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Em audiência pública, população conta drama causado pelas drogas

Neste Dia Internacional de Combate às Drogas, a Assembleia Legislativa de Roraima promoveu, na tarde desta quarta-feira (26), um encontro entre instituições sem fins lucrativos, unidades terapêuticas e órgãos públicos em prol do debate para ações de combate às drogas em Roraima, durante audiência pública.

A galeria do plenário foi ocupada por diversos atendidos por programas e instituições independentes voltadas ao tratamento de dependentes químicos. À frente da audiência, autoridades falavam sobre as dificuldades para combater o avanço das drogas entre crianças, adolescentes e jovens.

Entre eles, o Instituto Tenda da Benção, com funcionamento há dois anos e meio em Roraima. “Trabalhamos em um quarto, com oito pessoas, e um banheiro dentro. Atendemos mais de 2.245 pessoas sem apoio de ninguém”, revelou o apóstolo Eraldo Marques. Para manter o trabalho, Marques disse que é preciso ter um “pires na mão” para conseguir ajuda.

“Prevenção é chegar antes da droga, não depois para tentar solução para o problema. Muitas vezes somos humilhados para pedir ajuda. Pessoas estão morrendo por aí por não ter ajuda”, lamentou o representante da Tenda da Benção. Ele alega que os dependentes químicos são reponsabilidade do Estado e do Município. “O Estado precisa acordar, não tem política pública de tratamento e de prevenção”.

Fabiana Rodrigues usou a tribuna para agradecer os trabalhos dos Narcóticos Anônimos, no qual está inserida e quem representou durante a audiência pública. “Quando cheguei ao Narcóticos Anônimos eu estada destruída e através do NA eu pude me recuperar e ter responsabilidade.  Agradeço a oportunidade”. O NA possui 1.463 grupos no País. Em Roraima são três.

Outra instituição a pontuar sobre a situação dos dependentes químicos foi a Fazenda Esperança. A representante Edinila Baú falou que para manter as atividades da casa, são necessárias doações e a venda de pães e biscoitos. “Vendendo o almoço para comprar a ‘janta’”. Ela aproveitou a presença da Secretaria Estadual de Saúde para pedir apoio na realização de exames clínicos e laboratoriais nos atendidos pela Fazenda.

A Polícia Militar de Roraima, por meio do Proerd (Programa de Erradicação às Drogas e a Violência) há 19 anos estimula a prevenção junto a crianças e adolescentes. O subtenente Juscelin Gomes falou sobre as ações e como a presença do programa nas escolas do Estado tem ajudado na identificação de casos entre os estudantes.

“Vemos facilmente como as drogas são capazes de destruir nossos alunos, as nossas crianças e adolescentes. Esta ação do Proerd tem uma amplitude grande onde elas podem ser alcançadas naquela fase por outras pessoas de má índole”, e com atividades e explicações dinâmicas, conseguem chamar a atenção dos estudantes sobre os perigos das drogas, continuou o subtenente.

O autor do requerimento que deu origem a audiência pública, deputado Éder Lourinho (PTC) avaliou o encontro como positivo, pois deu mais visibilidade aos trabalhos feitos pelas unidades terapêuticas, Organizações sem fins lucrativos e instituições religiosas. “ A gente pode juntar os deputados e destinar emendas para estas unidades terapêuticas que atendem os dependentes e sabemos que eles precisam de ajuda”.

Após as explanações dos convidados, deputados se manifestaram sobre o tema.  Evangelista Siqueira (PT), por exemplo, ressaltou o trabalho das instituições religiosas, como a Igreja Católica. “É necessária uma política ostensiva no Estado”.

Já Jeferson Alves (PTB) enfatizou a importância de se ter mais políticas públicas de prevenção. “Sempre digo que o maior patrimônio do estado é o povo. Infelizmente Roraima não tem uma política pública voltada a essa causa que, infelizmente, tende a crescer todos os anos com o consumo das drogas”.

Para colaborar, a deputada Catarina Guerra (SD) apresentou a cartilha “Vamos Conversar?” sobre prevenção ao suicídio. “Muito me preocupa a relação das drogas com o suicídio”. Soldado Sampaio (PCdoB) falou sobre a união dos parlamentares para ajudar as unidades terapêuticas com a destinação de emendas.

A deputada Aurelina Medeiros (PODE) complementou ao informar que conhece a realidade das Unidades Terapêuticas e quem contribuído para que os trabalhos não parem. Para Angela Águida Portella (PP), a droga atinge a toda a família e ao ciclo de amigos.

Homem se afasta das drogas após 20 anos

Aderson Benchimol da Silva, de 33 anos, conhecido por “Salsicha”,  ganhou as redes sociais de Roraima esta semana após diversos compartilhamentos sobre a reviravolta na vida dele. O primeiro contato com as drogas ocorreu ainda na infância, aos 9 anos, e após a separação dos pais, o garoto passou a ser usuário de drogas como frequência. “Isso não é vida para ninguém e estou há um ano sem fumar e há quatro meses sem beber”.

A decisão de parar de beber e usar drogas ocorreu após Aderson avistar uma mulher parecida com a irmã mais nova, fardada como militar. “Eu descia ali no ‘Beiral’ e quando eu vi aquela mulher parecida com minha irmã, as lágrimas começaram a correr”, lembrou.

Disse que durante esses anos viveu na rua mendigando. Quando pegava um trocado, o destino era certo: a droga e a bebida. Contou que chegava a consumir até seis garrafinhas de cachaça pura, até o momento em cuspir sangue e perder parte dos dentes.

Aderson diz que nasceu de novo ao ser acolhido pela Fazenda Esperança. Ele conheceu a instituição quando usava as dependências da Igreja Cathedral Cristo Redentor como refúgio e dormitório.

Texto: Yasmin Guedes

Foto: Eduardo Andrade

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