A sala de reuniões do escritório do senador Eduardo Braga (MDB) fica no bairro Ponta Negra, na capital amazonense. Um a um, os deputados estaduais que integram a Comissão de Viação, Transporte e Obras, da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), se acomodavam enquanto conversavam sobre o motivo da reunião: as condições da BR-174, em especial, o trecho de pouco mais de 120 km que cruza a Terra Indígena Waimiri-Atroari.
Logo em seguida o senador amazonense chegou, cumprimentou a todos, e teve início um verdadeiro debate de pessoas focadas na busca pela melhoria não só de uma estrada, mas de dois Estados da região Norte: Roraima e Amazonas. Desenvolvimento que é transportado todos os dias, pela única rodovia federal que liga as duas unidades federativas.
Antes de apontar o que foi conferido de perto durante a viagem de carro de Boa Vista a Manaus, o deputado Renato Silva (Pros), presidente da Comissão de Viação, entregou à Braga, o relatório produzido pelo Laboratório de Engenharia do Ministério Público de Contas (MPC-RR), que pontuou mais tecnicamente os problemas da rodovia.
Com o relatório em mãos, Braga deu detalhes da história da rodovia, e falou sobre o trabalho que está sendo realizado no trecho amazonense da Reserva Indígena.
“É um trabalho necessário para evitar que os veículos atolem naquela área, espelhando pedras por vários trechos, que são compactadas pelos veículos que vão passando”, explicou.
Braga comentou ainda que houve problemas com empresas que assumiram a obra, mas não conseguiram concluir. O Poder Judiciário já entrou em campo para tomar providências.
“Em setembro deste ano uma nova empresa assume o serviço. Estaremos no Verão, então é a melhor oportunidade para o início de um trabalho que deve dar uma cara nova para a rodovia”, completou Braga.
IMPRESSÕES PARLAMENTARES
Os deputados estaduais roraimenses demonstraram preocupação com as condições da 174, sob vários aspectos.
“Muitas empresas levam mercadoria do Amazonas para Roraima, e da mesma forma empresas roraimenses têm no Estado vizinho, um amplo mercado. Por isso nossa preocupação em buscar apoio para a reconstrução da rodovia”, comentou Renato Silva.
A necessidade de acordo com o povo Waimiri-Atroari foi um dos pontos destacados por Eduardo Braga, a exemplo do que foi feito para a aprovação da obra do Linhão de Tucuruí, que deve ligar Roraima ao Sistema Interligado Nacional de energia elétrica.
“É um trabalho, um esforço conjunto, Estadual e Federal, para a construção de um diálogo com os indígenas, para que possamos ter o que almejamos, que é o asfaltamento da estrada”, ressaltou Angela Águida Portella (PP).
“Nós temos que começar pela Reserva Indígena. Buscar um primeiro contato sobre esse assunto, para fazer uma consulta pública, e assim seguirmos em frente para não deixar a BR-174 sem a trafegabilidade necessária para o desenvolvimento de Roraima”, pontuou o deputado Armando Neto (PL).
O trabalho dos deputados estaduais roraimenses reforça a necessidade de uma atuação conjunta para resolver o problema da BR-174.
“A gente percebeu segurança, participação e conhecimento do senador diante de toda a dificuldade enfrentada. É o nosso objetivo sendo alcançado de proporcionar esse diálogo entre parlamentares de Roraima e do Amazonas”, salientou Catarina Guerra (União).
“Aproveitamos ainda a experiência do senador Eduardo Braga como engenheiro, detalhando os trabalhos paliativos realizados na rodovia. É um longo caminho a ser percorrido para essas obras darem lugar a algo definitivo, passando inclusive pelo diálogo com os indígenas”, disse o deputado Dr. Claudio Cirurgião (União).
Para Neto Loureiro (PMB), é necessário haver uma intensificação do trabalho do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) do Amazonas, para a rodovia ter uma trafegabilidade razoável, e o diálogo com o senador Eduardo Braga pode reforçar essa necessidade. 
“É nossa única ligação com o restante do Brasil e são várias as preocupações. Uma delas com o transporte de gás para as usinas de energia. É pela BR que esse produto é transportado, e não podemos correr um risco de desabastecimento”, concluiu o parlamentar.
LABORATÓRIO DE ENGENHARIA
O relatório do Ministério Público de Contas de Roraima (MPC-RR) contou com informações técnicas sobre as condições da BR-174. Com dados coletados durante a viagem junto com os deputados estaduais, o presidente da Comissão do Laboratório de Engenharia do órgão, Sidney Minholi, explicou aos deputados, quais os critérios utilizados para a elaboração do relatório.
“Foram três critérios: sinalização horizontal e vertical, os buracos e também a limpeza da via. Foi uma análise visual, mas conseguimos constatar que as condições da estrada podem ser consideradas péssimas. Não apenas nosso relatório que identifica isso, mas tivemos como base um relatório da CNT (Confederação Nacional do Transporte), que engloba todas as estradas federais de Roraima”, detalhou Minholi.
Ele acrescentou ainda que para dar continuidade ao trabalho e elaborar um relatório mais detalhado, é necessário obter os projetos das obras que estão sendo realizadas. “Não apenas os atuais, mas também os projetos passados, para analisarmos se os trabalhos foram executados ou não”, completou.
O relatório serve de subsídio técnico para o trabalho da Comissão de Obras da ALE-RR. “Esse relatório mostra os piores trechos, a falta de sinalização e limpeza. Tudo isso aumenta a dificuldade de tráfego pela estrada e nos dá embasamento para as reuniões que vamos participar, e para o trabalho da Comissão como um todo”, finalizou o deputado Renato Silva.
Texto: Johann Barbosa
Fotos: Marley Lima
SupCom ALE-RR
