O deputado Renan (Republicanos), durante discurso na Assembleia Legislativa na manhã desta quarta-feira (15), chamou atenção para o precário atendimento no Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth. Após visita à unidade, ele salientou que, apesar dos avanços promovidos pelo Governo do Estado na área da saúde, a falta de recursos oriundos da União para suprir a demanda venezuelana, de médicos e até mesmo de humanização de alguns profissionais compromete o funcionamento do local.
“Ontem [terça-feira,14], recebi uma demanda da maternidade e acabei indo lá. Uma paciente que tinha perdido o neném havia dois dias, chegou lá às 10h e até às 22h ainda não tinha sido atendida”, relatou.
De acordo com Renan, há uma boa estrutura predial, mas há falta de médicos, medicamentos e de material para suprir a demanda diária pressionada, especialmente, pela imigração venezuelana.
“[Na terça-feira], foram feitos 18 partos, a metade de venezuelanas. Esse dinheiro vem do Governo do Estado. Então, é uma conta que não fecha, porque faltam recursos humano e material, e não tem ajuda da União”, disse.
Durante a visita, o parlamentar também constatou que a falta de humanização por parte de alguns profissionais da maternidade compromete o acolhimento das grávidas.
“Eu cheguei para conversar, anotar as demandas para levar para a Secretaria [de Saúde] e não fui bem tratado por uma residente. Imagina quem está lá ponta? Depois, recebo a notícia sobre a paciente de que, quando ela começou a sentir dor, a médica mandou chamar o deputado para fazer o toque. Então, às vezes, também é culpa do mau profissional.”
Renan solicitou o envolvimento do Executivo e do Parlamento para coibir o tratamento vexatório. “Falei com o secretário-adjunto de Saúde, vou passar essa demanda para a Comissão de Saúde da Casa, para o líder do governo, Coronel Chagas, para que a gente tome providência e passe a ter uma humanização dentro da maternidade”, desabafou.
Em aparte, a deputada Yonny Pedroso (SD) pediu valorização dos profissionais de saúde e ponderou sobre problemas enfrentados pela classe, a exemplo das extensas jornadas de trabalho, os danos à saúde mental e as progressões atrasadas, potencializados pela pandemia.
“A maternidade, infelizmente, sofre com a falta de material, medicamentos, a sobrecarga. Precisamos ver a questão dos profissionais com depressão, ansiedade que estão adoecendo por diversas situações, principalmente, por conta da covid-19. Progressões atrasadas da categoria também. Por isso, precisamos valorizar a profissão, de mais medicamentos e mais médicos”, argumentou.
Renan destacou que a intenção não é demonizar a categoria, já que é preciso reconhecer os préstimos dos médicos diante da sobrecarga da maternidade, mas, em tom de desagravo, deixou claro que o ambiente deve oferecer atendimento humanizado que assegure uma boa interação de pacientes e profissionais.
“Eu parabenizo os médicos que estão trabalhando com metade dos funcionários de que a maternidade precisa. Mas ali há pessoas que não têm um pingo de humanidade, como essa residente. Então, hoje, eu estou cobrando para que ela respeite o papel do parlamentar e, antes de tudo, a paciente que está lá. A maternidade é o lugar para a pessoa trazer a vida e não passar por humilhação. Ficam os meus parabéns a todos os profissionais do hospital e a minha nota de repúdio a essa médica”, desabafou.
Yonny Pedroso cobrou ainda responsabilidade do Governo Federal, que destina grande parte dos recursos de enfrentamento à crise humanitária venezuelana à Operação Acolhida, enquanto os serviços essenciais do Estado entram em colapso.
“Sempre que falamos de maternidade, a culpa cai no Governo do Estado. Mas o Federal tem a responsabilidade. Metade dos partos de ontem [terça-feira] foi de imigrantes. Não é justo que o nosso pequeno Estado leve a demanda de um país.”
Texto: Suellen Gurgel
Fotos: Marley Lima / Nonato Sousa
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