A Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) realizou neste sábado (31), no shopping do Bairro Caçari, em Boa Vista, a campanha “Coração Azul”, em alusão ao Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, encerrando as ações de conscientização do Programa de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da ALE-RR. Durante a programação foram entregues cartilhas informativas e uma exposição de modelos vivos chamou a atenção de quem passava pelos corredores do shopping.
Em um telão foram exibidos trechos de uma campanha publicitária da Assembleia Legislativa alertando sobre a prática criminosa considerada a segunda mais lucrativa do mundo, perdendo apenas para o tráfico de armas. Mulheres e crianças são as principais vítimas da exploração sexual, trabalho escravo e remoção de órgãos.
Yuli Ribeiro, 39 anos, foi vítima de trabalho análogo à escravidão assim que chegou em Roraima, há quatro anos. Ela era obrigada a fazer serviços domésticos em um sítio sem receber salário e chegou a ficar uma semana sem alimentação. “Eu e meu marido trabalhávamos o dia inteiro, sem descanso e nunca recebemos dinheiro como pagamento. Era muito serviço, muito exaustivo, de domingo a domingo. Chegamos a passar fome. Foi muito humilhante”, relembrou.
Yuli denunciou a proprietária do sítio e ganhou na justiça o direito de receber os meses trabalhados. Roraima é rota de tráfico em potencial e tem casos expressivos de trabalho escravo, conforme explica o coordenador do Centro de Promoção às Vítimas de Tráfico de Pessoas da ALE-RR, Glauber Batista.
“Acredito que conseguimos impactar as pessoas que passaram por aqui, fazendo um alerta à sociedade. De 2016 até os dias atuais, já atendemos 15 casos e participamos de vários grupos de trabalho, onde discutimos políticas públicas para o enfrentamento do tráfico e outras práticas cruéis às pessoas no Estado”, ressaltou Glauber.
A diretora do Programa de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania, Socorro Santos fez o alerta sobre como detectar o crime. “Trouxemos informação para à sociedade, pois o tráfico de pessoas é um crime invisível e ele traz no seu bojo, o segundo maior crime do mundo e o mais perverso de todos”, destacou a diretora.
Para Socorro Santos, a sociedade precisa estar atenta e saber como denunciar e onde denunciar. “Ter um olhar de águia. Um olhar em que ela possa enxergar o crime de servidão, de tráfico de órgãos, de exploração sexual. Podemos auxiliar e salvar a vida de uma pessoa em perigo iminente”, completou.
O tráfico de pessoas compreende atos, meio e uma finalidade, que é a exploração. Os atos são de recrutamento, transporte, transferência, alojamento e acolhimento de pessoas utilizando-se da ameaça, uso de força e outras formas de coação, engano, abuso de autoridade e situação de vulnerabilidade. O objetivo é a exploração, seja da prostituição, sexual, do trabalho, seja para a extração de órgão.
Para denunciar as situações de tráfico, as pessoas podem entrar em contato com os serviços do Disque 100 e/ou 180.
Texto: Kátia Bezerra
Foto: Eduardo Andrade
SupCom ALE-RR