A necessidade de abrir diálogo com as classes trabalhistas de Roraima e incentivo à agricultura familiar e familiar indígena foram alguns dos principais pontos levantados pelo presidente da Assembleia Legislativa do Estado (ALE-RR), deputado Soldado Sampaio (Republicanos), em entrevista concedida ao programa ‘Agenda da Semana’ da Rádio Folha (FM 100.3), neste domingo (28), sob apresentação do economista Getúlio Cruz.
Sampaio enfatizou que, desde o início de sua composição política com o governo, levantou as bandeiras dos servidores públicos, em especial, às categorias militares e demais órgãos da segurança pública, bem como a expansão da agricultura familiar, por ser a base da geração de empregos em Roraima. Para ele, o estado está mais voltado para o agronegócio empresarial, e deixando de lado o pequeno produtor.
Iater e denúncias de grilagem de terras
No decorrer da entrevista, o chefe do legislativo tocou em um ponto que classificou como “preocupante”, relacionado às diversas denúncias de grilagens de terras públicas no Estado. Sampaio disse não concordar com a condução do programa de plantio de grãos para a agricultura familiar e familiar indígena, por meio do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Iater).
“Acho que é importante, mas dá para avançar mais, em especial, na escolha do que será plantado e algo que seja autossustentável”, disse ao afirmar que, a seu ver, o projeto é voltado mais ao assistencialismo do que proporcionar ao agricultor um crescimento real. “A verdadeira ideia do Iater, que era dar assistência na produção, comercialização e beneficiamento, isso se perdeu”, destacou.
Na oportunidade, o presidente da ALE-RR informou que ocorrerá nos dias 8 e 9 de maio, uma audiência pública em Caroebe, para esclarecer e apurar as denúncias relacionadas a grilagens de terras na gleba Baliza e região do Trairão, ambas ao Sul de Roraima.
Divergências de posições
Questionado, o presidente Sampaio também falou sobre o rompimento com o governador Antônio Denarium (Progressistas). Ele relembrou o início da parceria entre os dois, que se deu no segundo turno das eleições majoritárias de 2018, visto que, à época, “Roraima passava por uma grande crise financeira”, e fez um breve resumo das dificuldades que teve quando assumiu a liderança do governo, passando pela chefia da Casa Civil, até chegar aos motivos que o fizeram tomar a decisão, com ênfase para a falta de diálogo recorrente entre os dois Poderes, principalmente em relação aos interesses do Estado nos segmentos da Saúde, Educação, Segurança, Agricultura e a valorização dos servidores públicos.
Sobre um possível retorno de parceria com o governo, Sampaio ressaltou que ele “ajuda mais o estado” ao seguir com o rompimento, “e, quem sabe, até o próprio governador a voltar a abrir os olhos, levantar a cabeça e conduzir esse governo voltado ao interesse da sociedade”.
O presidente avaliou que é necessário trazer algumas questões à tona e discuti-las com mais ênfase, como a Saúde, que é uma área que requer mais atenção. “Tem que dialogar com o Conselho Estadual de Saúde, sindicatos, rever essa forma de gestão que está sendo conduzida”.
Vetos a projetos de lei
O desrespeito do chefe do Executivo com os parlamentares também foi pautado durante a entrevista. O presidente salientou que a produção Legislativa bateu recorde nos últimos meses, o que tem gerado um incômodo ao governo. Por esse motivo, diversos projetos de lei foram vetados sem justificativas. Conforme ele, uma ou outra iniciativa parlamentar não tem previsão de orçamento e o governo tem razão em vetar a matéria.
“Mas isso não é uma ferramenta de proibir o deputado de tomar uma iniciativa. O parlamentar estadual trazer para à Assembleia uma discussão que é de competência do governo federal, é legítimo. Se nós somos competentes ou não para dar solução é outra coisa. Mas, não podemos limitar o Poder Legislativo”, declarou.
Pleito municipal
Na oportunidade, ele comentou sobre a ventilação de sua pré-candidatura à prefeitura de Boa Vista. Sampaio confirmou que chegou a cogitar concorrer ao cargo, mas que, ao conversar com o governo sobre as suas pretensões, sentiu uma certa resistência por parte do Executivo.
Ele também esclareceu que nunca ouviu da parte de Denarium sua preferência pela deputada Catarina Guerra (União) como candidata oficial, e elogiou o futuro político da colega de Parlamento.
A entrevista completa deste domingo pode ser vista no canal da Rádio Folha no YouTube.
Texto: Suzanne Oliveira
Fotos: Márcio Magalhães
SupCom ALE-RR