Casos de crianças e adolescentes venezuelanas que vivem em Roraima desacompanhadas, foi uma das situações relatadas pelos conselheiros tutelares ao Núcleo de Núcleo de Promoção, Prevenção e Atendimento às Vítimas de Tráfico de Pessoas, convidado para explicar sobre o tráfico humano e a legislação de proteção contra estes crimes.
O debate ocorreu nesta sexta-feira (27), no encerramento do curso de Formação Continuada para Conselheiros dos Direitos da Criança e do Adolescente e Conselheiros Tutelares da Amazônia Legal, no Instituto Federal de Roraima (IFRR).
O Núcleo faz parte da Procuradoria Especial da Mulher, da Assembleia Legislativa de Roraima, para alertar, identificar e encaminhar denúncias referentes ao tráfico humano.
A procuradora Especial da Mulher, Socorro Santos, explicou que compartilhar experiências com os conselheiros sobre tráfico humano irá sensibilizá-los para que eles façam a diferença no acolhimento destas vítimas.
“É muito importante estar junto com os alunos, professores e conselheiros. Quando recebemos a informação, mudamos o nosso olhar sobre o pensamento e o comportamento da vítima, sem preconceito”, disse.
Uma das participantes do curso foi a conselheira tutelar do município de Pacaraima, Elizandra Souza, que trabalha há 11 anos na área. Para a profissional, as informações repassadas pelo Núcleo vão ajudar no acolhimento de vítimas, ao saber ouvir e ter um olhar de empatia. Segundo ela, atualmente na região, o maior caso de negligência é de crianças e adolescentes venezuelanos que chegam ao Brasil desacompanhados, em situação de vulnerabilidade.
“Acontecem muito casos de crianças ou adolescentes estrangeiros que chegam no Brasil, fugindo da fome, sem pai e mãe, em busca de trabalho e comida. Assim como o trabalho infantil de comerciantes que pegam os adolescentes para descarregar estoques de caminhão, pagando apenas uma diária de R$ 4”, disse.
A coordenadora do curso, Rosemere dos Santos, explica que convidou o Núcleo ao perceber a necessidade de dialogar com os profissionais sobre o tráfico humano, de como identificar e lidar com as vítimas nessas situações.
“Convidamos porque está ligado com políticas públicas e direitos humanos. Trazer a Procuradoria Especial da Mulher e a equipe que desenvolve esse trabalho, é muito importante para somar na nossa discussão. Muito enriquecedor”, explicou.
Curso
O curso de Formação Continuada para Conselheiros dos Direitos da Criança e do Adolescente e Conselheiros Tutelares da Amazônia Legal, teve participação de 78 alunos, entre conselheiros e representantes de outras instituições em Roraima. O evento foi promovido pelo Ministério dos Direitos Humanos, da Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (SNDCA) e do Instituto Federal de Rondônia (Ifro), em parceria com os institutos federais dos estados que compõem a Amazônia Legal.
Texto: Vanessa Brito
Foto: Alex Paiva
SupCom ALE-RR