Sorriso no rosto, medalha no peito e experiência na bagagem. A história de quatro atletas escolares de Roraima tem se entrelaçado com a raquete e a peteca do badminton, modalidade esportiva que exige habilidade e velocidade em quadra. Ana Paula Barros e Thifany Perez voltaram dos Jogos Escolares Brasileiros, onde estiveram entre 3 e 6 de novembro, com a medalha de bronze, enquanto a dupla Mitsurraro Silva Morikawa e Hendryl Gabriel Pereira da Silva enalteceu a experiência da competição.
Com exceção de Mitsurraro, os outros três treinaram no polo de Caracaraí, do Centro de Convivência da Juventude (CCJuv), onde 61 alunos praticam a modalidade. O badminton é jogado em uma área dividida por uma rede e os atletas utilizam uma raquete para rebater a peteca e atingir a área do adversário. É semelhante ao tênis, contudo, em uma velocidade bem superior. A peteca pode chegar a mais de 400km/h devido à sua leveza.
Pela primeira vez fora do Estado, Ana Paula gostou da experiência e lembra que entrou no universo do badminton por acaso, depois de perder disputas no vôlei. A adolescente destacou que o esforço contínuo ajudou a vencer na competição e garantir um lugar no pódio.
“Eu tinha perdido dois jogos e estava numa quadra assistindo a uma partida, quando chegaram e perguntaram se eu queria praticar badminton. Eu comecei a treinar bastante e fomos chamadas para treinar no CCJuv. Passei na seletiva de Caracaraí, viajei para Boa Vista e terminei em Brasília. Foi muito boa a competição, espero que consiga ir ano que vem novamente e conquistar o ouro”, diz entusiasmada.
Dupla de Ana Paula, a estudante Thifany Perez enfatizou que o treinamento no polo do CCJuv é “legal, porque os monitores são incríveis e nos ajudam a avançar”. A medalha de prata será guardada com muito carinho pela adolescente. “Não esperava vencer. Tinha entrado para jogar e deu certo”, finalizou, ao acrescentar que foram seis meses de preparação, mas ela já treina há um ano no centro de convivência.
Medalhas na modalidade
A monitora Leyde Santana fala que todos no polo estão ansiosos pelo retorno dos atletas, para que eles compartilhem a experiência de deslocamento para outro estado e a conquista da medalha. Ela diz ainda que as meninas são tranquilas e dedicadas aos treinos do badminton, considerada uma modalidade esportiva nova em Roraima.
“Todos querem abraçar, tirar fotos e matar a saudade, porque são unidos. Os meus alunos são maravilhosos, obedientes, ótimos para se trabalhar. Muitos alunos nunca saíram do Estado e têm a curiosidade de saber como é uma competição lá fora. Quando surgiram os jogos escolares, eu disse que eles estavam preparados e podiam representar Roraima, porque conhecemos o potencial deles”, afirmou.
Coordenador do CCJuv em Caracaraí, o professor Raimundo Moraes tem uma vasta experiência com jogos escolares, onde atua desde 2005. Foi em uma competição de futsal, no Rio de Janeiro, que ele se deparou com a modalidade de badminton e ficou sabendo que apenas Roraima não estava disputando medalhas por não ter representantes na categoria. Dessa forma, surgiu, há dois anos, a Federação Roraimense de Badminton.
“Resolvemos criar a federação e levamos um grupo para competir nos jogos escolares. Em 2022, levamos os alunos e conquistamos duas medalhas: no feminino individual e no feminino dupla, bronze. Neste ano, a conquista nos alegrou ainda mais, porque o feminino trouxe o bronze, mas na série prata”, explicou Moraes.
De acordo com ele, as aulas de badminton oferecidas pelo CCJuv de Caracaraí ocorrem pela manhã e à tarde, duas vezes na semana, durante três horas (8h às 11h e das 15h às 18h), no Ginásio Poliesportivo Orlando Baranda, conhecido popularmente na cidade como Ginásio Barandinha.
Experiência também conta
A dupla masculina Mitsurraro, de Entre Rios, Caroebe, e Hendryl, de Caracaraí, não trouxe medalha, mas disse que a experiência da competição nacional é válida, pois incentiva a buscar o aperfeiçoamento das técnicas e a intensificação dos treinos para competir de igual para igual com os estudantes de outras regiões brasileiras. Ambos os atletas têm 13 anos de idade e estudam o 7º ano.
“Foi muito boa a experiência. Quero agradecer aos meus professores que me ajudaram e à minha família pelo apoio. Vou treinar mais, porque vim sem saber bem as regras. Mas vou me esforçar para no próximo ano disputar de novo. Se Deus quiser, vamos passar”, comentou Mitsurraro.
Hendryl recorda que algumas duplas já jogam a modalidade há mais de quatro anos. Mesmo assim, eles não se intimidaram, entraram em quadra e trouxeram a experiência de uma competição nacional. “Foi bom, pela dupla não sou experiente, mas fomos bem. Agora é continuar treinando para conseguir uma medalha”.
Texto: Josué Ferreira
Foto: Eduardo Andrade
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