Em seu trabalho como professora, Anna Paula Travassos já havia lidado com crianças com algum tipo de necessidade especial, mas foi após o nascimento do filho, que tem síndrome de Down, que ela se tornou uma especialista no assunto.
Ela descobriu a condição do Vitor, hoje com três anos, ainda na gravidez, e recorreu à internet, redes sociais e a outras mães para obter informações sobre o assunto.
“Eu tinha medo de não saber lidar com a situação, não ser suficiente para ele. Hoje tenho o Vitor como um aprendizado”, disse, com a voz embargada. Ela se emocionou durante a entrevista, e contou que sempre se comove ao falar do filho.
Anna Paula ouvia comentários de que o filho não poderia andar, falar, e se desenvolver plenamente. Felizmente, ao se informar, ela percebeu que isso não era verdade. Além das terapias, a mãe adaptou a casa com vários estímulos visuais, como texturas, desenhos e brinquedos que facilitam a autonomia da criança.
Profissionais despreparados
Ao mergulhar de cabeça no assunto, a professora constatou que a maior parte dos profissionais, como os da educação e saúde, não estão preparados para um atendimento inclusivo.
“Como mãe, acabo sabendo mais que um profissional. Isso é uma coisa que me machuca, saber que esses profissionais ainda não estão preparados”, lamentou a mãe, fazendo um apelo para que os profissionais se atualizem sobre o tema.
Educação especial
Para suprir a necessidade apontada por Anna Paula, a Escola do Legislativo (Escolegis) ofertou um curso completo sobre Educação Especial. As aulas são a distância e gratuitas para a população. As aulas tratam sobre pessoas com deficiência física, intelectual, surdas, cegas, com múltiplas deficiências e ainda pessoas com transtorno do espectro autista e síndrome de Down.
A neuropsicopedagoga Adriana Aguiar, professora do curso, explicou que a educação especial não é voltada somente para profissionais da educação. Ela indica as aulas para profissionais da saúde, segurança, área social, além de familiares que desejam lidar com pessoas com deficiência e outras diferenças no dia a dia.
“Ex-alunos já me relataram que no ambiente de trabalho sentiram mais facilidade, pois após o curso, eles souberam atender este público e lidar com diversas situações. As famílias também têm interesse em fazer esse curso, para ajudar a lidar com pessoas com alguma dessas diferenças no dia a dia”, disse.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 21% da população de Roraima (95.774) possui algum tipo de deficiência. Este número – que está defasado e deve ser atualizado pelo censo demográfico 2021 – pode não ser percebido pela maioria das pessoas, pois a falta de inclusão, em muitos casos, afasta essas pessoas do convívio em sociedade.
Curso
O curso é composto por três módulos. No primeiro são mostrados aspectos históricos e legislações sobre o tema. O módulo dois é mais focado nas peculiaridades de cada deficiência; e no terceiro, são dadas lições práticas de como lidar no dia a dia com essas pessoas.
Este foi um dos 11 cursos ofertados pela Escolegis nesta semana. As aulas iniciam nesta quinta-feira (18) e vão até 1º de abril. As inscrições desta etapa já encerraram, mas os interessados nos cursos da instituição podem acessar o site https://escola.al.rr.leg.br, ou entrar em contato pelo telefone 98402-3402.
Texto: Yana Lima
Foto: Jader Souza
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