Com o objetivo de chamar a atenção para a importância do exame radiológico na detecção de alterações nas mamas, comemora-se neste domingo (5) o Dia Nacional da Mamografia, instituído pela Lei Federal nº 11.695/2008. A Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) tem promovido debates e criado leis que contribuam para a qualidade de vida e saúde da mulher, como as que estimulam o rastreio precoce do câncer de mama, o tipo de neoplasia que mais afeta mulheres no mundo, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
O primeiro mamógrafo começou a funcionar em 1965. Desde então, o equipamento evoluiu e consolidou-se como o único método viável para detectar lesões mamárias em pacientes sem nódulos palpáveis.
Prova disso é a Lei nº 1379/2020, de autoria do deputado Neto Loureiro (PMB), que concede o direito à folga, dispensa ou liberação das atividades das mulheres, por seu empregador ou autoridade competente, para realização de exames preventivos de controle do câncer de mama e do colo uterino.
Do mesmo modo, a Lei nº 1.195/2017, dos ex-deputados Jalser Renier e Dhiego Coelho, concede o direito a uma folga anual para exames preventivos de controle dos cânceres de pele, mama, colo do útero, próstata e pulmão aos empregados da iniciativa privada, bem como aos trabalhadores domésticos, a partir dos 30 anos de idade.
Para fazer o exame, a paciente fica em pé na frente do mamógrafo, enquanto as mamas são comprimidas pelo equipamento. Por esse motivo, a Lei nº 1.596/2021, do parlamentar Chico Mozart (PP), obriga os hospitais públicos estaduais a fornecerem aparelhos adaptados a mulheres com deficiência e outras necessidades especiais.
E a mais recente lei, a de nº 1.746/2022, da ex-deputada Lenir Rodrigues, preconiza que mulheres a partir dos 40 até os 70 anos de idade, com histórico familiar de câncer de mama e/ou nódulos, tenham prioridade na realização da mamografia em toda a rede de saúde pública ou privada do Estado.
A lei se aplica ainda a mulheres que necessitem de avaliações periódicas na mama, às que fazem tratamento oncológico mamário e àquelas que têm urgência em se submeter ao exame, conforme determinação médica.
Diagnóstico precoce
Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), 249 pacientes fizeram tratamento contra o câncer de mama na Unidade de Alta Complexidade em Oncologia de Roraima (Unacon) no período de 2020 a 2022.
“Nós temos observado um aumento desse tipo de câncer. Em 2021, foram 80 novos pacientes e esse número pulou para 120 em 2022”, disse o diretor da Unacon, Anderson Benetta.
Para reverter o quadro, ele salienta que a eficácia do tratamento tem relação direta com o diagnóstico precoce pelo autoexame, exames clínicos e de rotina (mamografia) de acordo com a faixa etária definida.
“Esse câncer precisa ser diagnosticado precocemente para que os tratamentos sejam menos agressivos, mutilantes e com chance maior de cura. O Ministério da Saúde aconselha a mamografia anual a partir dos 40 anos. E o que recomendamos é que, já na fase adulta, essa mulher que vai anualmente ao ginecologista também se submeta à apalpação, o exame clínico para investigar se tem alguma alteração, e faça o autoexame”, explicou o diretor.
Outra recomendação é que as mulheres com parentes de primeiro grau acometidos pela doença iniciem o rastreio dez anos antes da idade em que o familiar teve o diagnóstico, ou seja, se uma mãe teve câncer de mama aos 43 anos, a filha deve iniciar o acompanhamento aos 33.
O Instituto de Prevenção “Hospital de Amor” é referência no diagnóstico e tratamento de cânceres no país. Na unidade de Boa Vista, mamografia e Papanicolau são gratuitos para a população.
Com média de 700 mamografias mensais, alguns dos pacientes em tratamento na Unacon receberam o diagnóstico no instituto, como explicou a enfermeira Vitória Régia sobre o processo.
“A mulher entra no nosso rastreio a partir da mamografia. Se esse exame apresentar alguma necessidade de complementação, fazemos um ultrassom. Em caso de ser necessário fazer uma biópsia, nós damos seguimento médico com as consultas. Sendo benigno, a médica pode recomendar a retirada. Se maligno, nós encaminhamos para a Unacon com a data marcada para fazer o tratamento na rede estadual”, afirmou a enfermeira.
Uma das chaves do diagnóstico precoce é o conhecimento do próprio corpo. É importante observar regularmente alterações na textura e o formato das mamas, pois retrações e o aspecto de casca de laranja acendem o sinal de alerta. Além disso, deve-se verificar a saída de secreção dos mamilos, especialmente sanguinolenta, amarronzada, que pode ser um indicativo da doença.
Atenta aos sinais, a vendedora Maria Girelza da Silva, de 46 anos, fez uma mamografia no Hospital de Amor. “É a primeira vez que faço. Tenho sentido umas dores ao tomar banho, me toco, mas não sinto nenhum nódulo. Eu soube recentemente de uma amiga que teve câncer de mama e se submeteu a uma cirurgia. Então, vim fazer o exame”, contou.
O exemplo de Maria Girelza demonstra a relevância da mamografia na sobrevida de milhares de mulheres, pois, muito embora a maioria dos tumores apresentem nódulos palpáveis, Régia lembra que o autoexame não exclui outras abordagens clínicas.
“É possível ter câncer de mama sem nódulo, pois algumas vezes essa paciente não consegue apalpá-lo, porque está numa região atrás do mamilo. O autoexame é algo muito empírico por conta da questão hormonal. A mamografia garante o controle da mama, porque nela é possível ver as pequenas calcificações de um possível câncer”, concluiu.
Como marcar exames no Hospital de Amor
Os agendamentos dos exames gratuitos são feitos na unidade de Boa Vista, localizada na Via das Flores, 1560, bairro Pricumã. Os documentos necessários são identidade (RG), CPF (Cadastro de Pessoa Física), cartão do Sistema Único de Saúde (SUS) e comprovante de residência.
O critério para a realização da mamografia é a interessada estar na faixa etária de 40 a 69 anos. Já para o Papanicolau (que detecta o câncer do colo do útero), de 25 a 64 anos.
Texto: Suellen Gurgel
Fotos: Eduardo Andrade/ Marley Lima/ Divulgação TV ALE
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