e esperar, saibam que essa doença é rápida. É uma corrida contra o tempo. E o que era ainda indetectável na biópsia, virou um tumor perigoso”, falou.

Este ano, nova recidiva e tratamento com radioterapia, mas ele garante que está em paz. “Eu vivo bem, sem expectativas nem dramas. Apesar de acreditar que Deus tem muito mais o que fazer e, digamos assim, esqueceu de mim naquele momento, tenho muita fé e não contesto Sua vontade. Talvez por isso nunca tenha me abalado emocionalmente. Se tá escrito, quem sou eu pra contestar?”, acredita, mas aconselha aos homens não negligenciar porque as incidências serão cada vez maiores para essas doenças senis.

O último tratamento está sendo feito no Hospital de Barretos, em São Paulo. Ele garante que é excelente e que a cada dia melhora. “Precisamos falar mais sobre essa doença. Tirar o estigma da palavra câncer. Muitos nem sequer pronunciam o nome, referindo-se a ela como C.A. e outros eufemismos. Precisamos quebrar esse tabu e o peso que essa palavra ainda carrega. Afastar o medo para vencê-la. Eu sigo em frente e vivo feliz. Acredite!”, reforçou.

Junior Brasil relatou que o Hospital de Barreto acolhe todos os pacientes da melhor forma possível e faz os pacientes se sentirem seguros com relação à cura. O que falta, na opinião dele, é mais apoio da esfera pública governamental.

“É um acolhimento incrível. Nunca me senti tão bem acolhido em um espaço de saúde como em Barretos. São profissionais, mas não há frieza profissional, todos te tratam pelo nome, do porteiro ao médico. O lado ruim é o abandono dos pacientes do SUS [Sistema Único de Saúde], que passam necessidades. O auxílio financeiro do governo é muito pouco para quem vai fazer o tratamento fora do Estado. Poderiam pelo menos dobrar esse valor”, sugeriu.

 

Atividades físicas auxiliam na prevenção

A Escola Brasileira de Oncologia recomenda atividades físicas para a prevenção e controle do câncer. O Portal do INCA (https://www.inca.gov.br) disponibiliza uma cartilha com recomendações de atividade física para prevenir e reduzir a mortalidade de sobreviventes do câncer.

Entre as atividades indicadas, estão aquelas costumeiras no dia a dia, como caminhar, andar de bicicleta, dançar, passear com o animal de estimação e praticar esportes recreativamente, até aquelas mais sistematizadas, como ginástica e musculação.

O Centro de Convivência da Juventude da Assembleia Legislativa de Roraima oferta gratuitamente atividades culturais e recreativas que podem ser feitas por toda a família. Os interessados devem procurar a Superintendência de Programas Especiais, localizada na Avenida Ataíde Teive, nº 1370, bairro Buritis, para buscar mais informações.

A cartilha explica que, em sobreviventes do câncer de próstata, a atividade física de intensidade moderada à vigorosa realizada após o diagnóstico da doença reduz o risco de mortalidade específica por câncer.

“Para aumentar a sobrevida de câncer de cólon, reto, mama e próstata, recomenda-se que sobreviventes pratiquem ao menos 150 minutos semanais de atividade física de intensidade moderada, ou, ao menos, 75 minutos de atividade física de intensidade vigorosa, ou, ainda, uma combinação equivalente de atividades moderadas e vigorosas”, aconselha a cartilha.

O presidente da Assembleia Legislativa de Roraima, Soldado Sampaio (Republicanos), lembrou que o Parlamento tem preocupação com a saúde de todos, porque população sadia significa menos investimentos em doenças e mais em educação, lazer, cultura e infraestrutura.

Ele é autor da Lei Ordinária nº 1.036, de 30 de março de 2016, que institui a Política Estadual de Atenção Integral à Saúde do Homem no âmbito do SUS. O objetivo da lei é promover a melhoria das condições de saúde da população masculina e reduzir a morbidade e mortalidade, levando-se em conta as particularidades socioculturais de cada indivíduo.

Pretende-se integrar o homem à rede de serviços de saúde, conscientizando-os por meio de campanhas como Novembro Azul, estimulando a participação dele no cuidado com a saúde.

 

“Investimos em campanhas, como s Novembro Azul, pois precisamos enfrentar essa discussão de maneira transparente e ampla, quebrando o tabu, orientando e conscientizando, lembrando às pessoas que o melhor tratamento para o câncer é a prevenção. Que busque o médico e faça todos os exames. Há resistência por parte dos homens em relação ao câncer de próstata, é uma coisa que faz parte da nossa cultura, mas os tempos mudaram. A ciência traz isso com clareza e mostra que a prevenção é o melhor caminho. Cabe às mulheres e os filhos conversarem com seus pais, irmãos, avós para que adotem a campanha, seja no lar, na igreja, onde houver convivência para difundir o combate ao câncer de próstata”, disse Sampaio.

 

 

 

Segundo mais comum entre homens

O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não melanoma) no Brasil. Em valores absolutos e considerando ambos os sexos, é o segundo tipo mais comum. A taxa de incidência é maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento.

Somente homens têm próstata, uma glândula localizada na parte baixa do abdômen. Pequena, tem a forma de maçã, abaixo da bexiga e à frente do reto (parte final do intestino grosso). A próstata envolve a porção inicial da uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada. Ela reduz a produção do sêmen, líquido espesso que contém os espermatozoides, liberado durante o ato sexual.

É considerado um câncer da terceira idade, pois 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. Por não ser uma doença de notificação obrigatória, o INCA não dispõe de números de casos de câncer diagnosticado, apenas estimativas de novos casos dos tipos mais incidentes na população brasileira.

Estimam-se 65.840 casos novos de câncer de próstata para cada ano do triênio 2020-2022. Esse valor corresponde a um risco estimado de 62,95 casos novos a cada 100 mil homens.

Segundo os dados do Atlas da Mortalidade por Câncer, do INCA, em 2020, foram 15.841 mortes por câncer de próstata no Brasil. A estimativa mundial aponta o câncer de próstata como o segundo câncer mais frequente em homens, sendo as maiores taxas de incidência na Austrália e Nova Zelândia e nos países europeus (Norte e Leste).

Texto: Marilena Freitas

Foto: Eduardo Andrade/ Jader Souza

SupComALE-RR

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