O resultado da ampliação e modernização do complexo de comunicação da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) foi apresentado ao público nesta terça-feira (21). Batizados com os nomes dos jornalistas Márcia Melo Seixas e Enirley da Costa Pereira, o “Nei Costa”, que deixaram marca na comunicação roraimense e na Casa, os dois estúdios da Rádio Assembleia (FM 98.3) contam com tecnologia de ponta e são responsáveis por transmitir com integração multiplataforma as sessões plenárias, audiências públicas e outras atividades do Parlamento.
A estrutura com espaço de edição, sala de gravação, redação para produção de conteúdo jornalístico, além de equipamentos de áudio e vídeo de última geração, possibilita a produção de conteúdo mais dinâmico e interativo. O presidente do Poder Legislativo, Soldado Sampaio (Republicanos), explicou que a inovação busca melhorar a comunicação com a população e garantir mais transparência nas ações do poder público.
“Nós temos uma parceria com o Senado Federal, que limita o tempo dos nossos programas, mas logo teremos uma com a Rádio Câmara, e serão 24 horas de programação, o que dará mais acesso às pessoas, que poderão acompanhar o dia a dia da Assembleia. Por isso, ficamos muito felizes, pois, principalmente no interior do Estado, o rádio está ligado o tempo todo”, disse Soldado Sampaio.
A apresentação contou com a presença de autoridades, incluindo o secretário-chefe da Casa Civil do governo do Estado, Flamarion Portela, parlamentares, jornalistas e radialistas. Para o presidente do Sindicato dos Radialistas, Eduardo Figueiredo, entidade que congrega quase mil profissionais, o momento é de celebração, especialmente pela homenagem póstuma a Márcia Seixas e Nei Costa.
“Hoje, saímos daqui confiantes por termos um espaço destinado a levar informação e música. Agradecemos a ideia da Assembleia Legislativa de homenagear essas duas pessoas tão importantes na comunicação”, comemorou.
Sonia Lucia Nunes, superintendente de Comunicação da ALE-RR, destacou que a escolha dos nomes coroa a trajetória de profissionais que ajudaram a escrever a história do Parlamento e da comunicação em Roraima.
“Márcia Seixas foi servidora concursada desta Casa, do primeiro concurso de 1996. Ela deixou um legado muito grande no rádio roraimense, no Sindicato dos Jornalistas, fez parte da Comissão de Defesa da Criança e do Adolescente. Nei Costa também fez parte do Parlamento, foi assessor parlamentar, editor-chefe de dois grandes jornais, professor universitário. Essa é uma justa homenagem. Agradecemos também os familiares que nos permitiram homenageá-los”, afirmou.
Emoção, legado e reconhecimento
A radialista e jornalista Márcia Seixas morreu em 2020, aos 58 anos, após complicações causadas por um câncer. A partida precoce ainda causa dor nos familiares, amigos e colegas de profissão. Mas esta terça-feira, para eles, foi um dia de celebrar a vida de quem se dedicava à comunicação e ao próximo.
“Esse reconhecimento da Assembleia Legislativa é uma forma de comprovar que tudo que ela fez, foi de uma maneira correta. Tanto eu como a família ficamos emocionados, pois é algo que vai levar o nome dela para toda a vida”, destacou o jornalista Waldir Freitas, amigo de Márcia por mais de duas décadas.
Freitas não segurou a emoção ao falar sobre uma das características mais marcantes da amiga: o altruísmo. “Além de excelente profissional, ela sempre foi uma pessoa ímpar. Apoiava todos os amigos, quem precisava. Deixava até a si própria para estar sempre à disposição dos outros”, recordou.
Uma das principais radialistas de Roraima, Seixas alegrou a vida de muitos ouvintes com palavras inspiradoras numa rádio comercial de Boa Vista. “Durante muitos anos, ela levou mensagens positivas no ‘Mensagens do Dia’, do programa ‘Show da Manhã’. Muitas pessoas só começavam o dia depois de ouvi-la. Essa é outra lacuna deixada por ela”, lamentou Freitas.
Essa também é a visão do amigo e jornalista Damião Marques, que conheceu a radialista no fim da década de 1990. “A voz da Márcia ainda é muito forte na rádio. Não tinha como sair de casa sem escutá-la. Ela conseguiu transitar por todas as linhas de comunicação e deixar uma identidade. Passou pela TV, pelo impresso, mas o rádio trouxe esse vínculo forte com a sociedade”, disse.
Marques destacou que, como professora de telejornalismo numa faculdade privada da capital, a amiga também influenciou a formação de muitos jornalistas. “Ela revolucionou o curso trazendo uma visão mais pragmática do telejornalismo e isso contribuiu muito para os jornalistas que temos hoje no Estado. Graças a pessoas como ela, podemos ter bons profissionais e dar qualidade para os produtos que temos diariamente”, afirmou.
Além de uma vasta carreira na comunicação – como repórter, editor-chefe, professor universitário, entre outras funções – Nei Costa tem em comum com Márcia Seixas a generosidade.
“Perfeito ninguém é, mas eu posso dizer que ele era uma pessoa capaz de tirar a roupa do corpo para dar a quem mais precisava. Para o Nei, todo mundo era bom”, contou emocionada a viúva do jornalista, a paraibana Maria do Céu Pereira, enquanto aguardava a homenagem.
Em meados dos anos 2000, Costa já era um experiente repórter, quando foi em busca do diploma de jornalista na Universidade Federal de Roraima (UFRR) e passou a conviver com jovens de 20 e poucos anos.
A diferença na bagagem profissional, em vez de afastar, aproximou Nei do então aspirante à jornalista Alberto Rolla. “O que eu sei no jornalismo hoje, aprendi com o Nei. Quando fazia matérias, mandava para ele para saber se estavam legais, pois você sai da faculdade sem saber de nada na prática”, revelou Rolla, para quem Nei, mais do que um amigo, foi um mentor.
O legado de Nei Costa, que faleceu em outubro de 2020, aos 57 anos, está vivo no DNA e no nome de Érica Emir Pereira. “O Emir foi escolhido por ele por ser de origem indígena. Quando me chamam de Emir, fico feliz. Meu pai era de uma tranquilidade, achava que tudo iria se resolver. Com um coração muito grande, nunca o ouvi falar mal de ninguém”, disse orgulhosa.
Ela foi ao Parlamento não para prestar a derradeira reverência ao pai, mas para dividir com Roraima o que carrega no sangue.
“Quando entraram em contato comigo, nem esperava. Achava que estavam precisando de outra coisa, um documento, mas de forma nenhuma imaginava que era uma homenagem. Tudo isso foi uma surpresa muito agradável, pois nós somos o legado dele enquanto família, enquanto essa homenagem é um legado profissional, do ramo jornalístico. As próximas gerações vão ter conhecimento da existência dele”, concluiu.
Programação da Rádio Assembleia
Em parceria com a Rádio Senado, a Rádio Assembleia FM 98.3 possui quatro horas de programação todos os dias da semana. Veja abaixo a grade completa do veículo radiofônico legislativo.
Segunda a sexta-feira
8h às 9h – “A música que a Gente Gosta”
9h às 11h30 – “Assembleia de Ponta a Ponta”
11h30 às 12h – “Diário do Parlamento”
Aos sábados
8h às 9h – “Relembrando a Jovem Guarda”
“9h às 12h” – Revista Musical
Aos domingos
8h às 10h – “Viola Sertaneja”
10h às 12h – “Domingo Esportivo”
Texto: Suellen Gurgel
Fotos: Eduardo Andrade/ Márcio Magalhães/ Nonato Sousa
SupCom ALE-RR