Há dois anos, a artesã Ronise Maria Melo acordou sem conseguir mexer o maxilar, com dores e sangramento pelo ouvido. Desde então, a saga para correr atrás de tratamento começou na Clínica Especializada Coronel Mota, quando ela recebeu a indicação de cirurgia buco-maxilar, mas sem um diagnóstico preciso.
Ela foi ouvida pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Saúde nesta terça-feira (11), para prestar esclarecimentos que ajudarão os parlamentares a investigar possíveis irregularidades na realização destes procedimentos.
A pé ou de transporte público, ela realizou diversas idas e vindas à unidade de saúde. “Disseram que meu problema estava muito sério e o diagnóstico foi problema no maxilo e eu teria que fazer a cirurgia”.
E foi no corredor do Coronel Mota que Ronise foi orientada por outro paciente a recorrer à justiça caso quisesse fazer logo a cirurgia. Procurou o Ministério Público Estadual onde recebeu a orientação de fazer orçamentos em clínicas particulares para ter direito ao procedimento.
“Eu corri atrás ao que era de direito meu e no dia que eu levei a documentação, fiz todos os exames, para minha surpresa falaram que se eu apresentasse a documentação num dia no outro eu já seria internada. Quando eu cheguei disseram que o MPE estava interferindo na Saúde e que minha cirurgia tinha sido cancelada”, lamentou.
A mulher, na condição de testemunha, participou da oitiva de maneira remota, pois atualmente mora em Parnamirim (RN) para cuidar da saúde do filho. Questionada pelo relator da CPI, deputado Jorge Everton (MDB), sobre o diagnóstico, Ronise não soube responder porque na época o cirurgião dentista responsável por atendê-la não explicou o motivo para a cirurgia. “Precisei e no Hospital Coronel Mota não dão o que os médicos pedem, só sei dizer que é problema no maxilar, hoje eu abro porque faço exercícios pela internet”, relatou.
Ela conta que até agora sente dificuldades em movimentar esta parte do corpo, sente dores e dificuldades em mastigar. Os exercícios virtuais auxiliaram no desenvolvimento do maxilo, mas ela ainda tem esperança de fazer a cirurgia.
Ainda de acordo com deputado Jorge Everton, o processo da cirurgia de Ronise foi deferido pela Justiça em 24 de junho deste ano, mas a paciente disse não ter conhecimento da decisão. “Através de exercícios pela internet ela conseguiu voltar a abrir a boca, isso é estranho, suspeito, porque se ela precisava de procedimento cirúrgico era algo grave”, declarou o deputado Jorge Everton ao afirmar que tudo será investigado.
De acordo o presidente da CPI, deputado Coronel Chagas (PRTB), outros profissionais serão ouvidos ao longo da semana. “Ouviremos os restantes dos bucomaxilos que estão sendo acusados de eventuais irregularidades”.
Os parlamentares participantes da oitiva foram Coronel Chagas (PRTB), Nilton Sindpol (Patri), Jorge Everton, Lenir Rodrigues (Cidadania), Evangelista Siqueira (PT) e Renato Silva (Republicanos) por videoconferência. Mais duas testemunhas serão ouvidas pela CPI da Saúde nesta quarta-feira (12), com transmissão pela TV Assembleia (canal 57.3) e pelas redes sociais (@assembleiarr).
Texto: Yasmin Guedes
Foto: Jader Souza
SupCom ALE-RR