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CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO
Assembleia Legislativa alerta sobre prevenção de doença responsável por dez mil mortes anuais

Você já ouviu falar em câncer de cabeça e pescoço? Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP), a doença é responsável pela morte de mais de dez mil brasileiros por ano. Para sensibilizar e alertar a população sobre a necessidade do diagnóstico precoce, desde 2016 existe a campanha “Julho Verde” de reforço à prevenção.

A falta de informação também é um fator que contribui para o diagnóstico tardio. Pensando nisso, a Assembleia Legislativa (ALE-RR) instituiu o Dia Estadual de Combate e Prevenção à doença, o mês Julho Verde, e a realização anual de ações relacionadas à conscientização sobre esse tipo de câncer, por meio da Lei nº 1.502/2021, da deputada Angela Águida Portella (PP).

De acordo com a cirurgiã de cabeça e pescoço, Ragly Rossi, tumores nessas regiões não são agressivos e têm cura, em 90% dos casos, se diagnosticados precocemente. Os primeiros sintomas também variam conforme o local, como explica a especialista.

“O câncer de boca, geralmente, começa com uma ferida que demora a cicatrizar ou, às vezes, não cicatriza por mais de quinze dias. O de laringe, que é na garganta, por exemplo, muitas vezes, a pessoa pode sentir dor ao engolir um alimento, ter rouquidão por dias, sangramentos e dificuldade de respirar”, explicou.

Ainda segundo Rossi, há diversos elementos que contribuem para o desenvolvimento da doença, como o tabagismo associado ao alcoolismo, o HPV (Papilomavírus Humano), e até a exposição solar em excesso. A médica explica como prevenir.

“Se proteja contra o sol, use camisinha no sexo oral, o tabagismo e o alcoolismo são os principais fatores. Então, tenha muita moderação. De preferência, não fazer associação. O tabaco é a principal causa de risco que pode ser cortado, e o sedentarismo como um todo, não só para essas, mas para todos os outros tipos de doenças, além da má alimentação”, ressaltou.

A servidora pública Thalita Fernandes foi uma das vítimas da doença. Em 2018, aos 28 anos, ela descobriu um tumor maligno na tireoide durante uma consulta de rotina com sua ginecologista. Foi um choque receber o diagnóstico. No entanto, ela conta que não deixou se abalar.

“Foi um choque, porque o nome da doença é muito pesado, e a gente fica com muito medo, mas eu mesma decidi que não daria poder ao nome, e que eu focaria na minha cura”, relembrou ao acrescentar que, à época, o nódulo em seu pescoço estava relativamente grande.

Thalita relata que precisou fazer uma cirurgia para a retirada total do nódulo, para biópsia, e também da tireoide, já que seu caso havia virado metástase. Segundo ela, apesar de o câncer do tipo papilífero ser considerado “tranquilo” entre os existentes na região, também teve que realizar sessões de rádio e iodoterapia em São Paulo. De lá para cá, ela conta que iniciou uma dieta restrita, sem qualquer tipo de iodo na alimentação, além do uso de medicamentos enquanto viver.

“Eu tive que ficar em uma dieta sem iodo. Foi terrível, porque eu perdi meu hormônio, e tive que repor através de um comprimido que eu tenho que tomar todos os dias, para o resto da minha vida. Então, tive que suspender por 15 dias tudo o que tinha sal e iodo. Até fruta tem iodo e eu não sabia, e não podia comer vários tipos. Isso me causou um estresse absurdo, porque mexeu com os hormônios, com a alimentação. Não foi fácil”, detalhou.

Hoje, a servidora pública frisa que está totalmente curada. Nos cinco primeiros anos após a cirurgia, Nathalia fez acompanhamento médico a cada três meses, para saber se havia risco de o câncer regressar.

“Graças a Deus, ele não voltou. Já fez cinco anos. Fiquei chocada, mas foquei em não me abater. Eu digo às pessoas para fazerem seus exames hormonais, inclusive. Se atentem aos sintomas, procurem um médico, se autoexaminem, porque pode se agravar. Então, é importante se cuidar”, concluiu.

O tratamento

O fonoaudiólogo é o profissional responsável por auxiliar o paciente em seu tratamento e reabilitação. Segundo Fernanda Ross, o processo inicial abarca avaliação e conversação sobre o que pode acontecer durante e após a cirurgia.

“A equipe multiprofissional trabalha com pacientes que já têm diagnóstico. Fazemos uma avaliação e começamos a conversa sobre a questão do que pode acontecer na cirurgia, como será o pós-operatório, tanto de cicatriz, como questões de dificuldade para deglutir alimentos, e o uso de sonda. Também fazemos exercícios para trazer de volta essa deglutição com segurança para que o paciente não tenha tanto desconforto. A questão da voz, também, que é muito comum, e os movimentos dos músculos da face”, explicou.

A especialidade também atua com pacientes que perderam totalmente a fala. Em Roraima, há um grupo de pessoas que retiraram totalmente a laringe e ficaram sem voz, segundo a fonoaudióloga. Atualmente, o Estado disponibiliza a essa parcela a laringe eletrônica. O aparelho auxilia o reabilitando no processo de comunicação. O dispositivo foi conquistado através de uma emenda parlamentar, também da deputada Angela Águida Portella.

“Todos os usuários recebem essa laringe eletrônica que é uma nova voz, uma nova forma de se comunicar”, concluiu Fernanda.

Texto: Suzanne Oliveira

Fotos: Eduardo Andrade | Jader Souza

SupCom ALE-RR

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