A agenda do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), em Roraima, não incluiu a pauta da imigração venezuelana. O fato causou estranheza e foi motivo de protesto de Aurelina Medeiros (Pode), na manhã desta terça-feira (26). A situação crítica, especialmente no município de Pacaraima, foi discutida numa recente audiência pública da qual a deputada e presidente do Centro de Apoio aos Municípios (CAM) e a Casa tiveram participação ativa.
“Ontem [segunda-feira, 25], para a minha surpresa, vi a programação do presidente, e estou protestando quanto a não existir a preocupação de visitar o município de Pacaraima. Uma situação que eu chamo de atuação irresponsável dos órgãos que tomam conta da migração na fronteira”, desabafou.
De acordo com ela, dados do Exército revelam que o número médio diário de entrada de imigrantes, em torno de 600, não faz jus à interiorização, estimada em duas mil pessoas até o momento, e à capacidade dos abrigos da Operação Acolhida.
Em aparte, Yonny Pedroso (SD), que também participou da audiência pública, reforçou que, mesmo não sendo competência típica do Legislativo estadual, o Parlamento tem se colocado à disposição da população na busca de soluções, inclusive, comprometendo-se a ir a Brasília para tratar do assunto.
“Simplesmente, o presidente vem ao nosso Estado e não olha para o problema que, com certeza, só vai piorar. Nós, como Legislativo estadual, temos uma Constituição que precisa ser respeitada, mas fazemos reuniões, ouvimos o clamor do povo, nos comprometemos a buscar parcerias, conversar com os deputados federais e irmos a Brasília, mesmo com os gastos, a logística e o pessoal desse tipo de viagem. Então, me solidarizo com a sua nota de repúdio”, destacou a parlamentar em apoio à colega.
Traçando um paralelo entre as consequências das demarcações das terras indígenas e a imigração desenfreada, Aurelina Medeiros reafirmou a necessidade de o Parlamento estadual ser ouvido pelo presidente e ressalvou que a crítica era à gestão do Governo Federal, e não ao Exército.
“Nós só queremos dez minutos para apresentar o nosso lado da questão e evitar que aconteça o mesmo quando nós vimos a briga por moradia de índios e não índios. Eu assisti a isso no Mutum, no Surumu. E hoje, na maioria das comunidades indígenas, nós temos depósitos de pessoas, não foi dada a terra aos índios sem os direitos de produzir. Mas quero deixar claro que não estou criticando o Exército brasileiro, que é o que a gente tem de maior credibilidade no país”, concluiu.
Texto: Suellen Gurgel
Foto: Jader Souza
SupCom