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PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS
Alunos da Escolegis sonham em dominar idioma para se comunicar bem e melhorar de vida

O curso de Português para Estrangeiros, ofertado pela Escola do Legislativo (Escolegis) da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) encerra nesta quarta-feira (04) com sucesso absoluto. Ao todo, 35 alunos estarão aptos a serem certificados. Com o documento na mão, eles acreditam que barreiras serão reduzidas, pelo menos no que tange à comunicabilidade no idioma brasileiro.

A engenheira industrial, Francis Albarran, de 30 anos, exerce uma função bem diferente daquela que investiu no passado, a de cuidadora de idosos. Na Venezuela apenas cuidava da filha e do irmão, mas a situação apertou, então ela seguiu os passos da mãe e veio para o Brasil.

Há três anos em Roraima ela conta que a falta de compreensão do idioma pesou muito neste recomeço. “Foi difícil porque quando eu cheguei aqui não sabia falar muito bem português. Agora eu sou mais confiada em falar, mas é difícil ainda. Estou fazendo muitos cursos para chegar aonde eu quero, para ter uma boa profissão. Nestes quase três anos já tive aula de português, tanto nas Escolegis quanto no Senac, para conseguir um bom trabalho. É difícil!”, exclamou.

Ela soube do curso por meio do irmão, que também costuma usar a plataforma para estudar. Garante que já melhorou muito a conversação. “Bom, eu entendo muito bem, mais do que falo. Já fiz quase dez cursos on-line, pela Escolegis, com auxílio de vídeos aulas. Um dos cursos que fiz foi de cuidador de idoso, que se ajustou ao meu trabalho. O meu primeiro curso presencial é esse de português.”, contou.

O venezuelano Brando Coronado, 27 anos, é formado em engenharia mecânica e está há dois anos em Roraima. Sem conseguir trabalho na Venezuela e sem revalidar o diploma no Brasil, encarou a primeira oportunidade que surgiu, a de serviços gerais, como a solução para se reerguer em um país com costumes e cultura bem diferentes da pátria em que nasceu.

“Decidi mudar para cá por conta das condições, minha família já estava aqui e dizia que teria trabalho e melhor qualidade de vida. E eu queria isso. Mas foi difícil, pois consigo compreender as pessoas que falam devagar, porque tem gente que fala muito rápido. Logo que cheguei, fiz curso na Universidade Federal de Roraima, mas a pandemia chegou e fechou tudo. Então, só assisti a duas aulas. Agora é a minha primeira turma de português e está sendo fácil porque a professora é muito eficiente, fala devagar. Quero aprender a escrever porque é muito complicado, o português tem muitos acentos”, disse.

Como Roraima tem sido a porta de entrada para migrantes vindos não só da Venezuela, mas de Cuba, Guiana, Haiti, Chile e Colômbia, a Escola do Legislativo abriu a turma para ensinar português para estrangeiros, na Unidade do bairro Liberdade, com o intuito de minimizar transtornos enfrentados com o obstáculo do idioma.

A professora Lêssa Viana disse que a turma é bem participativa. “Eles se envolvem. Quando têm dúvidas, perguntam; se não estiver claro, continuam perguntando até cessar a dúvida”, contou.

No primeiro dia de aula, a professora conta que ficou claro que, além de falar, querem escrever corretamente o português. Para atender a essa demanda, ela investiu nos gêneros textuais. “A cada fim de unidade, eu peço um texto como atividade. E para o encerramento, pedi que escrevessem cartas de interesse”, afirmou.

Conforme observou, a pronúncia correta é o problema mais recorrente entre os estrangeiros. “A dicção, falar como nós, brasileiros, falamos, é a dificuldade que percebo. Mas digo a eles que no Brasil a gente tem muita variação linguística. Assim como aqui no Norte eles vão aprender a falar de um jeito, quando chegarem a outros estados, vão ver que é uma forma bem diferente”, explicou.

O curso de português para estrangeiros tem 40 horas e foi ministrado durante duas semanas. A professora ressalta que, para o cronograma apresentado, é suficiente para um curso básico, para se iniciar rumo ao domínio do idioma. “Mas para que eles falem com fluência, com certeza, seria um pouco mais”, disse.

Texto: Marilena Freitas

Fotos: Jader Souza

SupCom ALE-RR

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