A ameaça anunciada em agosto do ano passado finalmente foi cumprida por Paulo César Quartiero (sem partido), que informou publicamente nesta sexta-feira, 26, durante sessão extraordinária da Assembleia Legislativa do Estado (ALE/RR) a renúncia ao cargo de vice-governador de Roraima. Na ocasião afirmou que cabe agora ao Poder Legislativo mudar os rumos do Estado. Ele também anunciou que será candidato ao Senado da República com o apoio do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).
Quartiero deixa o cargo sob a justificativa de que o governo saiu do foco ao não cumprir as promessas de campanha que, em tese, era fazer o Estado se desenvolver e crescer economicamente, além de não ter moralizado a administração pública com austeridade e eficiência no uso dos recursos públicos.
De quebra, acusou a governadora Suely Campos (PP) de ‘vender’ Roraima na Conferência do Clima da ONU (Organização das Nações Unidas), em Bonn, na Alemanha, em novembro de 2017. “Vendeu em troca de US$ 400 mil”, afirmou Quartiero. Ele comparou as ruas de Boa Vista, por conta da imigração venezuelana, com o seriado americano The Walking Dead, cuja série mostra zumbis percorrendo as ruas da cidade em busca de sobrevivência.
“Vencemos em 2014 disseminando para a população a ideia de que nós seríamos uma opção ao governo anterior que se caracterizou pelo desvio de recursos públicos e pelo endividamento galopante do Estado, e também contra a ameaça de uma família monopolizar o poder em Roraima. Após a vitória, o governo da dona Suely, e não da coligação, fez exatamente o que condenávamos: nepotismo, a escolha de uma equipe baseada em critérios não da capacidade; e substituir a ameaça de um clã familiar dominar o Estado por outro clã”, alegou o Quartiero.
Ele recordou que logo no início já se insurgiu contra essas ações. “Na época denunciei na imprensa como estelionato eleitoral, porque prometemos uma coisa e fizemos outra. E na oportunidade me afastei do governo porque me senti, como o povo, traído em honrar o compromisso assumido. Mas antes alertei a governadora, mas ela não quis me escutar”, disse.
Mas por que Quartiero levou tanto tempo para abandonar o governo que o decepcionou no início de 2015? “Parei de criticar, estive à disposição dela, procurei colaborar e cumpri minhas obrigações e procurei não atrapalhar, não dar despesas, pois nunca tive diárias para viagens, paguei do meu bolso a estadia no hotel, tive apenas as passagens e o meu salário de R$ 22 mil líquidos”, contou.
O que o levou a concretizar a renúncia é a atual situação econômica do Estado e inércia do poder estatal na defesa das antigas bandeiras de lutas do político contra as questões ambientais, que no entendimento engessa Roraima.
“O que me levou a ter uma reação mais dura não era mais a divergência administrativa, mas de eu achar que a governadora está cometendo crime ao se omitir de defender o Estado de Roraima na criação de novas reservas ambientais, portanto deveria ser ‘impeachmada’, porque as terras são patrimônio do Estado. Isso é crime de omissão, ela é cúmplice dessa política que engessa o Estado”, afirmou, ao colocar nesse rol a não conclusão do zoneamento econômico, a não defesa do Linhão de Tucuruí e dos produtores.
Para o ex-governador, a letargia estatal ficou comprovada quando o governo assumiu, diante do atraso do salário dos servidores públicos, que Roraima ‘quebrou’ e que está à beira de um colapso. “A gota d’água final foi a governadora ir a Alemanha receber ‘jabá’ (termo jornalístico que expressa recebimento de propina) para assinar compromissos que inviabilizam definitivamente o nosso Estado em troca de 440 mil dólares. Para onde foi esse dinheiro? Para o povo é que não foi. O governo acabou, não tem visibilidade, é uma equipe que é cada vez pior. Agora, a responsabilidade de achar uma luz, um norte, uma esperança para o Estado, passa ser da Assembleia Legislativa, porque o atual governo tem que sair, e quanto mais cedo melhor”, afirmou.
Por Marilena Freitas
SupCom/ALE-RR