Orientar os jovens e adolescentes da rede pública de ensino a identificar os diversos graus de violência contra a mulher é uma das atividades do CHAME (Centro Humanitário de Apoio à Mulher), da Procuradoria Especial da Mulher (PEM), da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR). Por meio de palestras realizadas nas escolas mostra os tipos de violência e ensina como buscar ajuda junto à rede de proteção.
Na tarde desta terça-feira (12), a equipe de multiprofissionais do Centro levou informações para os alunos da Escola Estadual Dom José Nepote, localizada no bairro Pricumã. A palestra iniciou com um vídeo institucional que mostrava o processo de violência contra uma mulher que acabou sendo morta pelo companheiro.
Quem compreendeu a mensagem do CHAME foi Murilo Esbell, que tem 14 anos e cursa o 9º ano do Ensino Fundamental. Ele disse que gostou da palestra e avaliou como uma excelente oportunidade para rever conceitos em relação à mulher.
“Foram boas as informações repassadas, até porque têm muitos homens que não tiveram essa oportunidade e se acham o máximo, batendo, fazendo mal à mulher. O cara tem mãe também, tem irmã, é muito triste ver isso. Eu não gosto. As mulheres devem ser tratadas com respeito e carinho. Todo mundo tem mãe. Quando eu vejo uma reportagem de violência contra mulher, eu penso só na minha mãe, e logo me dá uma tristeza”, disse.
A estudante Illana Emanuelle Rios, 14 anos, está no 9º ano do Ensino Fundamental e acredita que as palestras são essenciais para conhecimento das leis que protegem as mulheres.
“Na minha opinião os homens devem respeitar as mulheres. Eles acham bonito bater em mulher. Acho muito feio, não por eu ser mulher, mas sim porque é feio, penso na minha mãe. Por isso a prevenção é importante, porque vai conscientizar as crianças que já vão crescendo com esse pensamento de não bater”, disse.
Gestora há 15 anos na Escola Dom José Nepote, Rosangela Ponciano, contou que a escola sempre busca parceria ao longo dos anos. “Essa faixa etária, dos 11 até os 16 anos, precisa saber essas informações. E a gente recebe com muito carinho, e ficamos satisfeitos por termos sido privilegiados com a palestra, principalmente o pessoal do CHAME, que sempre estão dando todo o apoio pra gente”, disse a gestora.
A advogada da Procuradoria Especial da Mulher (PEM), Magdalena Schafer, disse que as ações de orientação nas escolas estão acontecendo desde o início do ano e visa prevenir.
“O nosso trabalho é de tentativa de prevenção para que esses jovens não se tornem futuros agressores. E também para que as meninas possam reconhecer o tipo de violência e o que é a violência doméstica, para não se tornarem vítimas, ou pelo menos, dar um basta ao primeiro indício de violência doméstica”, afirmou.
Durante esses 15 anos de atuação, explicou, o CHAME já atendeu mais de 12 mil mulheres em situação de violência. “Fazemos um trabalho muito bonito e importante. O nosso atendimento é multidisciplinar e a mulher é atendida numa sala reservada por uma advogada, uma assistente social e uma psicóloga. Fazemos todo o serviço de orientação na parte jurídica, social e psicológica”, contou.
Josimar Batista, advogado do Grupo Reflexivo Reconstruir, atende homens que cometem violência e cumprem penas alternativas. “Esses grupos reflexivos existem em todo o Brasil. Atualmente estamos com 45 homens. O judiciário define a pena alternativa deles e vai encaminhando para o Reconstruir”, explicou.
A Procuradoria Especial da Mulher fica na Avenida Santos Dumont, 1470, Aparecida. Os atendimentos presenciais ocorrem de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, e em Rorainópolis, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h (sem intervalo para o almoço), na BR-174, próximo à rodoviária.
Texto: Marilena Freitas
Fotos: Nonato Sousa
SupCom ALE-RR