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Pessoas relatam a convivência com depressão em evento na Assembleia Legislativa

Durante 10 anos, o militar aposentado Edson de Souza acompanhou a luta da esposa, falecida há dois anos, diagnosticada com depressão. Lembra que no início, os sintomas apresentados por ela passaram despercebidos da família e amigos, confundidos até com outras situações como a pressão alta, taquicardia.

“É muito difícil para as pessoas entenderem que aquilo ali é um quadro de depressão. Ela demorou mais de um ano para entender e quando identificou, aceitou, juntamente com os familiares, resolveu fazer um tratamento”, contou Souza, ressaltando que todo o processo foi acompanhado por ele, filhos, irmãos e amigos. Para ele, é fundamental que o depressivo tenha apoio e motivação para reverter o quadro.

E essa tentativa de reversão à depressão faz parte da rotina da dona de casa Ednalva Viana. Aos 26 anos, tentou contra a própria vida cinco vezes e hoje é acompanhada em um Centro de Atenção Psicossocial em Boa Vista. “É muito ruim, é uma coisa que você não consegue se controlar. São perturbações em nossa mente e você acha que a vida acabou pra você”, e segundo ela, todas às vezes a família e os filhos surgiam a mente e a ideia de tirar a vida ia embora.

O microempreendedor Osmar Morais está no enfrentamento a depressão há pouco mais de três anos. Nesse tempo, segundo contou, em vários momentos teve pensamentos suicidas viam à tona, mas o amor pela família e pelos filhos falava mais alto. Aos 43 anos, vivenciou a depressão em dois momentos na vida.

Segundo Morais, as redes sociais são os meios mais utilizados para expressão de dor e sofrimento por parte de jovens e adultos. “Quando você vê uma pessoa postando algo depressivo, dizendo que está com depressão, bom começar a prestar mais atenção a essa pessoa, a dar apoio, ouvir, porque a pessoa com depressão quanto mais ela fala, vai aliviando, vai saindo dela e ela vai se sentindo uma pessoa mais útil”, destacou.

O apoio de amigos, familiares e de religiosos tem contribuído para que Morais saia da depressão, mas outro fator colaborou ainda mais para recuperação dele, o tratamento medicinal com psicólogos e psiquiatra. “Comecei a ver que precisava de ajuda, primeiro de Deus, mas também precisava de ajuda de um profissional para que eu pudesse colocar tudo para fora. Às vezes com um familiar, um amigo, você não fala tudo, mas com um psicólogo, um psiquiatra, você desabafa”, disse.

Ele recomenda que ao perceber os sintomas da depressão, o indivíduo procure auxílio profissional e esteja aberto ao tratamento. “Primeiro passo, reconheça que precisa de ajuda, segundo passo, procure ajuda e as coisas vão melhorar”, reforçou o microempreendedor.

Os três fazem parte de um ranking crescente no País, apresentado na audiência pública “Doe um Minuto, Salve uma Vida”, ocorrida nesta segunda-feira (25), na Assembleia Legislativa de Roraima, como parte da programação do Setembro Amarelo. Dados do Ministério da Saúde, o suicídio é a quarta causa de morte entre os jovens no Brasil. Mais de 62 mil casos de suicídio foram registrados entre 2011 e 2016, sendo os homens os mais vulneráveis a essa tendência.

Para a psicóloga e coordenadora do Centro de Valorização da Vida (CVV) em Roraima, Adriana dos Prazeres, falar sobre suicídio é um tabu ainda e que precisa ser quebrado. “O que a gente tem que focar é não falar sobre suicídio, mas vamos falar de vidas, o que proporciona o bem estar para essa pessoa, focar no sentimento e no problema que essa pessoa tá trazendo”, falou.

Outro ponto importante apontado por Adriana está no fato de olhar para o outro e se preocupar com o sentimento do próximo. “Chegar com a pessoa e dizer que percebeu ela um pouco retraída. A pessoa fica meio receosa em falar de algo que ela esteja enfrentando, e para que ajuda seja eficaz, é importante ouvir o que ela tem a dizer sem prejulgamento, mesmo que seja por um problema antigo ou de pequenas proporções”, alertou.

Adriana explicou que o tratamento é feito a duas mãos, com psicólogos e psiquiatras para que ambos ajudem na restauração da vida daquela pessoa que esteja com depressão. “Então eu tenho que trazer esse problema à tona, tenho que procurar um profissional da psicologia juntamente com da psiquiatria para entrar com a medicação. O psicólogo vai te ajudar no sentido de colocar as cartas na mesa e tentar resolve-los, porque não adianta eu tomar uma medicação que afetará algumas áreas em meu organismo, vão me deixar bem, mas quando passar o efeito, o que acontece?”, indagou.

Yasmin Guedes

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