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SESSÃO DELIBERATIVA
Colégios militarizados em Roraima são alvo de debate entre jovens parlamentares na Assembleia Legislativa

O fim ou a manutenção dos colégios estaduais militarizados em Roraima foi o tema debatido entre os jovens parlamentares durante a sessão deliberativa de apresentação de projetos de lei nesta quarta-feira (11), no Plenário Deputada Noêmia Bastos Amazonas.

A discussão começou ainda na tribuna no tempo de fala a que cada um tinha direito. O jovem deputado Vittor Gabriel Araújo foi o primeiro a discursar e afirmou que o regimento nos moldes militares interfere na educação e disciplina dos matriculados nessas instituições.

 

 

Seguindo a mesma linha, Pedro Henrique também propôs o encerramento do ensino com abordagem militar por acreditar que o modelo não promove a igualdade de oportunidades e inclusão a que todos os alunos têm direito.

A polêmica em torno do tema prosseguiu durante as explicações pessoais. Na contramão de seus colegas, Marcos Vinícius argumentou ser desfavorável ao fim da metodologia, e relembrou que os colégios militarizados evitaram ondas de ataques em escolas do país nos primeiros meses de 2023.

“Em todo o Brasil, tivemos 24 ataques em várias escolas. Aqui em Roraima, não ocorreram esses ataques, porque temos unidades que evitaram, por termos policiais militares nos protegendo. Então, tirando-os das escolas, podem ocorrer casos de ataques contra essas instituições”, defendeu, complementando um caso de um aluno que chegou a levar para a escola um objeto cortante para se defender de um suposto massacre.

Ao pedir a palavra mais uma vez, o deputado Pedro Henrique concordou, em parte, com as alegações de Vinícius, mas rebateu o discurso do colega ao afirmar que existem “irregularidades e injustiças” nesses locais.

“Pessoas que são de escolas militarizadas sabem que são criadas hierarquias, dando poder a alguns alunos fazendo com que eles se sintam autoridades acima de outros alunos”, apontou.

A deputada Clarissa Paes também apoia o projeto que visa acabar com esses colégios, por ser um ambiente que classificou como “rigoroso”. Porém, ela concorda com o aspecto da proteção dos estudantes.

“Eu concordo sobre não termos mais colégios militarizados em Roraima, pelo fato de que muitos alunos se sobrecarregam com isso por ser muito rigoroso, e, como o Pedro Henrique falou, a maioria dos alunos se sente superior e acaba humilhando outros alunos”, frisou.

Pedindo a palavra, a deputada Joilma Teodora (Podemos) defendeu a permanência do sistema militarizado, por conseguir recuperar a comunidade escolar. Ela exemplificou o antes e depois da unidade localizada em Nova Colina, em Rorainópolis.

“Infelizmente, lá havia um uso muito grande de drogas, falta de respeito entre os alunos e com professores. Hoje, não. Existem ordem e disciplina. Às vezes, o jovem vê uma dificuldade e não valoriza o restante de toda uma situação. Se vocês analisarem com carinho, diminuíram o uso de drogas, o bullying e as agressões aos professores. A partir do momento em que vocês criam um projeto que acaba com essas escolas, não só vocês, mas outras crianças serão prejudicadas”, ponderou Teodora.

A deputada Fernanda Neres também se posicionou contra o projeto. A jovem era matriculada em um colégio militarizado, mas teve que migrar para outra escola, após a sua entrar em reforma. “Gostava muito de lá. Tinha hierarquia e disciplina, mas a gente aprendeu muitas coisas lá, e sinto falta”, declarou.

“Sou contra o fim, pois eu estudo em um [colégio militarizado]. Nós vivemos em uma sociedade que tem regras, e o colégio militar funciona assim, ele tem disciplina. Realmente, exige uma atenção a mais, mas evita diversas coisas. Os militares já encontraram armas brancas na minha escola e, com certeza, evitaram algo pior”, destacou Jhully Ane Crispim, que disse também conseguir estudar com tranquilidade.

Da mesa, o presidente da sessão, Hericson Magalhães, esclareceu que o deputado Pedro Henrique foi mal interpretado por seus colegas ao propor tal PL.

“O problema não é a questão da segurança, mas do autoritarismo. Ele quer manter a segurança com menos dosagem de autoritarismo. Apenas ter o militar e não ter cargo para aluno. Todos no mesmo nível.”

Na visão de Dameliss Oliva, que estuda no mesmo colégio que Pedro Henrique e Gabriel, é imprescindível haver disciplina, em qualquer estabelecimento de ensino.

“Tem pessoas que são indisciplinadas, e isso obriga o aluno a ter respeito e a ser outra pessoa. Mas, pelo que os meus colegas explicaram, foi sobre alunos que têm patentes mais altas se acharem mais do que outros”, disse.

 

 

Finalizando as discussões acerca do assunto, o deputado Negão da 101 disse entender o lado dos autores do PL, e acrescentou não haver necessidade de impor autoritarismo. “Os policiais têm que tratar todos de forma igual”, disse.

 

 

Novo ensino médio

Ainda no decorrer das explicações pessoais, Neres aproveitou a oportunidade para falar sobre a mudança na estrutura do novo ensino médio. Em sua visão, a jovem afirmou ser “extremamente desnecessário” um aluno permanecer cinco horas na escola, estudando matérias que não agregam.

“Projeto de Vida, para que ter dois dias dessa matéria na semana? Química é uma matéria importante e poderia substituí-lo. Letramento e Estudos Regionais, também acho desnecessários”, concluiu.

Em resposta, o deputado Lucas Tavares também avaliou o novo ensino médio como cansativo, mas, por outro lado, acredita que a disciplina Projeto de Vida é importante porque ensina valores importantes ao jovem.

“Muitas pessoas não tiveram pais para ensinar ética, respeito e outros valores. Lá tem muitos temas explicando sobre como aprender com as experiências, coisas que a maioria dos jovens não tem”, ressaltou.

Para a terceira secretária, Laisa Nycolle, também não há motivos para a permanência a mais do aluno na escola, que deveria ser opcional.

“Se você quiser, pode ficar até mais tarde, mas não deveria ser obrigação de outros alunos que não concordam com esse tipo de ensino, porque a Eletiva 1 e 2 e o Projeto de Vida que foram adicionados, não servem para nada”, opinou.

 

 

Expansão da agricultura

A criação do programa “Qualidade de Vida no Campo e Fortalecimento da Agricultura Familiar”, foi apresentado pela deputada Maria Kauanne em plenário. O PL pretende educar jovens em relação à agricultura familiar, economia e meio ambiente.

“Sabemos que grande parte do meio ambiente está degradado por causa de grandes produções exageradas e falta de educação sobre isso. Minha proposta também visa à disponibilização de cursos rápidos sobre capacitação em administração rural, como educação financeira para o homem do campo e logística para o pequeno produtor, além de workshops de técnicas de agricultura orgânica, como compostagem, rotação de culturas, o manejo adequado de recursos hídricos e o uso de energia renovável”, pontuou.

O deputado Aurélio Rico declarou apoio aos estudantes que não têm condições financeiras de pagar cursinhos. Seu PL é voltado para a criação de cursos em horário oposto ao das aulas regulares. “É para ajudar as pessoas de baixa renda a conseguirem se sustentar quando saírem do ensino médio”, disse.

Texto: Suzanne Oliveira

Fotos: Alfredo Maia/ Jader Souza/ Marley Lima

SupCom ALERR

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