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DIA DO VOLUNTÁRIO
‘Incentivar as pessoas ao voluntariado é uma questão de princípio cristão e humano’, diz presidente da ALE-RR

O Dia Estadual do Voluntário é celebrado nesta terça-feira (5). A data foi instituída pela Lei nº 1492/2021, de autoria do presidente da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), deputado Soldado Sampaio (Republicanos), e tem como finalidade, além de homenagear os voluntários, motivar outras pessoas a terem o voluntariado com uma das missões de vida. 

 

“A ideia proposta por nós e aprovada pelo plenário, que estabeleceu o Dia do Voluntário, teve como preocupação incentivar as pessoas ao trabalho espontâneo, que é uma questão de princípio cristão e humano. Vivemos em sociedade, portanto em coletividade, e precisamos um do outro. Essa ação faz bem não só aquele que é beneficiado pelo voluntariado, mas ao voluntário. Faz bem para a alma, ao corpo, e isso precisa ser fomentado no Estado”, disse Sampaio, ao relembrar porque propôs a lei.

 

Ele ressaltou que a ideia foi também valorizar e reconhecer as pessoas que se dispõem a ceder parte do tempo para ajudar o próximo, bem como promover a cidadania, fraternidade e solidariedade, incentivando o engajamento social e a participação cidadã em ações transformadoras da sociedade.

 

Mulheres em situação de vulnerabilidade

 

A advogada Iana Santos sempre atuou como voluntária. O gosto pelas causas em prol do próximo aumentou quando começou a trabalhar com advocacia, estimulada ainda mais pelo trabalho realizado pela colega Antonia Aguiar.

 

Há mais de uma década exercendo a profissão nas causas civis com foco na família, ela dedica parte do tempo ao serviço da advocacia pro bono publico (pelo bem público), ajudando mulheres em situação de vulnerabilidade.

 

“O serviço voluntário sempre fez parte da minha vida, e, depois da advocacia, eu passei a servir de forma voluntária utilizando a minha profissão. Já atendi muitas pessoas, em sua grande maioria, mulheres em situação de fragilidade, que atravessam um divórcio, uma separação, contemplando aquelas que são vítimas da violência doméstica”, contou.

 

Iana relembra que um dos casos que mais a impactou foi de uma jovem do município de Uiramutã que sofria constante violência doméstica por parte do companheiro, inclusive teve o cabelo cortado com facão sob o argumento de que não precisaria usar mais xampu e condicionador.

 

A causa voluntária, explica Iana, está todos os dias disponível para profissionais de qualquer área. “Estava trabalhando na eleição quando fui acionada pelo dono de uma pousada para atender essa moça, mãe de dois filhos, que havia sido agredida e o ex-marido a ameaçava. O caso era tão sério que pedi ajuda ao promotor do dia, que me acompanhou com uma equipe da polícia, e coletamos todos os dados e o agressor foi preso naquele dia”, relatou.

 

“Esse caso me chamou a atenção porque mulheres vítimas de violência doméstica, principalmente no interior do nosso país, enfrentam dificuldades muito maiores que as das capitais, devido ao acesso, falta de conhecimento e aos obstáculos dos agentes públicos. Cortar os cabelos compridos, naquela intenção de atingir a autoestima dela, com o apoio de um policial militar lotado na região, doeu muito. Fiquei com a garganta travada enquanto falava, me marcou muito”, disse.

 

Salvar vidas, ressalta Iana, é a grande missão do voluntariado. Ela não tem dúvida de que se todo profissional dedicasse um pouco do tempo à causa, o mundo seria melhor. “Não precisa fugir da sua atuação e também do seu aspecto de interesse e vontade, do que gosta de fazer, um pouquinho desse trabalho voluntário, seja de forma autônoma específica, como eu citei aqui o meu caso do trabalho na advocacia pro bono, ou de forma coletiva, o mundo, o Brasil, com certeza, Roraima seria um pouquinho melhor”, acredita.

 

A advogada recomenda que quem ainda não investe nestas ações, abrace a causa. Destaca que para ser feliz nesta vida é necessário fazer outras pessoas felizes, sendo o voluntariado uma oportunidade de contribuir com um mundo mais humanizado.

 

“Nunca deixei de advogar e de exercer a advocacia pro bono. Isso é um pouco da minha história nesses últimos anos em que eu me dedico, sim, como se fosse uma causa pela qual sou paga, e me orgulho muito desse trabalho que exerço”, assegurou, ao ressaltar que a jovem vítima da violência voltou a estudar, passou em concurso e hoje atua como professora.


Voluntária da causa animal 

 

A estudante de odontologia Paola Silva, 23, atua há cinco anos como voluntária da causa animal. E tudo começou quando precisou de ajuda para salvar um gatinho de estimação. “Depois disso, surgiu o interesse de participar para ajudar os animais, assim como o meu foi ajudado por meio de uma simples informação”, contou.

 

Participando ativamente, Paola descobriu que havia encontrado um caminho que deu à vida dela um novo sentido. “O serviço voluntário me trouxe propósito de ajudar, fazer parte de uma causa, conhecer o trabalho. Agora eu tenho noção e quero cada vez mais poder ajudar nessa causa. Hoje quero fazer o melhor para os animais. Quem é voluntário, se sente bem melhor porque encontra o seu propósito, encontra o porquê de estar vivo, de querer viver, de querer fazer alguma coisa para os outros e para si próprio”, observou.

 

E o conselho de Paola para quem ainda não passou por essa experiência, é que procure alguma associação para se voluntariar. “Dessa forma você vai conseguir encontrar um propósito na vida, ajudando o outro. Não viva somente para si, viva para os outros também”, recomendou.

 

Cultivo de relações sociais

 

O psicólogo Wagner Costa assegura que o trabalho voluntário mexe com as emoções tanto de quem é beneficiado quanto de quem promove essa felicidade, sendo, portanto, uma ação que deveria fazer parte da vida de todas as pessoas.

 

“No mundo em que vivemos, ser voluntário e participar de ações que ajudem outras pessoas nos permitem o cultivo de conexões sociais. Os benefícios das conexões sociais incluem e são consequência da resposta do corpo ao estresse. O comportamento pró-social, como ajudar os outros, faz as pessoas se sentirem menos ansiosas e ameaçadas, além de mais seguras”, afirmou.

 

O psicólogo destacou que o padrão do ser humano é viver em um estado de conexão de baixo estresse e que biologicamente as pessoas são programadas para não apenas se sentirem bem juntas, mas acima de tudo normais quando se está em sociedade.

 

“Uma coisa muito importante a saber é que as pessoas com relações sociais fortes têm 50% menos probabilidade de morrer prematuramente do que aquelas com relações sociais frágeis. Então, se eu posso dar uma dica, seja voluntário e ajude outras pessoas, pois isso faz bem para a sua saúde física e mental”, orientou.


Texto: Marilena Freitas

Foto: Nonato Sousa e Marley Lima

SupCom ALE-RR

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