Uma das frentes de trabalho da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) na proteção da mulher contra a violência doméstica e familiar é o trabalho de autorreflexão com os agressores. Para isso foi criado o Núcleo Reflexivo Reconstruir, que completa quatro anos nesta terça-feira (22). Desde então foram atendidos 150 homens, e segundo relatos dos familiares, após passagem pelo núcleo, eles não cometeram novas agressões.
O projeto é realizado em três ciclos, a fim de trabalhar a sensibilização e autorreflexão dos agressores, com encontros semanais, individuais e coletivos mediados por uma equipe multidisciplinar composta por psicólogo, advogado, assistente social e pedagogo. As atividades presenciais do núcleo estão paralisadas devido à pandemia da covid-19, mas devem retornar tão logo o número de casos apresente uma desaceleração.
A procuradora especial da Mulher na ALE-RR, deputada Lenir Rodrigues (Cidadania), é a idealizadora do projeto. As vítimas de violência doméstica já são acolhidas e orientadas pelo CHAME (Centro Humanitário de Apoio à Mulher), mas ela sentiu a necessidade de orientar os homens sobre a Lei Maria da Penha.
“São homens que vão reconhecer na sua masculinidade que eles não devem ser machistas e não cometer nunca mais violência doméstica e familiar, eles que precisam parar de ser machistas”, afirmou a deputada.
Segundo o coordenador do Núcleo Reflexivo Reconstruir, Romulo Alves, os trabalhos realizados ao longo destes quatros anos auxiliaram a diminuir as incidências de casos de violência doméstica. Durante os encontros, são debatidos temas relacionados à Lei Maria da Penha, feminicídio, família, saúde do homem, álcool e drogas.
“Nós estamos tentando, com o nosso trabalho, atenuar essa violência doméstica dentro das famílias, dentro das casas. O relato dos familiares, das companheiras, para nós tem sido muito importante a melhora visível do assistido, tanto no leito familiar quanto na sociedade”, explicou.
Além do CHAME, da Assembleia Legislativa de Roraima, os homens assistidos pelo Núcleo Reconstruir são selecionados por meio de órgãos públicos como a Vepema (Vara de Penas e Medidas Alternativas), o Juizado da Violência Doméstica, ambos coordenados pelo TJRR (Tribunal de Justiça de Roraima), a Defensoria Pública do Estado (DPE), e pelos Abrigos de Imigrantes coordenados pela Operação Acolhida.
Texto: Mairon Compagnon
Foto: Arquivo
SupCom ALE-RR