Mesmo durante o período de isolamento social, as vítimas de violência doméstica não estão desamparadas. O CHAME (Centro Humanitário de Apoio à Mulher), da Assembleia Legislativa de Roraima, segue com o atendimento neste período pelo ZapChame, número (95) 98402-0502.
Em menos de um mês, desde o último dia 16, o Zap Chame realizou 47 atendimentos, desses, 29 foram identificados como violência doméstica sendo psicológica, física, patrimonial e moral. As vítimas foram orientadas e encaminhadas para a Delegacia de Defesa da Mulher.
Já outros 17 atendimentos, foram orientações sobre pensão alimentícia, guarda e dissolução da união estável. Um dos atendimentos estava relacionadoo à violência contra idoso, com encaminhamento para a delegacia especializada no caso.
Por meio da ferramenta, é prestado desde o suporte psicológico até o jurídico. A coordenadora do Zap Chame, Lielma Tavares, ressaltou que o aplicativo garante maior sensação de segurança às vítimas. “Muitas ainda temem procurar uma delegacia, já pelo aplicativo elas não precisam mostrar o rosto, e sentem coragem de falar tudo que está vivendo. A partir daí já identificamos em qual violência essa mulher vive.”
O Zap Chame também recebeu denúncias de outros estados, com relatos de mulheres que têm medo ou não sabem o que fazer para romper uma relação abusiva. “De São Paulo, Belo Horizonte, Bahia, Paraná. Essa semana recebemos uma mensagem de uma moça de outro estado, ela não sabia o que fazer, tinha medo de perder o filho. Nossa advogada conversou com ela e deu todo o suporte necessário”, explicou a coordenadora.
Enquanto vigorarem as medidas de isolamento, continuará suspenso o atendimento presencial do CHAME. Porém a população pode contar com a ferramenta Zap Chame, pelo aplicativo WhatsApp, e enviar mensagens pelo número (95) 98402-0502. O denunciante pode optar pelo anonimato. O serviço funciona 24 horas, durante toda semana e aos sábados, domingos e feriados. Se for detectado um caso urgente, a vítima será encaminhada para a Delegacia de Defesa da Mulher, que possui uma equipe de plantão.
“Nosso atendimento continua funcionado nesse período de isolamento social, estamos prontas para receber e orientar as vítimas, nosso trabalho de combate a violência não pode parar”, concluiu a coordenadora do Zap Chame.
Tipos de Violências
Nem toda violência é caracterizada por uma agressão física, como um empurrão ou um tapa, ou outros tipos de lesões e espancamentos. Há ainda outras modalidades previstas na Lei Maria da Penha, que fazem até com que a nem a própria mulher reconheça que está sendo agredida. Conheça as outras:
Violência Psicológica
A Lei Maria da Penha classifica violência psicológica como qualquer conduta que cause dano emocional e à autoestima da mulher, que prejudiquem o seu pleno desenvolvimento, que vise degradar ou controlar suas ações comportamentos, crenças e decisões. Como por exemplo ameaças, humilhação, proibir de estudar, viajar ou de falar com amigos e parentes, tirar a liberdade de crença e ainda distorcer e omitir fatos para deixar a mulher em dúvida sobre a sua memória e sanidade (gaslighting).
Violência Sexual
Quando a mulher é constrangida a presenciar, manter ou participar de relação sexual não desejada, sendo ameaçada, coagida ou fisicamente forçada para a prática do ato, ou quando ela é induzida a utilizar ou comercializar de qualquer modo sua sexualidade. Também é considerada violência sexual situação em que o marido obriga mulher a manter relação sexual mesmo contra sua vontade, ou namorado que manipula parceira para que não use método contraceptivo ou quando manipula a mulher para que realize aborto.
Violência Patrimonial
A violência patrimonial acontece quando o outro usa o dinheiro ou bens materiais da mulher para ter controle sobre ela. Alguns sinais de violência patrimonial são: destruir objetos, esconder documentos, trocar as senhas do banco sem avisar, negar acesso ao dinheiro do casal.
Violência Moral
São condutas que configuram calúnia, difamação ou injúria, como acusar injustamente a mulher de traição, emitir juízos morais sobre a conduta, fazer críticas mentirosas, expor a vida íntima, rebaixar a mulher por meio de xingamentos que incidem sobre a sua índole ou desvalorizar a vítima pelo seu modo de se vestir.
Outros mecanismos de denúncia
A vítima ou uma pessoa próxima pode fazer denúncias pela Central de Atendimento à Mulher (180). A ligação é gratuita e confidencial, funciona 24 horas por dia, no Brasil e em outros países. Outro canal é a Polícia Militar, pelo 190 ou a Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam), que funciona na Casa da Mulher Brasileira, onde a mulher pode registrar um boletim de ocorrência. A instituição também recebe demandas de outras delegacias e órgãos. Telefone (95) 98108-6310.
Texto: Ana Lucia Montel
Foto: Arquivo/SupCom ALE-RR
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